ABIQUIM COBRA SOLUÇÃO DA PETROBRÁS SOBRE NAFTA E PREVÊ ATRASO EM INVESTIMENTOS PETROQUÍMICOS | Petronotícias




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ABIQUIM COBRA SOLUÇÃO DA PETROBRÁS SOBRE NAFTA E PREVÊ ATRASO EM INVESTIMENTOS PETROQUÍMICOS

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

Fernando FigueiredoAs negociações entre a Petrobrás e a Braskem para renovação do contrato de fornecimento de nafta a longo prazo se arrastam há meses e a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) se posicionou cobrando uma solução rápida por parte da estatal. A entidade teme que os investimentos no setor petroquímico sejam interrompidos. O presidente da Abiquim, Fernando Figueiredo, afirmou que os problemas começaram com a decisão do governo federal de aumentar o etanol presente na gasolina, demandando mais nafta no processo de preparo da mistura. A Petrobrás passou então a importar mais nafta, buscando repassar os custos para a indústria petroquímica. A negociação ainda viveu outros momentos difíceis, como a utilização da banda ARA (Amsterdã-Roterdã-Antuerpia) para correção do valor da nafta, de acordo com o executivo, que agora sugere o repasse da diferença de valor para o setor de combustíveis. Na última sexta-feira (30), a estatal anunciou a extensão por mais 45 dias do contrato e a expectativa é que um acordo definitivo seja assinado até o final deste ano, mas a situação já gerou a suspensão de dois grandes investimentos que estavam previstos no setor petroquímico, segundo Figueiredo.

Qual a importância de serem firmados contratos de longo prazo para fornecimento de nafta na indústria química?

Sem um contrato de longo prazo assinado não há previsão para investimentos no setor petroquímico. Este é um segmento que demanda um investimento de capital muito alto e é preciso de garantias no fornecimento de matéria prima para que os investimentos voltem a ocorrer. Com contratos curtos como os que vêm sendo praticados, a Braskem sobrevive, mas a indústria perde muito.

Qual a duração ideal para o contrato?

O modelo que nós queremos assinar é algo entre 10 e 20 anos de contrato. Esse é o padrão seguido em quase todo o mundo, com alguns casos isolados de contratos de 25 anos. Mesmo sendo muito longos, esses acordos são pensados para serem justos com ambas as partes do negócio. A fórmula de cálculo do preço da nafta segue uma referência internacional, em que o petróleo e a nafta seguem uma ordem inversamente proporcional de valorização.

A Braskem vem tendo dificuldades para chegar a um acordo com a Petrobrás. Que outras empresas do setor passam por situação semelhante?

No Brasil, nós temos uma situação bastante específica. Apenas a Braskem compra nafta no país e somente a Petrobrás vende. A Braskem é proprietária de três centrais petroquímicas e todas as outras empresas da cadeia petroquímica são clientes dos produtos desenvolvidos pela empresa.

Quais pontos são conflitantes entre o pedido pela indústria química e o oferecido pela Petrobrás?

O que vem atrapalhando a renovação do fornecimento de nafta foi a decisão do governo de aumentar a quantidade de etanol na mistura que compõe a gasolina. Com isso, a Petrobrás passou a necessitar de mais nafta para a produção de gasolina e a solução encontrada foi importar mais nafta e repassar esse custo logístico para o setor petroquímico.

Qual a solução oferecida pela Abiquim?

Nós temos a visão de que se algum setor tem que pagar por esse aumento de custo é o setor de combustíveis. A importação de nafta teve de ser aumentada para suprir este mercado, então esse custo, de 5% a 7% maior, deve ser arcado por esse público.

Algum outro ponto conflitante na negociação?

A Petrobrás inicialmente não queria aceitar a necessidade de uma banda que regula o valor da nafta. Na realidade, a estatal queria estabelecer uma porcentagem acima da ARA (Amsterdã, Roterdã e Antuerpia). Os contratos de longo prazo de fornecimento de nafta seguem essa referência, uma espécie de critério mundial para regular o valor praticado pelo insumo de acordo com o custo do barril de petróleo. Quando o barril está abaixo do valor normal, a ARA sobe, e vice-versa. A Petrobrás queria estabelecer uma porcentagem superior ao ARA. Essa banda tem que ser variável, para acompanhar os movimentos do mercado.

O que o senhor achou da nota emitida pela Petrobrás?

Não posso dizer que a renovação de contrato por 45 dias é um alívio para o setor. Na realidade, essa extensão só prorroga a agonia que estamos vivendo dentro da indústria petroquímica. Tudo o que buscamos é um contrato de longo prazo, com uma fórmula justa para o cálculo do custo da nafta, para que voltem a ser realizados investimentos.

Que efeitos a demora para renovação de contrato tem causado?

Dois grandes investimentos que estavam anunciados entraram em all hold, termo utilizado para uma suspensão de quatro a cinco anos para reavaliar os projetos. Com isso, nós iremos ver uma perda de empregos altamente qualificados, principalmente no ABC paulista. A indústria petroquímica é muito importante na região, pagando salários em média 2,3 vezes maiores que a média. No bolso do consumidor final, a conta também poderá ser percebida, com maior invasão de produtos importados. Em uma situação extrema, poderíamos ver o fechamento de plantas.

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A Petrobrás continua sob ataque e o agressor é a Odebrecht Data: 03/11/2015 Arquivo: Petroquimica.pdf Enviar para um amigo Imprimir Diminuir Letra Aumentar Texto Voltar O presidente da AEPET, Felipe Coutinho, classificou de propaganda enganosa o “informe publicitário” que a Abiquim/Braskem publicaram na grande mídia, quinta-feira passada. Numa clara tentativa de manipular a opinião pública, confundindo o interesse privado da Odebrecht/Braskem com o interesse da maioria da população. Diante deste fato, a AEPET divulgou esclarecedora nota, revelando o que realmente se esconde por detrás do contrato de fornecimento de nafta pela Petrobrás às petroquímicas. Acordamos na quinta-feira (29) ouvindo uma… Read more »