ESTADOS UNIDOS BUSCAM REDUZIR RISCOS DE VAZAMENTOS DE GÁS APÓS AUMENTO DA PRODUÇÃO
O boom do gás de xisto nos Estados Unidos, apontado como uma oportunidade para reduzir a dependência do carvão na matriz do país, começou a ser olhado também sob outro viés, a partir da avaliação de ambientalistas de que houve um aumento nos vazamentos de gás, o que poderia comprometer os ganhos gerados com a troca do carvão pelo insumo em termos de emissões poluentes na atmosfera.
O pesquisador David Allen, da Universidade do Texas, em Austin (EUA), deu uma palestra na Sustainable Gas Research & Innovation Conference, que aconteceu em São Paulo nesta semana, e ressaltou que as estimativas médias dos vazamentos atuais giram em torno de 2% da produção total do gás, sendo que muito desse escape envolve metano, que representa o maior índice de poluição atmosférica.
“Se 1% a 3% do gás que retiramos do chão vazar, antes de usarmos, então perdemos toda essa vantagem que ele tem como um combustível de baixo carbono. Ou seja, já perdemos boa parte dessa vantagem. O que mais sabemos? Bem, sabemos que a média não diz a história toda. O que temos é uma situação em que uma pequena parte das instalações é responsável por grande parte das emissões”, afirmou Allen.
O cientista destacou que um dos focos da indústria no momento é a busca por novas tecnologias que possam ser melhor disseminadas no mercado de exploração de gás americano, para reduzir em maior escala os vazamentos e garantir os benefícios esperados pelo advento do gás natural na matriz energética do país.
“Se quisermos reduzir paulatinamente nosso uso intensivo de fósseis até eventualmente chegarmos aos renováveis, o gás natural nos traz uma oportunidade de, talvez, ser um combustível de transição, pois não há dúvida de que, quando o queimamos, liberamos menos dióxido de carbono para a atmosfera. O desafio é que o metano, principal componente do gás natural, é um poderoso gerador de efeito estufa. E a ciência e as políticas públicas e regulamentações necessárias para seu uso são bastante complexas”, concluiu Allen.
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