DEPOIS DO MENSALÃO E PETROLÃO, A VENDA AÇODADA DE UMA MINA NO CORAÇÃO DO AMAZONAS PARA A CHINA PODE INICIAR UMA NOVA ERA: O MINERÃO | Petronotícias




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DEPOIS DO MENSALÃO E PETROLÃO, A VENDA AÇODADA DE UMA MINA NO CORAÇÃO DO AMAZONAS PARA A CHINA PODE INICIAR UMA NOVA ERA: O MINERÃO

f23438a0-8b72-47ce-87de-bb6d0f99f9c8O Petronotícias inicia esta sexta-feira (29) abordando um assunto polêmico e preocupante, que envolve a soberania nacional e recursos estratégicos do nosso país que estão sendo entregues a outras nações. O tema é tão delicado que podemos estar assistindo ao nascimento de mais uma nova Era sombria no país. Depois do MENSALÃO e do PETROLÃO, o Brasil pode estar assistindo ao parto do MINERÃO. Nesta semana, a empresa Mineração Taboca, controlada pelo grupo peruano Minsur desde 2008, anunciou que vendeu a rica mina de Pitinga, localizada na Região Amazônica, a 300 km de Manaus. Os novos donos são os chineses da CNMC Trade Company Limited, que desembolsaram US$ 340 milhões (pouco mais de R$ 2 bilhões) na transação. A execução do acordo de venda ainda está sujeita a determinados requisitos e condições habituais neste tipo de negócio. Mas foi o bastante para acender um alerta vermelho em parlamentares de Brasília. Isso porque enquanto a China avança sobre os recursos minerais brasileiros, o Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva, tem travado projetos estratégicos, como a Margem Equatorial brasileira, onde as estimativas apontam para uma reserva recuperável superior a 10 bilhões de barris de óleo. Outros projetos de infraestrutura cruciais, como a pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e a exploração do potássio na foz do Rio Madeira também segue sem progredir. Curiosamente, o anúncio da venda da mina acontece poucos dias após os presidentes Lula e Xi Jinping terem assinado um memorando de entendimentos para cooperação em mineração.

José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da AMIG,

José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da AMIG,

Para lembrar, anteontem (27), o Petronotícias publicou uma importante denúncia sobre esse segmento: a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) manifestou grande preocupação com um desmonte operacional que ela diz estar sendo promovido pelo Poder Executivo, que inclui restrições orçamentárias e redução de pessoal, comprometendo a atuação da ANM (Agência Nacional de Mineração). Criada para modernizar e reforçar a fiscalização e a gestão do setor minerário, a agência enfrenta severos problemas estruturais, financeiros e operacionais que comprometem a exploração sustentável e segura dos recursos minerais brasileiros. O setor minerário representa cerca de 4% do PIB brasileiro e é um dos pilares da balança comercial do país. Contudo, a precariedade da gestão e fiscalização coloca em risco não apenas os cofres públicos, mas também a reputação do Brasil no cenário internacional. “A precariedade estrutural da ANM tem gerado prejuízos bilionários para o país. Um relatório de uma auditoria recém divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que, entre 2017 e 2022, 69,7% dos processos ativos nas fases de concessão de lavra e licenciamento não recolheram a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) de forma espontânea. Apenas nesse período, as perdas potenciais com sonegação e prescrição de créditos chegaram a até R$ 12,4 bilhões”, disse a AMIG. A incapacidade operacional da Agência Nacional de Mineração concorreu para a perda de cerca de R$ 4 bilhões referentes a créditos da CFEM e da Taxa Anual por Hectare decaídos e prescritos no período de 2017 a 2021.

imagem_materiaAo comentar sobre a venda da mina, o senador Plínio Valério (foto à esquerda), alertou em discurso no Plenário para o poder excessivo das ONGs no país, tumultuando e embarreirando projetos que ajudariam no desenvolvimento do país. “Orquestrado pelas ONGs multinacionais e vocalizado pela sua ventríloqua, Marina Silva, a palavra que mais se ouve no diálogo entre o atual Governo e a Amazônia é ‘não’”, afirmou. “Esses bens naturais são nossos, dados pelo poder divino. Mas a gente não pode, porque há esse conluio que nós mostramos na CPI das ONGs. Eles não nos deixam evoluir”, acrescentou o senador.

É importante explicar um pouco o tamanho da riqueza e do potencial mineral do qual estamos tratando aqui. Na Mina de Pitinga, cuja reserva tem estoque estimado para durar por 100 anos, é feita a lavra e o beneficiamento de dois minérios: a cassiterita, que é o principal portador de estanho na natureza; e a columbita, do qual são extraídos o nióbio e tântalo. Há também outros minerais associados na mina, incluindo o urânio. Como se sabe, são materiais cruciais para a indústria mundial e objetos de desejo de vários países.

