CUNHA CHAMA OPERAÇÃO DA PF DE “REVANCHISMO” E ELEVA ACUSAÇÕES CONTRA O GOVERNO

O cerco a parlamentares do PMDB vem se fechando e deve agravar a conturbação política que hoje domina Brasília. Alvo central da nova fase da Operação Lava-Jato deflagrada nesta terça-feira (15), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, reagiu chamando de “revanchismo” a movimentação da Polícia Federal (PF) e acusou o governo de conluio com a Procuradoria Geral da República. Investigado como beneficiário de esquemas de propina da Petrobrás e comprovadamente dono de contas na Suíça, o parlamentar questionou a legitimidade da operação e subiu o tom pelo rompimento da base aliada com o PT.

A PF realizou hoje buscas nas residências de Cunha em Brasília e no Rio de Janeiro. Outros mandados foram cumpridos na casa do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e dos peemedebistas Celso Pansera, Henrique Eduardo Alves, Edison Lobão e Aníbal Gomes. A sede do partido em Alagoas também foi alvo de um mandado.

A nova fase da investigação, denominada Operação Catilinárias, foi recebida como uma afronta por Cunha, que novamente lançou acusações contra o governo. O deputado chamou de “muito estranha” a operação, relacionando os mandados à realização da nova reunião do Conselho de Ética da Câmara, que aprovou hoje a continuidade do processo que pode levar à cassação de seu mandato. Foram 11 votos contra 9 na sessão do conselho, que vinha sendo adiado há semanas por meio de manobras de aliados do deputado.

“Sou um desafeto do governo, todos sabem disso. Me tornei mais desafeto ainda quando dei abertura ao processo de impeachment”, declarou o presidente da Casa. O deputado questionou também as viagens do ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, à Curitiba ao longo dos últimos dias. O ministro afirmou,  em resposta, se tratarem de reuniões que fazem parte de sua agenda oficial.

A expectativa é de que, com o estabelecimento de uma nova ofensiva contra o governo, Cunha se reúna com quadros do PMDB para articular a antecipação da convenção do partido, que está marcada para março. O objetivo seria realizar o encontro até o final do ano e aumentar a pressão pela quebra da aliança com o Palácio do Planalto, defendida por setores ligados ao deputado dentro do partido.

No total, foram expedidos 53 mandados de busca e apreensão envolvendo sete processos da Lava-Jato. A chefe do gabinete de Cunha, Denise Santos, também foi alvo da Polícia Federal.