NUCLEP QUER AMPLIAR ATUAÇÃO NA MONTAGEM DE MÓDULOS PARA PLATAFORMAS | Petronotícias




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NUCLEP QUER AMPLIAR ATUAÇÃO NA MONTAGEM DE MÓDULOS PARA PLATAFORMAS

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) – 

nUCLEPCom atuação no setor de Defesa, Energia Nuclear e Petróleo e Gás, a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) vêm buscando se especializar no topside de módulos de FPSOs, após participar de projetos como a P-51 e P-56. A expectativa da empresa é de crescimento do setor nos próximos anos, mesmo com a atual crise. A confiança vem da visão declarada da Petrobrás de que a Nuclep é uma parceira estratégica em seus negócios. Os projetos em que a Nuclep está envolvida serão entregues até o meio de 2015, mas o Diretor Industrial da Nuclep, Liberal Enio Zanelatto, acredita que novas oportunidades surgirão, e citou que algumas empresas já demonstraram interesse em fazer negócios com a estatal, como Modec e Promon.

A Nuclep está buscando se especializar em montagem de módulos para plataformas offshore?

Depois da P-51 e da P-56, que estivemos envolvidos com os módulos da parte de baixo, agora nós estamos mirando nos especializar na parte de cima, que é onde ficam os grandes equipamentos, os grandes vasos, a tubulação e etc. Então nós temos aproveitado as parcerias que temos com algumas empresas para entrarmos cada vez mais nessa parte. Criação de pipe shop, que acaba sendo uma expertise nova para a Nuclep. Temos condição de fazer a ocupação mais racional da nossa mão de obra.

Quais os projetos estão em execução nesse momento e qual o cronograma de entrega deles?

Cidade de Itaguaí, Cidade de Ilhabela e Boca de Sino para P-76 e P-77. Alguns serão entregues em fevereiro e outros em maio do ano que vem. Temos agora nesse tempo que procurar novos negócios. A Modec tem nos procurado, a Promon também está interessada em fazer algumas parcerias com a Nuclep.

Dentro dos segmentos da empresa – Nuclear, Defesa e Petróleo e Gás –, qual é o maior?

Hoje podemos dizer que a área nuclear está consumindo de 30% a 40% da mão de obra da Nuclep, a área de defesa, a mesma coisa, e o restante está no petróleo e gás. Só que como Petróleo e Gás é uma área que demanda muita mão de obra, nós acabamos usando do artifício de fazer contratos por meio de terceirizações.

A intenção é que a participação de óleo e gás aumente?

A Nuclep tem uma parte de área fabril que são os galpões principais onde você obrigatoriamente só pode fazer algumas obras ali dentro, enquanto no setor de óleo e gás muita coisa fica do lado de fora. Temos a vantagem de ter uma área externa muito grande. Eu diria que temos condição de ocupar o dobro do espaço que temos hoje. Temos energia elétrica disponível, fora o acesso que é muito bom para grandes centros.

Quanto representa o setor de petróleo e gás no faturamento da Nuclep? E qual é esse valor?

Cerca de 20%. Com os contratos que temos, algo em torno de R$ 25 milhões. As perspectivas são muito boas, já que a Nuclep tem alguns diferenciais que a tornam mais competitiva, como a localização privilegiada, em termos de logística, localizada na Rio-Santos, a apenas 80 quilômetros do Rio de Janeiro. Temos um terminal privativo para suas manobras de colocar módulo no mar a hora que quisermos. A distância entre o terminal marítimo e a fabrica é de apenas dois quilômetros e também deve ser destacada. Temos uma estrada interna nossa, onde podemos manobrar até 1.000 toneladas.

A Nuclep também está sendo atingida por esse momento de baixa do mercado de petróleo e gás?

Os contratos que nós temos nos deixam com perspectiva de algumas possibilidades. Área de defesa não sofre impacto algum, enquanto nuclear pelo contrário, porque o PAC inclui Angra 3. O que nós temos de demanda com petróleo e gás leva a empresa até meados do ano que vem, que é quando esperamos que surjam novas oportunidades, inclusive com a Petrobrás. Também estamos torcendo para que alguns parceiros conquistem novos contratos.

O setor de óleo e gás da Nuclep tem perspectiva de crescimento ainda esse ano?

Sim. Nós esperamos que sim. Tivemos reuniões com a diretoria da Petrobrás, o diretor de engenharia, José Figueiredo, já manifestou algumas vezes ter na Nuclep uma parceira estratégica da Petrobrás. Primeiro porque somos uma estatal, somos um parceiro com essa característica especial.

Qual é a estrutura da empresa hoje?

A Nuclep é sediada em Itaguaí e temos também nosso escritório na cidade do Rio de Janeiro, até mesmo por uma questão estatutária. Hoje nós temos cerca 1.000 empregados, dos quais 700 são da diretoria industrial. Desses 700, 500 são mão de obra direta. A Nuclep tem um corpo técnico bastante consolidado, somos uma empresa de caldeiraria pesada, trabalhando com soldas especiais, ligas especiais, uma empresa capaz de  desenvolver e assimilar novos processos tecnológicos. Submarino é um exemplo, enquanto a área nuclear sempre tem mudanças e nós temos um corpo técnico capaz de assimilar novas tecnologias.

Em quais projetos da área nuclear a Nuclep está envolvida?

Estamos trabalhando com componentes pesados para a usina de Angra 3. O pacote dos condensadores, dos acumuladores e dois outros contratos para suporte, que chamamos de embutidos, que são peças metálicas de diversos tamanhos e dimensões, que são colocadas junto com a edificação civil da usina e servem de suporte para os grandes equipamentos. Nossa expectativa é de conclusão até o final do ano que vem, fechando com o cronograma de montagem da usina.

Na área de Defesa, quais são os projetos em andamento?

A Nuclep tem contrato com a Itaguaí Construções Navais para a construção de quatro cascos resistentes e submarinos convencionais da classe Scorpène francesa. Esse é um projeto que tem um fundo de transferência de tecnologia e temos como parceira a DCNS francesa. Já estamos fabricando o primeiro e o segundo submarinos. Também estamos produzindo componentes da planta de propulsão do submarino nuclear. No caso do submarino convencional, a tecnologia é toda francesa e a DCNS é a master do contrato, mas no caso do submarino nuclear a planta de propulsão não é vendida pela França, já que, como somente os membros do Conselho de Segurança da ONU detém essa tecnologia, ela não é vendida. Nesse caso, o desenvolvimento é todo da marinha do Brasil, e a Nuclep está envolvida na produção do VPE (Vaso de Pressão do Reator) e dos dois geradores de vapor da planta de propulsão do submarino nuclear.

A Nuclep conta ainda com um Centro de Treinamento Técnico. Alguma ideia de quantos alunos já passaram por ele e qual a importância dele para a empresa?

O Centro começou como uma escola de fábrica durante o governo do presidente Lula, e se tornou o grande formador de mão de obra da Nuclep. Hoje, cerca de 50% dos funcionários da nossa fábrica vieram do Centro Técnico. Sejam engenheiros ou técnicos. A escola técnica também tem a função de capacitar nosso pessoal. Por exemplo, solda submarina: são soldas especiais, logo, um soldador tem que ser muito bem qualificado. O processo de qualificação de um soldador para um submarino demora de seis a nove meses, para a qualificação. Nós temos essa estrutura para dar para nossos funcionários.

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