DESENTENDIMENTO ENTRE SÓCIOS DA SETE BRASIL AGRAVA SITUAÇÃO DA EMPRESA

A Sete Brasil segue com seu futuro indefinido após a decisão de não entrar com pedido de recuperação judicial. O voto do fundo de pensão Petros foi decisivo. De acordo com a Petros, a Sete Brasil não enviou toda a documentação solicitada para uma avaliação definitiva sobre o tema. A Sete Brasil respondeu através de nota, afirmando que “que todos os pedidos de informações encaminhados à companhia por cotistas do FIP Sondas — referentes à tomada de decisão de ontem, acerca da alternativa de estratégia de continuidade do Projeto Sondas — foram atendidos pela empresa, que segue disponível a novas demandas”.

O pedido de recuperação judicial era visto com bons olhos pelos outros sócios do empreendimento, que viam nele a possibilidade de pressionar a Petrobrás a fechar um novo acordo de afretamento de sondas. O imbróglio referente às 28 sondas de perfuração originalmente contratadas pela Petrobrás junto a Sete Brasil se arrasta há meses, com implicações para toda a cadeia de óleo e gás, especialmente os estaleiros e fornecedores contratados.

A atitude da Petros foi vista com desconfiança por alguns dos sócios, que acreditam na possibilidade de uma ajuda à Petrobrás para que as demandas feitas pela estatal sejam cumpridas no novo acordo. A Sete Brasil afirma ter enviado toda a documentação solicitada. A Petros confirmou o recebimento do material, mas disse que as respostas não foram “consistentes”, o que tornou impossível a decisão sobre a viabilidade do processo de recuperação judicial.

Outro sócio na Sete Brasil também se colocou contra o pedido imediato de recuperação judicial, o banco Santander. A participação de apenas 6% na FIP Sondas, dona de 95% do capital da Sete – a Petrobrás detém os outros 5%¨–, não seria suficiente para travar o processo. Os 18% detidos pela Petros foram o fiel da balança na reunião de terça-feira (19).

Entre as informações que foram bem respondidas, na avaliação da Petros, estão a identificação dos fatores chave de reestruturação; a projeção da necessidade de caixa mês a mês; a precificação da companhia e seus ativos baseada em métricas de fluxo de caixa descontado, entre outros métodos usados para precificação; e a preparação de plano de reestruturação completo com diagnóstico da situação vigente.

Enquanto uma decisão não é tomada as empresas contratadas pela Sete Brasil passam por situações de aperto. A dívida total da companhia chega a casa de R$ 17 bilhões. O desejo da Petrobrás é diminuir o número de sondas inicialmente contratadas, por conta da crise vivida dentro da empresa, devido ao baixo valor do barril de petróleo e, principalmente, os escândalos envolvendo a Operação Lava Jato.