FUP ENTRA NA JUSTIÇA CONTRA A PETROBRÁS PELA VENDA DE ATIVOS DA GASPETRO

O clima dentro da Petrobrás parece apenas piorar. Após a consolidação da venda de 49% da Gaspetro para a Mitsui, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) entrou nesta semana com uma ação judicial contra a estatal pelas negociações para a venda da subsidiária. O processo movido pelo sindicato dos trabalhadores afirma que a medida não se justifica pela lógica do preço de mercado e que a empresa rompeu com seu modelo interno de integração vertical. Contrários aos desinvestimentos que vêm sendo realizados com o novo plano de negócios da companhia, os petroleiros afirmam que o valor de R$ 1,9 bilhão fechado com a venda não corresponde às avaliações de preço feitas nos últimos meses.

O processo judicial pede a paralisação da venda da subsidiária, sob a pena de uma multa de R$ 1 milhão por dia de descumprimento. Além disso, o sindicato dos petroleiros requer que sejam apresentados pela estatal, na íntegra, as atas do Conselho de Administração a partir de março deste ano, assim como toda a documentação relativa à venda e as correspondências da companhia com a Mitsui.

De acordo com a entidade, o grupo Mitsui poderá ter retorno de seu investimento em dois anos e quatro meses, com base em valores registrados no último ano. A subsidária, que agora tem uma larga fatia da investidora japonesa, atingiu um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão em 2014. Segundo a FUP, uma análise feita neste ano pelos bancos JP Morgan e Brasil Plural apontam que a estatal poderia obter mais de R$ 5 bilhões com a transação.

A ação movida pelo sindicato levanta também suspeitas acerca de influências pessoais nas negociações. A nomeação do presidente da Vale, Murilo Ferreira, para a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás durante o período que antecedeu a venda aponta para uma possibilidade de influência ilícita no fechamento dos contratos. De acordo com a entidade dos petroleiros, é possível que a Mitsui, parceira da Vale em alguns projetos, tenha sido beneficiada pelo executivo.