EVENTO ORGANIZADO PELA ABDAN COMEÇA HOJE COM ACORDO INÉDITO QUE PODE VIABILIZAR O PRIMEIRO REATOR MODULAR DO BRASIL

Executivos da Amazul e Diamante Energia assinaram o acordo na manha desta segunda-feira (8)

Executivos da Amazul e Diamante Energia assinaram o acordo na manha desta segunda-feira (8)

Representantes de todo o setor nuclear do Brasil e do mundo estão em peso neste início da semana no Rio de Janeiro. A cidade será palco da nova edição do Nuclear Summit, evento internacional organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). A conferência será realizada até amanhã (9) na sede do Sebrae-RJ, no Centro da capital fluminense, promovendo uma série de debates pertinentes ao setor. Além disso, o Nuclear Summit também terá a assinatura de acordos entre empresas que atuam na indústria nuclear. Uma dessas novas parcerias, inédita na indústria energética do Brasil, foi firmada entre a Amazul e a Diamante Energia e pode viabilizar o primeiro projeto de pequeno reator modular (SMR) no país.

As duas empresas assinaram um acordo que tem por objetivo estabelecer a intenção de realizarem, de forma conjunta e colaborativa, um pré-estudo de viabilidade da instalação de um SMR no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, da Diamante Energia, na cidade de Capivari de Baixo (SC). O complexo é formado por quatro usinas térmicas a carvão e sete geradores, com potência total de 740 MW. Ao todo, a planta emprega cerca de 350 funcionários diretos.

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Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina

Embora ainda seja amplamente utilizado em todo o mundo, há uma tendência de que o carvão perca participação na matriz energética global ao longo das próximas décadas. O combustível é responsável pela maior parcela das emissões de CO2 do setor de energia, tornando fundamental a sua eliminação gradual para combater as mudanças climáticas. Muitos países estão explorando alternativas para substituir o combustível fóssil, e uma das rotas mais promissoras pode ser a instalação de SMRs nos locais onde existem termelétricas a carvão.

No Brasil, por exemplo, há uma preocupação em relação à região Carbonífera do Rio Grande do Sul. A possível desativação das usinas termelétricas poderia resultar em enormes prejuízos socioeconômicos para a região e para a cadeia produtiva local. Segundo fontes do setor nuclear, a substituição das usinas a carvão por SMRs é uma abordagem que garantiria uma transição energética justa, ao mesmo tempo em que assegura a geração de energia e a manutenção dos empregos locais.

Ainda de acordo com representantes do segmento nuclear, há o entendimento de que a tecnologia de SMRs está posicionada de forma única para receber os trabalhadores da indústria de combustível fóssil, preservando a geração estável de energia. As comunidades profissionais se beneficiariam dessa transição com novas oportunidades de trabalho, que provavelmente continuarão a oferecer os salários mais altos no setor de energia limpa.

INDÚSTRIA QUER DECISÃO POLÍTICA SOBRE ANGRA 3 E DEFINIÇÃO SOBRE AUTORIDADE DE SEGURANÇA EM ABRIL

TA__0104Com a realização do Nuclear Summit, o setor nuclear deve ocupar um bom espaço do noticiário da semana na indústria da energia. Além disso, outros movimentos políticos e de bastidores também trazem a expectativa de novidades importantes para as próximas semanas. Recentemente, o presidente da ABDAN, Celso Cunha, participou de uma reunião com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Arthur Valério. Um dos temas do encontro foi a retomada das obras de Angra 3, bem como a inclusão do projeto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com Cunha, é fundamental que o governo tome a decisão política sobre a conclusão do empreendimento ainda neste mês.

Tanto a ENBPar quanto a Eletronuclear devem apresentar ao Ministério de Minas e Energia, nos próximos dias, estudos de viabilidade com os dados atuais. Estima-se que, nesta fase, possa haver uma pequena variação de aproximadamente 1% no custo da obra, porém, isso não deverá impactar de forma significativa a tomada de decisão por parte do governo”, detalhou o presidente da ABDAN. “Durante a reunião com o secretário Valério, a ABDAN e os representantes das empresas associadas enfatizaram fortemente a importância de uma decisão ainda este mês sobre a conclusão da obra. Embora haja outros trâmites necessários para viabilizar a retomada de Angra 3, os estudos a serem apresentados pela Eletronuclear e ENBPar garantirão as condições necessárias para a tomada de decisão política já em abril”, acrescentou.

Outro ponto de preocupação do setor nuclear é a demora e a indefinição sobre a criação efetiva da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) – órgão que ficaria com as funções de regulação e fiscalização do setor, enquanto a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) se concentraria em suas atribuições de pesquisa. Acontece que mesmo após dois anos e meio desde a criação da ANSN, o órgão ainda não está operando efetivamente. Isso porque o governo ainda não indicou os nomes dos futuros diretores da autarquia. Essa nomeação pode, enfim, ser apontada pelo governo ainda neste mês. “O secretário sinalizou que os entendimentos para que haja indicação do presidente da diretoria estão sendo conduzidos. Ele acredita que no mês de abril tudo deva estar resolvido”, finalizou Cunha.

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