GERENTE EXECUTIVO ADMITE ERROS E ACREDITA QUE EMPRESAS BRASILEIRAS PODEM TER MAIS ESPAÇO EM OBRAS DA PETROBRÁS
Um artigo assinado gerente executivo de Sistemas de Superfície, Refino, Gás e Energia da Petrobrás, João Henrique Rittershaussen, no periódico Energia Hoje, traz uma reflexão bastante interessante. Ele fala sobre um programa especial criado pela companhia em 2019 para definir o modelo de projeto e contratação da nova geração de plataformas próprias. E explica as razões porque a Petrobrás retomou a decisão de produzir suas próprias plataformas. No fundo, a empresa admite que errou nas contratações passadas, da forma que foram feitas, somado a isso os interesses escusos de uma parte da diretoria da gestão de pelo menos dois ex-presidentes Sérgio Gabrielli e Aldemir Bendine. Fica também um questionamento que deve ser levado em consideração prioritariamente: será mesmo que a indústria nacional não performava? Ou será que a Petrobrás é quem não soube e ainda não está sabendo contratar? Os erros que se sucedem. E eles começam na Comissão de Licitação. Há dois bons exemplos recentes para se confirmar esta afirmação.
O primeiro, a licitação para a construção dos dutos submarinos do Parque das Baleias. Meses depois licitação, a Petrobrás escolhe um consórcio vencedor por menor preço, que cumpria todos os requisitos. Depois, desclassifica o consórcio vencedor e misteriosamente anuncia que a empresa vencedora é a portuguesa Mota Engil, por um preço muito mais caro do que a empresa vencedora. Para resolver o problema que criou, cancelou a licitação. Cancelamento repetido na licitação para se escolher quatro lotes de plataformas para manutenção. A comissão de licitação colocou no pacote, plataformas que já estavam escolhidas e em manutenção sob a responsabilidade da empresa Actemium, do Grupo Vinci. A empresa impugnou a licitação e a solução foi postergar o trabalho de manutenção das plataformas.
No artigo de João Henrique, a conclusão foi que existem cinco pontos que mais impactaram o prazo de conclusão das unidades e aumentaram o risco de execução dos projetos: concentração de muitos projetos de FPSO em uma mesma empresa; excesso de interfaces (mais de cinco empresas construindo partes de uma mesma unidade); falta de porte econômico das empresas contratadas; aceitação de “estaleiros virtuais” (existiam apenas no papel) e; falta de expertise técnica, com contratação de empresas sem tradição na área naval e offshore. Surge daí uma pergunta chave que precisa ser respondida: os contratos com as empresas brasileiras ficavam caros pelos subornos exigidos das empresas, pelos erros nas contratações admitidos agora com este artigo ou por que realmente as empresas não performavam?
O que parecia óbvio para as empresas brasileiras que buscavam e ainda buscam espaço em obras da Petrobrás, não era para a estatal. Foi preciso a empresa amargar prejuízos, atrasar projetos e agravar seus problemas para se chegar a esse mea culpa do gerente da Petrobrás. Aliás, talvez seja interessante um encontro dele com o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, que insiste em demonizar as empresas brasileiras e atribuir a elas o peso do fracasso e prejuízos em alguns projetos. Essa falácia, faz com que a Petrobrás crie muitos empregos no mercado de petróleo e gás. Só que no exterior. E se não paga mais, paga quase igual. Desprezar a mão de obra nacional, como reconhece o gerente João Henrique, foi um erro grave que a companhia precisa corrigir.
Nós selecionamos aleatoriamente alguns trechos do artigo publicado:
“Reconhecendo a necessidade de balancear melhor a sua carteira de novos projetos, a Petrobras realizou, em 2019, um diagnóstico a partir da análise de modelos de contratação e projeto de todas as unidades estacionárias de produção construídas pela companhia desde 2000. O objetivo foi verificar as principais causas de atrasos na execução dos projetos.”
“Diante dessas observações, a Petrobrás criou uma estratégia baseada em três pilares: redução de interfaces, preferencialmente com apenas uma empresa responsável pela construção de toda a unidade, incluindo o casco, planta de processamento e os equipamentos críticos; processo rigoroso de seleção de empresas de EPC e de subcontratadas, como estaleiros e empresas de engenharia; alinhamento de interesses no contrato, buscando atender objetivos finais de entrega e partida da unidade de produção.”
“Esse processo, realizado ao longo do primeiro semestre de 2020, definiu dez empresas de experiência comprovada, com capacidade técnica e financeira, qualificadas para as próximas licitações de FPSOs. A participação da indústria nacional também foi contemplada, com duas empresas instaladas no Brasil qualificadas para fornecimento dos FPSOs, além da possibilidade de subcontratação de diversas outras empresas, como fornecedoras de equipamentos e construtoras de módulos, para possibilitar o atendimento aos requisitos de conteúdo local.”
O bom desse reconhecimento é saber que as coisas podem melhorar e que a Petrobrás possa acreditar e respeitar mais o talento dos profissionais que militam nas empresas brasileiras. Essas empresas, pelo grau de superação que são impostas a elas, merecem esse crédito. Agora, falta colocar em prática esse que parece ser um novo pensamento da gerencia de sistemas de superfície. Que esse pensamento chegue até a sua diretoria, que ele seja capaz de cumprir a sua palavra e, principalmente, que esses novos ares possam mudar o pensamento do presidente da companhia. Só assim se saberá que o mote da campanha do Presidente Bolsonaro, Brasil acima de todos, vale para todos.
com dolar batendo 6 contos, é mais fácil dar esta guinada. interessante a parte do cancelamento de manutenções, vai vazar é tudo nos próximos anos, 6 vão ver.