DILMA ADMITE QUE HOUVE CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS E DOLEIRO APONTA 28 CONGRESSISTAS ENVOLVIDOS

A presidente Dilma Rousseff admitiu pela primeira vez que houve, de fato, corrupção na Petrobrás, referindo-se às revelações feitas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Em entrevista coletiva, a presidente afirmou, assim como a própria Petrobrás havia feito na sexta-feira (17), que tomará todas as medidas para que todo o dinheiro desviado seja ressarcido.

“Se houve desvio de dinheiro publico, nós queremos ele de volta. Se houve [desvio], não. Houve, viu?”, afirmou Dilma, mudando o tom que vinha dando ao caso até o momento, que era o de criticar os “vazamentos seletivos”.

Além de reconhecer que houve desvio, a presidente também falou sobre a classe política e a corrupção ligada aos partidos, afirmando que ninguém tem a “primazia da bandeira da ética” no Brasil.

“Quem cometeu crime, delito ou malfeito deve pagar por isso. Ninguém está acima de suspeita no Brasil. Quem não cumprir princípios éticos com dinheiro publico, deve pagar por isso. É interessante notar que os vazamentos seletivos acontecem para todos os lados. Isso não é bom. Não vou comemorar nada. O pau que bate em Chico também bate em Francisco. Essa é uma lei”, disse, referindo-se às acusações que também passaram a incluir o PSDB, após o ex-presidente do partido Sergio Guerra, falecido em março, ter sido apontado por Costa como um dos que receberam propinas do esquema.

REVELAÇÕES DO DOLEIRO

A revista Veja desta semana também trouxe novas revelações sobre o caso, a partir de informações dadas pelo doleiro Alberto Youssef durante os depoimentos sob regime de delação premiada.

De acordo com a revista, ele listou o nome de 28 congressistas que receberam propinas pagas por empreiteiras com contratos com a Petrobrás, citando valores que variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil mensais, a depender da importância dos políticos. No entanto, a reportagem não revela os nomes dos políticos apontados.

Além disso, a revista revela ainda que o doleiro acusou o PT de utilizar recursos do esquema para financiar parte da campanha de Dilma.

HISTÓRICO

As investigações começaram após as revelações feitas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, em regime de delação premiada. Segundo o ex-diretor, o PT, o PMDB e o PP recebiam, de acordo com seus graus de influência nas diretorias da petroleira, até 3% de cada contrato assinado nas áreas de abastecimento, serviços, exploração e produção, internacional e gás e energia.

Além de Costa, que conta ter recebido, entre outros valores irregulares, US$ 23 milhões em contas na Suíça e US$ 2,8 milhões nas Ilhas Cayman, o doleiro Alberto Youssef recebia uma parcela dos contratos para ser o “operador” do esquema na área de abastecimento. Segundo Costa, nas outras diretorias havia outros operadores. Ele apontou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, como o operador das diretorias de serviços, gás e energia, e exploração e produção, e o lobista Fernando Soares como operador do PMDB, na área internacional. Os dois negam, assim como os partidos negam a participação no esquema irregular.