DECISÃO DE LEVAR NAVIOS DA CESSÃO ONEROSA PARA CHINA AUMENTA INSATISFAÇÃO DE METALÚRGICOS DO RIO DE JANEIRO
A notícia não é nova, mas o aumento das reclamações, sim. Depois da decisão de se fazerem as conversões das plataformas P-75, P-76 e P-77 na China, as insatisfações dos trabalhadores ficaram mais latentes. A contratação foi feita em 2012, para ser realizada no Estaleiro Inhaúma, mas a Petrobrás recebeu um desconto oferecido pelo consórcio vencedor, formado por Odebrecht, UTC e OAS, e aceitou fazer lá três navios que seriam construídos no Brasil, para a alegria dos chineses da Cosco e dos seus milhares de funcionários que estão trabalhando na conclusão do processo de conversão das três unidades. A decisão da estatal primeiramente deixou os sindicatos dos trabalhadores apreensivos, mas agora as informações da construção do FPSO de Tartaruga Verde e o primeiro piloto do Campo de Libra jogaram gasolina na fogueira, com repercussões que prometem fazer mais barulho contra a Petrobrás. A insatisfação transbordou as fronteiras dos sindicatos dos trabalhadores metalúrgicos e contaminou também as centenas de empresas da cadeia de fornecedores que ficaram sem serviços, literalmente sem ver navios.
As plataformas enviadas para a China fazem parte de um pacote de US$ 1,7 bilhão para conversão de quatro embarcações. Com a decisão da Petrobrás de retirar as obras das três unidades do Brasil, apenas a P-74 continua no estaleiro Inhaúma. A transferência dos contratos de conversão, segundo a estatal, visa manter os prazos de produção do primeiro óleo previsto no cronograma do projeto da cessão onerosa, onde as plataformas serão utilizadas. Em março, a presidente da estatal, Graça Foster, já havia deixado claro: o objetivo da Petrobrás é aumentar sua produção, mesmo que para isso o conteúdo local não seja respeitado. Será um novo embate entre a estatal e a ANP. Em recente entrevista exclusiva ao Petronotícias, a Diretora Geral da agência reguladora, Magda Chambriard, foi bastante objetiva em seu pensamento, apesar da brandura de sua voz: “Não cumpriu, mandamos a conta. Simples assim.” Mas isso, ao que parece, não está assustando muito a Petrobrás. Esta conta não chegará logo. Pode ser que nem chegue a tempo da atual diretoria responder pelas multas.
O Presidente do Sindicato de Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Alex Santos, não contém a sua irritação e a decepção com a Petrobrás pela decisão de mandar os navios para serem construídos na China, agravada pelas informações que o FPSO de Tartaruga Verde seguirá o mesmo caminho.
– É uma decisão absurda. Vemos negativamente esta situação. Além da descontinuidade do trabalho, esta decisão impede o Rio de Janeiro de retomar a liderança da indústria naval, assumir seu papel. O fato de mandar os navios para o exterior simplesmente vai estancar a curva de aprendizado dos trabalhadores e da indústria. É um prejuízo sem parâmetros.
O Sindicato tentou algum diálogo para evitar que os navios fossem para China?
– Tentamos com o estaleiro e com o próprio consórcio de empresas responsável pelo contrato, mas ainda não conseguimos agendar. Não sei se querem nos receber. Sabemos que, neste caso, a maior responsabilidade é da Petrobrás. Então procuramos marcar uma conversa com o Diretor de Engenharia, José Figueiredo. Mas simplesmente não conseguimos. Não tem diálogo. Não tem explicação. Não há respeito.
Quantos empregos deixarão de ser gerados aqui no Brasil?
– Neste momento, nenhum, porque a P-74 está em andamento. Mas deixarão de ser gerados 5 mil postos de trabalho. Imagine, 5 mil empregos. O pior é que a P-75 será feita integralmente na China. A P-76 será feita 90% na China, e a P-77 será feita 50% lá. Isso significa descontinuidade de trabalho. Demissões em massa. Afastamento de trabalhadores treinados. Quando eles aprendem, são demitidos. Será que a Petrobrás não consegue ver o prejuízo que isso causa para o nosso país? É isso que os nossos trabalhadores precisam e merecem? Vemos alguns dirigentes da Petrobrás falando, mas não imaginamos o que eles realmente pensam.
Quais são as perspectivas?
– Essa pergunta deveria ser feita para a Petrobrás. Quais são as perspectivas? A nossa preocupação aumenta quando ficamos sabendo do pensamento que a empresa está tendo para Tartaruga Verde. Há milhares de trabalhadores fazendo os módulos lá na Nuclep e no estaleiro em Niterói. Sem o respeito ao conteúdo nacional, como ficamos sabendo, esse navio também será feito no exterior. Milhares de empregos serão criados sim, mas na China. De novo.
Realmente um desastre para os trabalhadores e a indústria nacional…enquanto os demais países protegem sua indústria e ainda subsidiam suas exportações aqui se faz o contrário…dão empregos aos demais países consequentemente diminuem nossos postos de trabalho e aumentam a concentração de renda..só nos resta lamentar..
Sinceramente – tudo nesse país é vergonhoso-
Acho que o governo brasileiro deveria entragar o Brasil para ser o Estado Chines na América Latina.