ESTALEIRO JURONG ARACRUZ PODE CONSTRUIR SONDAS PARA SETE BRASIL

A Jurong está prestes a lançar a pedra fundamental de seu estaleiro em Aracruz, no Espírito Santo, em evento marcado para o dia 19 deste mês, e já tem grandes planos para o empreendimento. A diretora institucional do Estaleiro Jurong Aracruz, Luciana Sandri, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou que fizeram uma proposta à Sete Brasil para a construção de sondas de perfuração em águas profundas e estão à espera da resposta.

Como foi a decisão de montar um estaleiro no Brasil?

A Jurong está no Brasil há 14 anos, mas este será o nosso primeiro estaleiro no país. As discussões começaram a partir do pré-sal, que fez a indústria naval brasileira entrar em franca expansão. Os estaleiros estão operando em capacidade máxima para atender a demanda do óleo e gás do pré-sal atualmente. Então a partir de 2008 começamos a procurar o local para a instalação do projeto e em 2009 já estava escolhido o Espírito Santo.

Por que o Espírito Santo?

Escolhemos o o bairro de Barra do Sahy, no município de Aracruz, a 84 km de Vitória (ES), por que é uma área estratégica do ponto de vista logístico, já que conta com a integração da malha ferroviária, de portos, rodovias e aeroporto. Além disso, o local tem uma geografia privilegiada para o estaleiro por estar em águas abrigadas. Outro ponto positivo é que a lâmina d’água é ideal, então vamos precisar dragar pouca coisa. A região já tem uma vocação para área portuária naval por estar perto do terminal portuário de Barra do Riacho, da BR, e também do Portocel, da Fibria.

Qual o cronograma de instalação do estaleiro?

Já começamos a supressão de vegetação, em outubro deste ano, e dia 19 deste mês faremos o lançamento da pedra fundamental, com os diretores da Jurong de Cingapura e autoridades brasileiras presentes. A previsão de início da terraplanagem é para janeiro, o que deve durar uns 90 dias, e o início da implantação está previsto para abril/maio de 2012. As obras todas terão duração de 24 meses, porém o início da operação será um ano após a implantação começar. Então devemos começar a produção de embarcações e demais operações em meados de 2013, com previsão de término da construção do estaleiro para meados de 2014.

Quais serão os tipos de embarcação construídos pelo estaleiro?

Todos. Nossa intenção é atender à demanda da indústria do petróleo, e somos conhecidos por fazer tudo. Os estaleiros da Jurong são conhecidos mundialmente por serem completos, em construção e reparo, seja de navios-sonda, plataformas, embarcações de apoio ou reparo de embarcações em geral. A idéia é montar um pólo naval em Aracruz.

Vocês fizeram alguma proposta à Sete Brasil para construir sondas de perfuração em grandes profundidades?

Fizemos uma proposta e estamos aguardando a resposta. A Petrobrás é quem vai decidir a divisão dos navios, mas a nossa expectativa seria pegar sete sondas, que é o que todos os estaleiros querem, porque os pacotes foram divididos assim. Já houve a escolha do estaleiro para o primeiro pacote, mas depois reformularam a licitação, em que os afretadores também participariam, então a Jurong fez a proposta para a Sete Brasil e está à espera do resultado.

Quanto há de investimentos em todo o projeto?

São 500 milhões reais, que vão gerar 2,5 mil empregos na fase de instalação, e cerca de 6 mil empregos diretos na fase de operação. O compromisso da empresa é capacitar e priorizar a contratação de trabalhadores locais, que residem na área de influência direta do empreendimento. No início do ano vamos colocar o plano de capacitação profissional em ação para a fase de instalação. Fizemos parcerias com escolas e entidades da região para o programa, que envolve a formação dos moradores, que escolheram os cursos que queriam fazer através das associações. Então teremos cursos de computação, de línguas, entre outros, que nem sempre serão voltados para a atuação direta no estaleiro, mas que têm o objetivo de ampliar as chances das pessoas de atuar também em toda a cadeia de óleo e gás. Para a fase de operação teremos um plano de capacitação profissional específico, este sim voltado para as funções exercidas no estaleiro, como soldador, mecânico e etc.

A capacitação também envolverá níveis de conhecimento mais altos?

Sim. Vamos ter transferência de tecnologia direta. A idéia é trazer a tecnologia de Cingapura, firmando um convênio entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) e o Instituto politécnico NGE ANN, de Cingapura, para gerar a transferência de conhecimento em níveis mais avançados. Serão enviados 15 alunos e cinco professores do IFES para Cingapura, onde vão ficar um ano, fazendo pós-graduação e estágios nos estaleiros da Jurong lá. A idéia é que conheçam a cultura da empresa e voltem aptos para atuar no estaleiro aqui, sendo multiplicadores do conhecimento que adquiriram.

Vocês tiveram alguns problemas com o Ministério Público por conta do licenciamento ambiental. Em que passo está isso?

Eles questionaram o licenciamento ambiental do estaleiro, mas nós tivemos sucesso em todas as instâncias. Ainda tem uma pendência de um recurso, porém o mais importante já passou.

Qual a estimativa da Jurong de negócios gerados pelo estaleiro?

Teremos capacidade para processar 4 mil toneladas de aço por mês, mas ainda não temos os números estimados de faturamento. A previsão da folha de pagamento é de R$ 200 milhões por ano e a estimativa de arrecadação de impostos na operação é da ordem de R$ 100 milhões por ano.