DUTOS JAPONESES USADOS CONTRA TERREMOTOS GANHAM ESPAÇO NO SETOR DE ÓLEO E GÁS

Fundada em 1952 no Japão, a Kanaflex, fabricante de tubulações flexíveis, conquistou destaque mundial ao desenvolver dutos e tubos resistentes aos constantes tremores do solo japonês. O que era apenas uma solução para o Japão, logo se tornou uma opção mundial para diversas situações, inclusive para o setor de óleo e gás. Com sua primeira filial brasileira inaugurada em 1973, a companhia hoje tem cerca de 400 funcionários no Brasil, além de um escritório comercial no Rio de Janeiro e duas fábricas em São Paulo. O supervisor de vendas da Kanaflex, Paulo Lima, da divisão de infraestrutura, conversou com o repórter Rafael Godinho e falou sobre as perspectivas da empresa para o futuro do setor de óleo e gás.

A empresa atua em que segmento?

A Kanaflex é uma empresa de origem japonesa, fundada em 1952. O nome Kanaflex é uma junção do sobrenome da família que fundou a companhia – Kanao – e a visão empreendedora dos Kanao num país de constantes tremores. Para que o nome fosse melhor pronunciado, preferiu-se Kanaflex. A filial no Brasil foi fundada em 1973. Ou seja, ano que vem faremos 40 anos no país. Assim como no Japão, as operações aqui se iniciaram com a fabricação e a comercialização de mangueiras flexíveis em PVC para diversas aplicações.

Quando começou a produção de tubulações em polietileno?

Os tubos e dutos em polietileno só começaram a ser fabricados por volta dos anos 80, ou pouco antes, no Japão, e depois no Brasil. Até então, a Kanaflex só trabalhava com mangueiras flexíveis em PVC. Posteriormente, passou a trabalhar com a resina de polietileno, fazendo dutos para a proteção de cabos subterrâneos, baseado num pedido do governo japonês. Naquele país, como em todo o mundo, os sistemas subterrâneos eram rígidos. Eram de PVC ou metal, envelopados em concreto. Como o Japão é um país de muitos abalos, era importante pensar na flexibilidade do sistema em prédios, casas, infraestruturas subterrâneas – e até em estruturas aéreas – que suportassem tremores até certo grau. Em vista disso, a Kanaflex desenvolveu o produto Kanalex, que é um duto corrugado em polietileno de alta densidade (PEAD). Com o Kanalex, o que era uma solução só para o Japão acabou se tornando a grande solução mundial para a proteção de cabos subterrâneos. Principalmente onde ocorrem terremotos, como a Costa Oeste dos Estados Unidos, e todo o caminho da Cordilheira dos Andes.

No Brasil não temos tantos tremores. Qual é a aplicação do produto no setor de óleo e gás?

Fornecemos para a Petrobrás, que é uma empresa muito grande, com suas diversas diretorias e desdobramentos, como a Transpetro e a Braspetro. Assim, o fornecimento se dá ou via empresas e consórcios contratados, ou via site da própria Petrobrás, o Petronect. O mais comum é fornecer produtos para a Petrobrás via consórcios contratados, que estão aí para as modernizações de refinarias, unidades de bombeio onshore, unidades de injeção de água etc. A alimentação energética para essa infraestrutura é feita de modo subterrâneo. Daí o nosso produto. Toda obra precisa de energia e o duto corrugado protege os cabos subterrâneos.

O serviço de pós-venda é muito procurado?

A Kanaflex é a única empresa de tubulação do Brasil que possui esse serviço de assistência, que é gratuito. A partir do momento que o cliente adquire um dos nossos produtos, havendo necessidade é só contatar a empresa antecipadamente – para que seja providenciado o deslocamento e a estada – e os nossos profissionais vão ao lugar e orientam a instalação do produto.

Quais os principais clientes da Kanaflex?

Todas as concessionárias de energia, como Light, Eletropaulo, CPFL, Coppel. Também as operadoras de telecomunicações, como a Oi, Vivo, Tim, Claro, tanto telefonia fixa quanto móvel. O Kanalex também é usado no setor de óleo e gás, como já falamos, onde a Petrobrás é a principal, como cliente final e com maior volume de obras. Na construção civil também temos vários clientes: Camargo Correia, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, UTC, Galvão Engenharia, entre outras.

Qual desses setores consome mais produtos de vocês?

Hoje está equilibrado. Houve uma época em que o segmento de telecomunicações deu uma parada nos investimentos, mas já estão retomando num nível muito alto. Podemos afirmar que o maior consumo hoje está na construção civil e nos investimentos em indústria, que passam por grandes ampliações. Em seguida, temos o segmento de energia, que também está crescendo bastante, com as concessionárias. Em terceiro, o segmento de óleo e gás. E, ainda em quarto, telecomunicações, mas num volume muito bom.

Qual é a expectativa da Kanaflex com o setor de óleo e gás?

A expectativa é muito positiva. Há cerca de dois meses ocorreu em São Paulo o 13º Encontro Internacional de Energia, e, no final desse encontro, tivemos o privilégio de receber a presidente da Petrobrás, Graça Foster, que nos passou muita confiança, por conta da sua seriedade. Ela quer conduzir a companhia e tornar a Petrobrás muito mais competitiva. Já fez algumas mudanças, a gente observa, em termos de diretorias. A perspectiva é muito boa porque, como costumo dizer, é um processo irreversível. O óleo do pré-sal não vai evaporar: ele está lá, esperando maior velocidade na produção de sondas, exploração e refino.

Como vê a situação atual do mercado de óleo e gás?

À medida que as pesquisas recebem mais motivação financeira, muito mais será descoberto. Mas vou usar as palavras da própria Petrobrás. A indústria nacional tem que apreender rapidamente essa realidade para caminhar no mesmo passo que ela. Quanto mais rápido o Brasil aumentar sua exploração, produção e autonomia, maior será o crescimento. Nas cidades em que a Petrobrás decide erguer um escritório, transforma totalmente o setor viário, a educação, a saúde, tudo se transforma. Por exemplo, o município de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, era praticamente uma vila de pescador, mas, por estar perto de um campo do pré-sal, o que era um vilarejo pouco explorado pode ser uma bela cidade. Para isso, é preciso que as empresas atendam às exigências da Petrobrás. A concorrência com outras empresas do mercado é apenas parte da motivação. Mas se poucas empresas caminharem, nem concorrência vai ter. Não poderemos reclamar quando entrarem empresas estrangeiras.

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