EM MEIO À PANDEMIA, ÍNDIOS IMPEDEM FUNAI DE ENTRAR EM ALDEIA PARA LIBERAR LINHÃO MANAUS-BOA VISTA
Os índios Waimiri Atroari, de Roraima, negaram a entrada de funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) para avançar com o licenciamento da linha de transmissão que vai ligar Manaus (AM) a Boa Vista (RR). Os indígenas alegam preocupação com o alto risco de contágio pelo coronavírus e dizem que estão adotando um rígido isolamento social para evitar a disseminação da Covid-19.
Os Waimiri Atroari reúnem cerca de 2,1 mil indivíduos. Na resposta enviada à Funai, a tribo alega que que as cidades que fazem limite com a terra indígena somavam mais de mil contaminações no final de julho. Até aquela altura, os índios afirmavam que o vírus ainda não tinham sido confirmado em nenhum indígena de suas aldeias. As informações foram reveladas hoje (5) pelo jornal O Estado de São Paulo.
A meta da Funai era enviar tradutores do estudo de impacto ambiental para dentro do território indígena. O documento seria traduzido para a linguagem dos Waimiri Atroari. A fundação alegou à tribo que a intenção inicial era aguardar o fim da pandemia para continuar com a tradução do estudo. No entanto, a Funai entendia que diante da incerteza do prazo para o fim da crise da Covid-19, não poderia esperar mais. E explicaram a importância da construção da linha, que poderia reduzir a conta de energia no Brasil – já que Roraima hoje é abastecida por térmicas de óleo, que são mais caras.
A linha de transmissão Manaus – Boa Vista foi leiloada em 2011 e deveria ficar pronta em 2014, com entrada em operação prevista para janeiro de 2015. No entanto, os impasses com os indígenas atrasaram o empreendimento. Do total de 721 km do projeto, 125 km passam dentro da terra dos Waimiri. A decisão de impedir a entrada de pessoas de fora das aldeias deve durar por mais 60 dias.
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