DEPOIS DE SUSPENDER NEGÓCIOS COM A INVASÃO DA UCRÂNIA, SHELL SE DISSE OBRIGADA A COMPRAR PETRÓLEO RUSSO PARA ABASTECER EUROPA

CEODesde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, os comerciantes lutam para descarregar o petróleo russo: os compradores ocidentais estão aderindo a um embargo voluntário em resposta à violência na Ucrânia. Na terça-feira passada (1º), a Shell foi elogiada por cortar os laços com as empresas russas Gazprom e Salym Petroleum e por encerrar seu envolvimento no gasoduto Nord Stream 2: “Estamos chocados com a perda de vidas na Ucrânia, que lamentamos, resultante de um ato de agressão militar sem sentido que ameaça a segurança europeia”, disse o CEO da Shell, Ben van Beurden, na época. “Nossa decisão de sair é uma que tomamos com convicção”, completou.

Mas, essa condenação durou menos de uma semana. Na sexta-feira (4), com o aumento do spread de preços entre o petróleo bruto dos Urais da Rússia e o petróleo Brent, a referência internacional para os preços do petróleo, a Shell comprou 100.000 toneladas com um desconto recorde de US$ 28,50 por barril, de acordo com um relatório. Em comunicado, a companhia afirmou que a decisão foi “difícil” — e que “não teve alternativa”. A Rússia é o segundo maior produtor mundial de petróleoPLATAFORMA bruto depois da Arábia Saudita, e fornece cerca de um terço da demanda da Europa. Ao comentar sua decisão, a Shell disse que foi forçada a comprar petróleo da Rússia para manter o fornecimento oportuno de combustível para a Europa. A empresa afirmou ainda que continua “horrorizada com a guerra na Ucrânia” e interrompeu a maioria das atividades envolvendo petróleo russo, mas acrescentou que a situação relativa ao abastecimento é “altamente complexa”.

O petróleo russo representa atualmente cerca de 8% dos suprimentos ativos da Shell. Uma das refinarias da empresa, que produz diesel, gasolina e outros produtos, também está entre as maiores da Europa. “Para ser claro, sem um fornecimento ininterrupto de petróleo bruto para as refinarias, o setor de energia não pode garantir o fornecimento contínuo de produtos essenciais para as pessoas em toda a Europa nas próximas semanas. As remessas de fontes alternativas não teriam chegado a tempo de evitar interrupções no abastecimento do mercado. Não tomamos essa decisão facilmente e entendemos o forte sentimento em torno dela”, disse o porta voz da empresa na Europa.

A Shell também disse que tentará escolher alternativas ao petróleo russo “sempre que possível”, e que os lucros do petróleo russo irão para um fundo dedicado destinado a ajudar as pessoas na Ucrânia. Isso aconteceu logo após a empresa anunciar que encerraria todas as suas parcerias comerciais com a companhia de energia russa Gazprom diante da invasão da Ucrânia. Isso envolverá a venda de sua participação de 27,5% em uma grande usina de gás natural liquefeito e uma participação de 50% em dois projetos de campos petrolíferos na Sibéria. A companhia também encerrará sua participação no oleoduto Nord Stream 2 entr a Rússia e a Alemanha.  O gasoduto de 1.200 km sob o Mar Báltico já havia sido suspenso pela Alemanha.

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Luciano Seixas Chagas
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Luciano Seixas Chagas

O lucro é sempre maior que a ética no mundo real calcado na geopolítica mui bem pensada. E as justificativas proliferam e a maioria embarca na maré. A propósito alguém me informa quem são os donos da Shell? Sou um curioso contumaz.