A Mnistra Marina Silva não consegue imperdir as perdas com os incêndios e nem ver o que o Brasil vai ganhar com a Margem Equatorial

Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva, tem fechado os olhos e dado de ombros para projetos estratégicos, como a Margem Equatorial

Enquanto o estanho retirado da Mina de Pitinga pode ser usado na obtenção do bronze e também em refrigeradores, o nióbio pode ser empregado em automóveis; turbinas de avião; gasodutos; tomógrafos de ressonância magnética; nas indústrias aeroespacial, bélica e nuclear; além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade e bens eletrônicos. O metal existe em diversos países, mas 98% das reservas conhecidas no mundo estão no Brasil e nosso país é responsável atualmente por mais de 90% do volume comercializado no planeta, seguido por Canadá e Austrália.

COMO FICA O URÂNIO DA MINA PITINGA? 

Unidade de Pitinga, no Amazonas

Unidade de Pitinga, no Amazonas

O Petronotícias consultou agentes do setor nuclear para entender como ficaria a situação do urânio encontrado na Mina de Pitinga, que agora está nas mãos dos chineses da CNMC. Ao longo de toda a quinta-feira (28), houve forte repercussão na grande imprensa sobre o caso, com diversas notícias de que a área seria a “maior mina de urânio do país”.  Na verdade, a maior mina de urânio conhecida até aqui no Brasil é Santa Quitéria (CE). 

A INB enviou uma nota negando que Pitinga seja uma mina de urânio. A empresa explicou que a área é, na verdade, uma das maiores minas de estanho do mundo e que tem como subproduto ferroligas de nióbio e tântalo. Além disso, a área possui resíduo rico em urânio e tório. Ainda segundo a INB, o urânio que existe na jazida vai para o rejeito, que inclusive é monitorado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A INB informou ainda que qualquer urânio encontrado no país é monopólio da INB. No caso da Mina de Pitinga, o urânio é um subproduto sem tecnologia viável para separação. No futuro, caso a companhia chinesa encontre uma forma de separação do urânio, precisará entrar em acordo com a INB.

É importante esclarecer que a mina de estanho vendida no Amazonas não pode ser considerada uma jazida de urânio e nem ‘a maior reserva de urânio no Brasil’, como publicado em veículos de comunicação. Reserva é a parte economicamente lavrável de um recurso mineral medido e/ou indicado, cuja viabilidade técnico-econômica da lavra tenha sido demonstrada por meio de estudos técnicos adequados. No local há somente uma estimativa de potencial de recursos ainda não comprovada”, disse a INB em comunicado enviado ao Petronotícias.

INB detém monopólio do urânio

INB detém monopólio do urânio

CNEN DIZ QUE FAZ INSPEÇÕES REGULARES NA MINA DE PITINGA

O Petronotícias também ouviu a CNEN, que controla as instalações de mineração, beneficiamento e industrialização de minérios convencionais que contém urânio ou tório associados (ao produto principal), como é o caso da Mineração Taboca. O órgão disse que urânio contido no minério de Pitinga se concentra em resíduos e rejeitos, que são armazenados na própria instalação, em locais autorizados pela CNEN.

Adicionalmente, a entidade disse que o comércio de minérios e concentrados que possuem elementos nucleares associados ao produto principal dependem de anuência da CNEN e as exportações só podem ser realizadas após pagamento, pelo exportador, do valor correspondente ao urânio e/ou tório contido no material exportado.

No caso da mina de Pitinga, a maior parte do urânio fica nos resíduos e rejeitos da mina. Já o principal minério produzido no local, o estanho, pode ser exportando contendo uma pequena quantia de urânio associado, seguindo legislação específica. No entanto, a quantidade e o teor desses minerais nucleares é pequena e não pode ser separada para aproveitamento comercial.

“Operacionalmente, os registros de exportação desse tipo de minério no Portal Único Siscomex necessitam de anuência da CNEN, concedida apenas após amostragem e análise dos teores de urânio, tório e do bem mineral principal, e mediante comprovação de restituição dos valores de urânio e tório contidos, quando aplicável”, detalhou a autarquia em nota encaminhada ao Petronotícias. “Depois de a CNEN realizar a amostragem do material e análise e uma vez verificado o pagamento dos valores devidos, há o deferimento da solicitação de exportação no portal Siscomex. Após deferimento, a fiscalização da CNEN ocorre apenas em casos excepcionais ou de denúncias. Notamos, entretanto, que as instalações são inspecionadas regularmente no âmbito de seu processo de licenciamento”, finalizou o órgão.

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