DEPOIS DE PREJUDICAR A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO FALTA DE AÇO DAS SIDERÚRGICAS VAI PARALISAR PRODUÇÃO DE VEÍCULOS
Não foi por falta de aviso. Desde o mês de setembro o Petronotícias vem denunciando os aumentos desenfreados nos preços do aço plano e em chapas que estavam sendo cobrados pelas grandes siderúrgicas brasileiras. De abril deste ano, eles já haviam subido mais de 100 por cento. Nas distribuidoras esses preços eram ainda maiores. E o que é pior: não havia prazo para a entrega. Em setembro, a promessa é para entregar apenas em fevereiro de 2021. Agora, nem isso. Nem o Ministério da Economia se manifestou. As grandes federações das indústria do Rio, São Paulo e Minas, onde as siderúrgicas são afiliadas, não emitiram qualquer opinião, mesmo provocadas. Pronto. O resultado está aí: depois de prejudicar as obras do segmento de petróleo e gás, agora a indústria de automóveis não aguentou e anunciou que vai parar as fábricas por falta de aço.
Luiz Carlos Moraes (foto), presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) disse que “o risco de paralisação para dezembro é muito alto devido à falta de insumos, principalmente de aço. Paradas pontuais já têm ocorrido. Temos o mais baixo estoque desde 2004.” Atualmente não chega a 120 mil veículos nos pátios das montadoras e nas lojas de revenda. A espera por um automóvel zero quilômetro está em torno de 4 meses. Segundo o executivo, há possibilidade de falta de automóveis no mercado, o que deve interromper o crescimento de vendas de automóveis novos.
A falta de aço se deve principalmente ao problema da retomada da produção nas siderúrgicas em meio à pandemia. As empresas do setor afirmam que as exportações não estão prejudicando o abastecimento no país, mas há dificuldades em atender o mercado interno devido diferentes especificações do metal usado pelas montadoras no Brasil. As empresas de aluguel de carros esperam receber 40 mil unidades neste mês, mas necessitam de 80 mil para atender à demanda no fim do ano. Sem carros novos essas empresas deixam de abastecer o mercado de veículos usados. A parada iminente foi revelada após um mês de alta significativa na produção. O fim desse monopólio do setor de aço é o fim da política de Dumping que o governo ainda mantém para proteger a empresa brasileira, mas elas estão priorizando o mercado externo devido ao preço do dólar.
As montadoras estão com problemas de produção e demanda. As exportações surpreenderam, com alta de 26,2% em comparação a outubro. Segundo Luiz Carlos Moraes, houve a regularização nos envios a países que estavam com estoques em baixa. Em relação a outubro de 2019, foi registrado um crescimento de 38,6%. A Anfavea espera que 2021 seja um ano mais equilibrado em todos os setores da indústria automotiva, mas o presidente da entidade admite que está sendo difícil fazer projeções. Caso o fornecimento de insumos não seja regularizado logo, o primeiro trimestre do próximo ano pode ser prejudicado, com queda no PIB industrial. O comércio também será afetado pela escassez de produtos.
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