DESISTÊNCIA DO GRUPO J&F EM COMPRAR A DELTA PODE PROVOCAR ENXURRADA DE PROTESTOS DE FORNECEDORES CONTRA A CONSTRUTORA
A desistência do grupo J&F para comprar a Delta Construções pode provocar nos próximos dias uma avalanche de protestos de fornecedores contra a construtora na justiça. A esperança de receber faturas devidas pela Delta estava calçada na venda da empresa. Com o anúncio feito pela J&F, os fornecedores que já estavam negociando os recebimentos atrasados receberam uma ducha de água fria, e não estão vendo outra alternativa para resolver o problema. A imagem é de um trem descarrilhado. A Delta não tem fluxo de caixa, deixa de pagar aos seus fornecedores, que deixam de pagar pela matéria prima e à sua mão de obra, causando graves problemas para toda cadeia. As empresas vão buscar seus recebimentos em protesto. O número de fornecedores é imenso em vários estados, já que a Delta possui muitos contratos com diferentes governos estaduais e municipais, além de contratos com o governo federal.
Especialistas neste mercado revelam dados curiosos sobre o nível de insegurança dos fornecedores da Delta Construções. De Janeiro até abril deste ano, o Serasa não recebeu nenhuma consulta sobre a empresa. Depois do aparecimento do escândalo do contraventor Carlinhos Cachoeira e o aparecimento do nome da Delta em negociações suspeitas, este panorama mudou consideravelmente. Somente no mês de maio, o Serasa recebeu 199 consultas. Em junho, apenas no primeiro dia, as consultas somaram 34. Atualmente a Delta Construções já tem pendências financeiras em 216 títulos, totalizando mais de R$ 550 mil reais, segundo o Serasa. São 42 protestos, totalizando pouco mais de R$ 150 mil e apenas três dívidas vencidas, num valor muito pequeno para o faturamento da Delta: R$ 13 mil. Mas a expectativa é que estes números aumentem consideravelmente até o final do mês.
Nos próximos dias, a Delta de Fernando Cavendish, afastado da direção da empresa por iniciativa própria, e Carlos Alberto Verdini, atual presidente da empresa, tomarão decisões importantes. O mercado aposta que eles deverão vender alguns contratos para honrar seus compromissos imediatos ou passarão o controle acionário da empresa para uma outra empreiteira que se arrisque a cumprir os contratos já assinados em nome da Delta e que estejam em andamento com resultados positivos. Um outro problema gravíssimo que a empresa está enfrentando neste momento é o nível de confiança interno. Ele é muito baixo. Ninguém sabe o que vai acontecer. Há muita tensão tanto na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro, como em todas as suas filiais. Uma boa parte de seus funcionários, o grande trunfo de uma empresa de engenharia, já busca emprego em outras empreiteiras, aproveitando a boa fase do segmento, principalmente o seu corpo técnico e sua equipe de engenheiros.
Deixe seu comentário