FLUKE ESTIMA CRESCIMENTO DE DOIS DÍGITOS E VÊ OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS DIANTE DA CRISE HÍDRICA NO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O ano de 2021 até aqui tem sido de excelentes resultados para a Fluke, empresa que fornece instrumentos e ferramentas de testes e medição. Nos primeiros seis meses do ano, a empresa conseguiu crescer suas receitas em dois dígitos em relação ao mesmo intervalo de 2020. Agora, na segunda metade de 2021, a expectativa é continuar remando por boas marés e crescer mais 10%. A previsão é do Diretor Geral da Fluke na América Latina, Luiz Ribeiro. O executivo contou também como a companhia pretende posicionar-se diante da atual crise hídrica e energética vivida pelo Brasil. Como uma fornecedora de equipamentos para análise de problemas de qualidade de energia e cálculo de custos da energia desperdiçada, a Fluke quer aproveitar esse momento para engatar novos trabalhos que envolvam eficiência energética. “Nós temos muitos projetos mapeados nas verticais de geração de energia e utilities. São dois segmentos nos quais já atuamos. Uma vez que o tema de eficiência se torna prioridade, nós ganhamos um diferencial para voltar a falar em projetos que estavam parados ou que não estavam andando com a velocidade que esperávamos”, explicou o executivo. Ribeiro comentou ainda sobre um novo lançamento da empresa para o setor fotovoltaico e fez ainda uma avaliação sobre o futuro desse segmento: “Existe um mercado livre de compra de energia e companhias que querem tornar-se autossustentáveis. Entendemos que haverá um investimento maior nessa parte de energias renováveis, seja solar ou eólica”, avaliou.
Diante da crise hídrica e energética pela qual o Brasil passa, gostaria que avaliasse como esse cenário pode impactar a indústria brasileira. E quais serão os reflexos disso nos negócios da Fluke?
A Fluke está estrategicamente bem posicionada porque nossos produtos ajudam na melhoria de eficiência e na qualidade de energia, além de auxiliarem a manter as empresas funcionando. As companhias, de modo geral, já estavam perseguindo a redução de custos. Agora, com a tarifa extra de energia, esse investimento [em eficiência] se torna mais atrativo. Embora o aumento da tarifa seja recente, nós esperamos que ocorra alguma evolução em alguns projetos que estavam parados.
A crise hídrica é algo sazonal, mas não conseguimos prever quando isso vai acontecer. O Brasil é muito dependente da energia hidrelétrica. Então, quando temos essa escassez de chuvas, principalmente nas áreas onde temos a geração de energia, ficamos reféns dessa situação. O grande problema que eu vejo em nosso país é a falta de planejamento. Só pensamos nesse problema quando temos uma crise. A solução na época da última crise foi o acionamento de termelétricas e o aumento de tarifa. Agora, estamos repetindo essas mesmas medidas.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, falou em pronunciamento sobre uso racional de energia. Olhando especificamente para a indústria, esse uso racional passará, necessariamente, por novos investimentos em eficiência?
Existem muitas perdas no Brasil, seja na geração ou na transmissão de energia. Nossos instrumentos ajudam a evitar esses desperdícios. O valor da tarifa de energia está ficando maior. Esse é um custo que ninguém tinha orçado para este ano. A partir disso, o investimento para evitar os desperdícios de energia passará a ser uma prioridade.
Então, eu imagino oportunidades para a Fluke não só através de seus instrumentos, mas também por meio de sua academia. Nós temos a Fluke Academy, onde oferecemos treinamentos fundamentais sobre como evitar o desperdício de energia. Através disso, nós conseguimos conscientizar ou até acelerar essa tendência de melhorar a eficiência energética.
Seria interessante se pudesse compartilhar conosco sua visão sobre em que nível a indústria brasileira está em termos de eficiência energética. Ainda podemos melhorar nesse aspecto?
Sem dúvida. A indústria brasileira tem muito espaço para melhorar. Um fator que contribui para isso é a conscientização a respeito do meio ambiente. Todas as empresas que têm a certificação ISO 14.001 ou que, de alguma forma, estão conectadas com suas matrizes nos Estados Unidos ou Europa, têm objetivos claros de redução da pegada ambiental. Muitas empresas, sem dúvida, não têm um consumo adequado. Por exemplo: o ar-condicionado é um dos maiores gastos de empresas e escritórios. Então, eu não tenho dúvida que há muito espaço para que as indústrias brasileiras melhorem a eficiência e o consumo de energia.
Diante de todo esse cenário de crise de energia, que tipo de oportunidades surgem para a Fluke?
Nós temos muitos projetos mapeados nas verticais de geração de energia e utilities. São dois segmentos nos quais já atuamos. Uma vez que o tema de eficiência se torna prioridade, nós ganhamos um diferencial para voltar a falar em projetos que estavam parados ou que não estavam andando com a velocidade que esperávamos.
Por exemplo, vejamos o caso das empresas do setor de alumínio. Esse é um segmento onde a energia é parte importante na produção. A composição da energia no custo do produto é muito impactante. Então, se essa indústria consegue ser mais eficiente, toda a cadeia relacionada a ela acaba sendo beneficiada como um todo.
O que a Fluke espera lançar de novidades para o mercado?
Nós fizemos um lançamento de um produto usado no segmento de energia solar. O nosso IRR [medidor de irradiância solar] mede a eficiência do sistema de placas. Esse o instrumento consegue fazer uma comparação se o que foi projetado está sendo entregue pelo sistema.
A energia solar, especificamente, acabou tornando-se mais acessível no Brasil, inclusive para uso doméstico. Sabemos de grandes empresas – como a ArcelorMittal e a Vale – que estão investindo em fazendas de geração de energia. Existe um mercado livre de compra de energia e companhias que querem tornar-se autossustentáveis. Entendemos que haverá um investimento maior nessa parte de energias renováveis, seja solar ou eólica.
Tem ainda um ponto que não mencionei até aqui. Está transitando em Brasília a questão da taxação da energia solar. Se isso acontecer será muito ruim. A fonte solar não se tornará em algo atrativo. É uma medida que vai comprometer o crescimento desse setor. Essa é uma tecnologia que demanda um investimento. Se for preciso pagar impostos sobre o sol, realmente a situação vai ficar bem esquisita.
Poderia nos fazer um balanço de como foi o primeiro semestre para a Fluke e como está a expectativa com a segunda metade de 2021?
O primeiro semestre foi melhor do que planejávamos. A pandemia ainda é uma realidade para nós. Temos restrições para fazer visitas aos clientes. Mesmo com toda essa situação desafiadora, estamos crescendo em dois dígitos em receitas. Com a imunização avançando, imaginamos que entre setembro e outubro poderemos ter grande parte da população vacinada com a primeira dose. Assim, temos a expectativa de ter um segundo semestre ainda melhor.
O ano de 2021, em termos de resultados, está sendo extraordinário. A Fluke está com um crescimento de dois dígitos em relação ao primeiro semestre do ano passado, como disse anteriormente. Para o segundo semestre, pretendemos manter os dois dígitos – imaginamos algo em torno de 10% melhor na comparação com o primeiro semestre.
Eu gostaria de ressaltar ainda que a Fluke, não só no Brasil mas como na América Latina, não teve nenhuma baixa por conta da Covid-19, felizmente.
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