PROJETO NUCLEAR À BASE DE HIDROGÊNIO REÚNE 35 PAÍSES E JÁ SOMA INVESTIMENTOS DE US$ 14 BILHÕES
Uma nova tecnologia pode impulsionar a indústria nuclear para o futuro do setor energético mundial. Com investimentos de 35 países somando mais de US$ 14 bilhões, está sendo construído hoje na França o gerador ITER, que será capaz de produzir 500 MW de energia por meio da fusão inédita de duas formas de hidrogênio – deutério e trítio. A tecnologia permitirá reduzir a perda energética no processo de geração por meio de um superaquecimento que pode chegar a 150 milhões de graus Celsius, dez vezes mais quente que o centro do Sol, e deverá multiplicar por dez a energia que requer para operar. Calculado com proporções enormes, o reator experimental terá cerca de 30 metros de altura e diâmetro quando for concluído, o que está previsto para acontecer em 2019. (Veja a apresentação do projeto na nossa seção Vídeo em Destaque, ao lado direito da página).
O empreendimento, que vem sendo idealizado pela ITER Organization desde 2007, pode conduzir o setor a uma nova etapa de geração em larga escala. Isso porque o gerador deve permitir a fusão do hidrogênio por longos períodos de tempo, mantendo o plasma aquecido em um sistema que se sustenta através de átomos de hélio, responsáveis por manter o aquecimento interno da máquina. Até hoje, o recorde de sustentação de plasma é de 6 minutos e 30 segundos, marca alcançada por uma usina francesa em 2003.
O projeto ITER, cujo nome provém do latim “caminho”, será a primeira unidade de fusão do tipo Tokamak (modelo de reator) a produzir energia suficiente para superar o volume consumido no processo de geração. Em construção no sul da França, o empreendimento é liderado pela União Europeia, com participação de 45,6%, junto a China, Índia, Japão, Coreia, Rússia e Estados Unidos, cada um com 9,1%. Fundadores da organização, os países uniram recursos para arcar com os custos de montagem, operação e descomissionamento.
As obras para construção da máquina tiveram início em 2010, e já somaram mais de um milhão de componentes montados. Com a conclusão prevista para 2019, a expectativa é de que as operações com plasma comecem em 2020, atingindo o pico de fusão em 2027. Hoje, o foco das atividades no projeto é a verificação do confinamento das partículas de hélio, que surgem como produto da fusão do hidrogênio e que serão responsáveis pelo aquecimento interno e sustentável da máquina.
Como primeiro resultado concreto de experimentos que vêm sendo realizados há décadas por especialistas do setor, o projeto pode abrir espaço para a consolidação de novas tecnologias de geração, como a adaptação da fusão à energia elétrica. A expectativa da ITER Organization é de que a conclusão da máquina permita à consolidação de investimentos anexos, com foco no desenvolvimento de um complexo nuclear de alta capacidade para fornecimento de energia.
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