COMPROMISSOS FINANCEIROS COM PROJETOS DE ÓLEO E GÁS DEVEM CAIR EM ATÉ 75% NESTE ANO

A pandemia do coronavírus trouxe um impacto sério para o desenvolvimento de novas áreas de exploração e produção (E&P) de óleo e gás no Brasil e no mundo. A Petrobrás, por exemplo, divulgará até setembro uma revisão de seus futuros empreendimentos. Enquanto a estatal brasileira e suas concorrentes internacionais decidem o destino de projetos, uma nova análise indica que os compromissos financeiros com E&P anunciados em 2020 devem recuar 75%. Nas contas da Rystad Energy, as sanções das petroleiras devem ficar em cerca de US$ 47 bilhões neste ano, uma quantia que seria ainda menor se não fosse por desenvolvimentos recentes na Noruega e na Rússia.

Do montante previsto pelos analistas, uma fatia de US$ 27 bilhões será em projetos offshore, enquanto que os US$ 20 bilhões restantes ficarão no onshore. A título de comparação, o valor total de compromissos financeiros anunciados no ano passado atingiu US$ 197 bilhões.

“No início deste ano, os compromissos de projetos previstos para 2020 eram comparáveis a 2019, mas a desaceleração do setor graças ao Covid-19 fez com que os compromissos caíssem drasticamente. No futuro, estimamos que as sanções não serão retomadas novamente e não se recuperarão para os níveis de 2019 em breve”, avaliou o analista de serviços de energia da Rystad Energy, Karan Satwani.

Aqui no Brasil, a expectativa agora é saber qual será o destino de projetos importantes do pré-sal que são explorados pela Petrobrás em parceria com petroleiras estrangeiras. No final do ano passado, já existia uma agenda bem definida de atividades exploratórias em blocos recentemente leiloados. O bloco de Dois Irmãos, por exemplo, foi arrematado na 4ª Rodada de Partilha de Produção em lance único pelo consórcio formado por Petrobras, Equinor e BP. Em dezembro do ano passado, foi definida a locação do poço exploratório, com início da perfuração previsto para o 1º trimestre de 2021.

Já no bloco de Três Marias, também arrematado na 4ª Rodada, a operadora Petrobrás já fez reuniões sobre a estratégia de procurement para a perfuração do poço exploratório, com início previsto para o 1º trimestre de 2021. Mas, diante do cenário atual da indústria e do preço do barril, estas datas podem ser afetadas.

Enquanto o Brasil ainda aguarda uma definição clara do destino de novos projetos, um pacote de isenção de impostos anunciado pelo governo norueguês no mês passado deu um alívio aos operadores de petróleo e gás do país. A Aker BP iniciou atividades de desenvolvimento em seu projeto de reconstrução da plataforma Hod, no Mar do Norte. A petroleira concedeu à Kvaerner um contrato de US $ 106 milhões para o topside e a subestrutura de aço da embarcação, além dos contratos de dutos e umbilicais submarinos para a Subsea 7, em um negócio avaliado entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões.

Junto com a Noruega, outro país que ajudou a amenizar a queda nos números de 2020 foi a Rússia. A Gazprom firmou contratos para a fase 1 de seu projeto Kamennomysskoye-More nos estaleiros Sevmash e Zvezdochka, ambos gerenciados pela United Shipbuilding Corporation. Além disso, a Gazprom e a RusGazDobycha tomaram uma decisão final de investimento no desenvolvimento do campo onshore de Semakovskoye. Os dois projetos juntos têm custos estimados de US$ 5,2 bilhões.