FIRJAN ASSINA ACORDOS EM HOUSTON E DEFENDE MAIS RECURSOS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO PARA A INDÚSTRIA

Karine BarbalhoHOUSTON – Única federação de indústrias brasileira com estande na Offshore Technology Conference (OTC) 2015, a Firjan trouxe o conteúdo desenvolvido nos seus três centros de tecnologia com foco em petróleo e gás – Centro de tecnologia em solda, Centro de tecnologia em meio ambiente e Centro de tecnologia em simulação-, além de se colocar à disposição das empresas para ouvir suas necessidades. Segundo a gerente de estratégias em petróleo e gás da Firjan, Karine Fragoso, estar próximo da indústria nesse momento de crise que se atravessa é muito importante, para que a federação saiba o que as empresas precisam, para atender às suas demandas. A vinda da Firjan para Houston teve três pontos principais a serem discutidos no evento: a regularidade dos leilões de concessão, as medidas de conteúdo local e a cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI). A OTC também foi palco da assinatura de acordos, como com a NOF Energy e com o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP). Na quinta-feira (7), a Firjan apresentou um estudo à Agência Nacional do Petróleo (ANP) que aponta as perdas de investimentos da indústria brasileira com a não realização de leilões de blocos exploratórios de petróleo e gás no país no último ano. De acordo com o relatório, desenvolvido pela própria federação, o valor total investido nas áreas licitadas é de US$ 27 bilhões, mas com o compromisso mínimo da política de conteúdo local, a cada ano sem rodada a indústria brasileira pode chegar a perder US$ 11,5 bilhões em demandas futuras, sem levar em consideração os custos operacionais.

Como se deu a participação da Firjan na OTC 2015?

Este já é o quinto ano que enviamos representantes para Houston, dos quais quatro com um estande próprio. Estamos dentro do Pavilhão Brasil, sendo a única federação de indústrias do país que expõe na OTC, apesar de outras federações também enviarem delegações. Este ano levamos todo o conteúdo que desenvolvemos nos três centros de tecnologia que têm foco em petróleo e gás: Centro de tecnologia em solda, Centro de tecnologia em meio ambiente e Centro de tecnologia em simulação.  O centro de solda, no Maracanã, inclusive, inaugurou recentemente um novo Laboratório de Excelência em Soldagem. Fruto de uma parceria com o Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), ele já está oferecendo serviços para empresas fornecedoras. Nosso centro de simulação também surgiu através de uma parceria com a Petrobrás e, em breve, terá 13 novos simuladores para capacitação e formação de profissionais nas áreas de processo elétrico e naval. O centro de meio ambiente tem prestado serviços para várias empresas, entre elas a Petrobrás, fazendo analises laboratoriais. Esta unidade também está com um projeto voltado para geração de energia limpa.

Como a indústria do Rio vem sendo afetada pela crise do setor de óleo e gás?

O eixo Rio-São Paulo atende mais de 40% da cadeia de óleo e gás. É obvio que quando se passa por um cenário como esse, em que há uma forte redução nas atividades, o Rio de Janeiro é o primeiro a sentir. O Rio abriga os maiores fornecedores e quem quer fornecer para offshore tem que estar no estado. É um momento que se enxerga também como uma oportunidade para se arrumar e coordenar as coisas. Há uma crise de confiança no setor, mas todos os envolvidos estão trabalhando forte para que isso seja superado. Essa recuperação tem que ser rápida. O tempo de mercado é diferente do tempo jurídico.

Que tipo de auxílio a Firjan vem prestando para as empresas afetadas pela crise do setor?

Continuamos atuando da maneira que sempre fizemos. Nós somos parceiros da indústria, e nesse momento estamos mais do lado dela do que nunca. Onde podemos intervir em defesa da indústria, o fazemos. Em situações como a que vivemos, os investimentos em pesquisa e inovação são freados bruscamente, e as empresas estão passando por um momento difícil, tendo que demitir funcionários por conta da atividade reduzida.

Que demandas as empresas têm levado à Firjan?

Das mais diversas, tanto de apoio para defesa de interesse até questões de inadimplência que têm ocorrido. Por outro lado, continuamos recebendo diversos pedidos de apoio para instalação de empresas no Rio.

Como a OTC auxilia a Firjan a melhorar a situação da indústria de óleo e gás do estado?

A gente costuma dizer que é mais fácil encontrar brasileiros em Houston do que no Rio. A feira serve como termômetro da indústria. Nela, nós nos colocamos à disposição das empresas para ouvir o que elas têm a dizer. É importante estar junto do mercado para escutar e entender as reais necessidades dele. Se ficarmos distanciados, podemos acabar propondo soluções que não são efetivas para a indústria.

Como a indústria do Rio de Janeiro reagiu ao lançamento da 13ª Rodada de Licitações?

Com bastante entusiasmo, já que a realização de um novo leilão significa uma retomada por demanda. Esse intervalo de tempo entre as rodadas de licitação é ruim para as empresas, que se vêem muitas vezes sem projetos.

Quais foram os principais pontos debatidos pela Firjan na OTC?

Três pautas principais foram trazidas para a OTC. A primeira é a questão da regularidade dos leilões. A indústria tem dificuldade de se planejar e saber como investir com um calendário que não tem previsibilidade alguma de datas. Quando os leilões não acontecem é ruim para operadores, fornecedores, e o país como um todo, que perde oportunidade de competir com outros países. Outro ponto é a questão das medidas de conteúdo local. Hoje há uma de série de medidas que não estão coordenadas. O conteúdo local precisa ser simplificado para ser efetivo no que se propõe. Muitas vezes, essas medidas chegam a ser contrárias ao que se propõem, e acabam prejudicando a indústria local. É preciso que se olhe o setor como um todo para o estabelecimento de uma política deste porte, e não apenas para o primeiro elo – operadoras –, mas todo o encadeamento que atende essa indústria. O terceiro ponto é questão da clausula de PDI, prevista pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Atualmente, metade do 1% que as empresas tem que separar para esse destino é investido internamente. Nós da Firjan, assim como o IBP e a Onip, estamos defendendo que este é um recurso da iniciativa privada, e que tem que ser aplicado em sua totalidade na indústria.

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