CONSÓRCIO PARALISA OBRAS DA UPGN DO COMPERJ E DEMITE MAIS 800 TRABALHADORES
O que já estava devagar quase parando, agora ficou mais complicado. Uma das últimas obras que ainda não tinha sido paralisada no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) seguiu esse caminho agora. O consórcio responsável pela obra, QGIT, formado por Tecna, Queiroz Galvão e Iesa, decidiu suspender as atividades, alegando não ter como arcar com os impactos gerados pelas decorrências da crise econômica e da desvalorização do real. O resultado dessa questão são mais 800 trabalhadores desempregados, depois de uma nova leva de demissões no complexo que prometia ser um grande motor econômico para a cidade de Itaboraí e seu entorno.
O contrato foi assinado em outubro de 2013, com o valor de R$ 1,808 bilhão, mas a alta do dólar nos últimos meses tem gerado uma forte pressão nos custos e agora o consórcio tenta negociar com a Petrobrás algum aditivo. A UPGN era a única de três obras que tinham sido mantidas no novo Plano de Negócios da estatal (2015-2019), sendo que as duas demais obras eram diretamente relacionadas à unidade de processamento de gás.
Para que a UPGN possa entrar em operação, é preciso concluir também mais duas outras unidades coligadas: a Unidade de Centrais de Utilidades (Energia, Vapor, Água, Ar Comprimido etc), sob a responsabilidade do Consórcio TUC – formado por Toyo, UTC e Odebrecht; e o Pipe Rack, que nada mais é do que a distribuição secundária dos produtos (via aérea), que é de responsabilidade do Consórcio CPPR – formado por Odebrecht, UTC e Mendes Junior. Este último, já vinha passando por readequações e chegou a demitir 250 funcionários em junho deste ano.
Em julho, o Petronotícias já havia alertado que apenas R$ 1,2 bilhão foram destinados pelo plano de negócios para a conclusão do Complexo. No entanto, o próprio diretor de engenharia da companhia, Roberto Moro, reconheceu no fim de agosto que seriam necessários US$ 4,3 bilhões para que a refinaria ficasse pronta. Com o dólar passando a barreira dos R$ 4, essa conta vai muito além do que a estatal pretende gastar na área de refino nos próximos anos.
O grande problema é que a falta de investimento no Comperj até 2021, como quer a Petrobrás, e a decisão tecnocrata de se operar apenas a UPGN, será praticamente o fim de todo esforço. O Parque de Tanques sem utilização e sem pintura será inteiramente deteriorado até lá. Bombas, fiações elétricas, equipamentos de medição, reatores, vasos etc, não resistirão. E agora, com as obras da UPGN paralisadas, a situação fica ainda mais complicada.
Desde o ano passado, têm sido frequentes as manifestações de trabalhadores e prefeitos da região para que a Petrobrás retome as operações, mas, até agora, tudo o que a empresa fez foi afirmar, em agosto, que estava estruturando um modelo de negócios, que incluiria parcerias, para a conclusão do projeto da Refinaria Trem 1. Na ocasião, a estatal afirmou ainda que 21 grandes contratos de construção e montagem estavam vigentes, com cerca de 11.500 trabalhadores em atividade e com 85% das obras concluídas. Mas não é essa a realidade que tem sido vista no Complexo.
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