ELETRONUCLEAR REBATE EQUÍVOCOS E IMPRECISÕES DE ESTUDO QUE CRITICA A CONCLUSÃO DE ANGRA 3
Na mesma semana em que a Eletronuclear trouxe boas notícias ao mercado, com um anúncio de um plano para acelerar a linha crítica das obras de Angra 3, o Instituto Escolhas lançou um estudo repleto de equívocos conceituais sobre o empreendimento, os mesmos de um trabalho similar apresentado pela entidade em 2018. No documento, o instituto critica a intenção do Brasil em concluir a construção da usina e construir novas unidades nucleares. Das duas, uma: ou estão alheios ao que está acontecendo no cenário energético do mundo ou estão movidos por um preconceito em relação à fonte nuclear que não se sustenta frente aos números e fatos.
Para contestar o “novo” estudo, a Eletronuclear produziu uma resposta em que rebate os pontos levantados pelo Instituto Escolhas. A empresa afirma que o documento apenas “requenta os mesmos desacertos conceituais” de estudo anterior e diz que o trabalho coloca custos adicionais à energia nuclear sem qualquer demonstração de como os valores foram determinados. Por fim, a Eletronuclear ainda lembra o caso da Alemanha, que optou por menosprezar suas usinas nucleares e hoje paga pela energia mais cara e poluente da Europa Ocidental. “Opção diametralmente oposta à da China que tem no céu azul a sua maior inspiração para investir na geração nuclear”, destacou.
Veja abaixo a resposta completa da Eletronuclear:
1. O presente estudo nada traz de novo, apenas “requenta” os mesmos desacertos conceituais de um trabalho similar apresentado em 2018, feito pelo mesmo grupo. Esse primeiro estudo, intitulado “CUSTOS E BENEFÍCIOS DA TERMELÉTRICA ANGRA 3” é subproduto de um trabalho maior intitulado: “CUSTOS E BENEFÍCIOS DAS FONTES DE GERAÇÃO ELÉTRICA” que não contemplava a geração nuclear. A adição de Angra 3 só aconteceu no estudo de 2018 que abordava uma única usina individual dentro de uma metodologia concebida para cotejar fontes de forma genérica.
2. No trabalho original, os próprios autores fazem uma importante ressalva sobre a limitação da metodologia adotada nos estudos e dos objetivos do mesmo. Trata-se apenas de um estudo sem maiores pretensões além de meramente fomentar a discussão.
“Ressalta-se que o objetivo não é a criação de uma nova metodologia de precificação das fontes nos leilões de energia elétrica ou nos leilões de contratação de lastro para o sistema; e nem uma proposta para o aperfeiçoamento do planejamento da expansão do parque gerador. No entanto, as metodologias propostas neste projeto, bem como os seus resultados, são o ponto de partida para as discussões sobre estes temas”.
3. Na ocasião da publicação do primeiro trabalho que aborda Angra 3, estudo, em 2018, a Eletronuclear rebateu diversos pontos do trabalho, porém os erros conceituais permanecem sem maiores justificativas. Nos dois trabalhos são imputados custos adicionais à energia nuclear sem qualquer demonstração de como os valores foram determinados. Assim por exemplo, são acrescidos R$64 por MWh à tarifa teto de Angra 3, estabelecida pela ANEEL, a título de “subsídios e isenções”. O estudo reconhece que “não existem isenções de encargos ou incentivos tributários ou isenções fiscais específicas” para Angra 3, porém em um malabarismo conceitual considera como “subsídios” empréstimos contraídos a taxas de mercado pelo BNDES e CEF.
4. Por outro lado, o estudo proporciona, também sem embasamento técnico, um generoso “desconto” à fonte flexível por gás natural no montante de R$ 517/MWh por conta de confiabilidade e robustez, ao passo que o mesmo benefício dado à fonte nuclear na mesma rubrica foi de apenas R$ 7,00. Por tratar as fontes de forma individualizada, sem considerar a operação conjunta no sistema elétrico, o trabalho do Instituto Escolhas simplesmente “ignora” a operação com alta disponibilidade da fonte nuclear, o que permite a economia de água nos reservatórios das hidrelétricas. Esse fator é fundamental para a formação de reservas hídricas capazes de modular a instabilidade de fontes como a solar e a eólica. Desconsiderar essa realidade, permitiu aos autores do estudo, “no papel”, agregar valores sem qualquer demonstração ao custo das diversas fontes, e sem levar em conta os requisitos de operação integrada do sistema.
5. Outro ponto, no mínimo questionável, do estudo afirma que “existem importantes distorções no sinal locacional da transmissão, mas que não alteraram a competitividade relativa das fontes analisadas”. Ora, a localização de um empreendimento é um fator impactante no custo da sua energia, reduzindo gastos com construção e manutenção de sistemas de transmissão, além dos benefícios à estabilidade do sistema interligado. A central nuclear de Angra dos Reis, incluindo Angra 3, é um exemplo claro disso. Localizada próximo aos maiores centros de consumo do Brasil (Rio, São Paulo e Minas Gerais) e na ponta de um longo eixo de transmissão que se inicia em Itaipu, a energia nuclear tem sua importância para o país reconhecida pelo ONS , mas ignorada nas “importantes distorções” da metodologia arbitrária do estudo.
6. Além disso, o trabalho compara valores de construção das 3 usinas nucleares sem levar em consideração o fator histórico e as devidas correções monetárias que deveriam ter sido aplicadas. Contrapõe assim, sem maiores cuidados, os 8,4 bilhões de dólares de Angra 1 nos anos 70-80 com os 17,2 de Angra 2 no final da década de 90 e 25 bilhões de Angra 3, 30 anos depois.
Por fim, a Eletronuclear ressalta que o debate sobre o papel da energia nuclear é importante para o desenvolvimento do país, mas precisa ser feito no foro adequado e baseado em informações corretas. Decisões baseadas em “dogmas” que o coordenador editorial do presente estudo, advogado Sérgio Leitão, conhece bem dos seus tempos como diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil, tendem a levar a sérios erros tanto do ponto de vista ambiental quanto do econômico.
A Alemanha optou, há alguns anos, por desligar suas usinas nucleares e, hoje, tem a energia mais cara e poluente da Europa Ocidental. Opção diametralmente oposta à da China que tem no céu azul a sua maior inspiração para investir na geração nuclear.
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