GREVE DOS CAMINHONEIROS AUMENTA, ABIQUIM PEDE PRIORIDADE PARA LEVAR OXIGÊNIO AOS HOSPITAIS E AEROPORTOS SOFREM

Se alguém estava pensando que o movimento dos caminhoneiros em protesto contra a eleição de Lula no segundo turno era fogo de palha, deu com os burros n’água. Os bloqueios nas estradas feitos por manifestantes já começam a provocar dificuldades de abastecimento para os supermercados em vários pontos do País, o que fez o setor se mobilizar para resolver o problema. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, informa em uma nota emitida pela entidade hoje de manhã, que pediu ao Presidente Jair Bolsonaro para olhar para o problema.  A Associação Paulista de Supermercados (Apas) recomendou aos supermercadistas anteciparem a logística de suas lojas e centros de distribuição, a fim de garantir que o setor consiga cumprir com a essencialidade de abastecer a sociedade de forma segura e sem interrupção, independentemente dos desdobramentos futuros. O Carrefour, a maior rede de supermercados do País, informa, por meio de nota que “segue sem grandes problemas de abastecimento em suas lojas em função dos volumes de estoques e que busca alternativas para atender todos os seus clientes, caso as paralisações continuem”.

A situação parece agravar-se. Nas redes sociais, há informes de produtores de arroz dizendo que paralisarão o plantio por pelo menos um ano, alegando que a terra precisa descansar e as máquinas precisarão de manutenção. Na Ceagesp, o maior entreposto de abastecimento de hortifrutigranjeiros, já se percebe alguma redução no fluxo de caminhões, mas ainda a situação está longe do risco de desabastecimento porque toda segunda-feira, normalmente, há uma grande entrada de produtos.

Em Brasília,  o  ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçou em despacho nesta terça-feira (1º) a autorização ao uso de tropas da Polícia Militar pelos governadores de Estados para dar início à “imediata desobstrução de todas as vias públicas que ilicitamente estejam com seu trânsito interrompido”. Ele disse que as Polícias Militares dos Estados possuem plenas atribuições constitucionais e legais para atuar em face desses ilícitos, independentemente do lugar em que ocorram, seja em espaços públicos e rodovias federais, estaduais ou municipais, com a adoção das medidas necessárias e suficientes, a critério das autoridades responsáveis dos Poderes Executivos Estaduais. Essa decisão chega em um momento de escalada de tensão no País por causa dos bloqueios de estradas e avenidas por caminhoneiros que contestam o resultado das eleições. Em alguns bloqueios, o movimento teve o apoio dos próprios policiais rodoviários.

Ainda não há repercussão na bolsa de valores. Por enquanto o mercado ainda não deu muita importância, digerindo ainda a eleição numa esperança de acabar assim que Bolsonaro fizer, se fizer, um discurso aceitando a vitória de Lula. O que se teme é uma corrida aos supermercados para garantir que não faltem alimentos nas casas. Quem pode está fazendo estoques e isso é muito perigoso. Se o movimento se estender, a situação tenderá para atuações de violência das polícias e agravamento da situação. O que dá a entender é que os caminhoneiros não aceitarão atos de violência policial.

A Associação Brasileira da Indústria Química, ABIQUIM, divulgou uma nota dizendo que acompanha atentamente as notícias e movimentações relacionadas aos protestos e bloqueios de rodovias em diferentes regiões do País. “Empresas de diversos segmentos de produção, como gases medicinais, insumos industriais, fertilizantes e outros, veem a situação com muita preocupação. Especificamente no setor de saúde, as manifestações estão colocando em risco o transporte de Oxigênio Líquido Medicinal, destinado a clínicas e hospitais, locais nos quais é utilizado para a manutenção e preservação da vida de pacientes em UTI’s ou CTI’s em estado crítico, ou que estejam sofrendo de crise respiratória. Faz-se necessária a urgente liberação da circulação sem bloqueios no País para que tanto o oxigênio quanto os demais produtos essenciais à vida do brasileiro sigam chegando ao seu destino”, disse a entidade.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas, entidade que reúne companhias aéreas como Gol e Latam, alertou as autoridades para o impacto gerado na malha aérea em consequência do bloqueio de estradas e rodovias em diversos pontos do país. Em nota a associação diz que caso o cenário atual se mantenha, ao longo do feriado o setor poderá sofrer com desabastecimento de combustível. “A Abear recomenda fortemente que os passageiros busquem se deslocar com antecedência e atentem para a situação das vias de acesso aos aeroportos. O transporte aéreo também pode ser impactado pela dificuldade de chegada de profissionais, tripulantes e passageiros aos aeroportos, inviabilizando a operação e prejudicando, ainda, atividades essenciais como o transporte gratuito de órgãos para transplantes e o envio de cargas”, declarou a entidade. A nota foi distribuída pela Abear nesta terça-feira. A entidade se colocou à disposição das autoridades para auxiliar nas medidas necessárias para minimizar eventuais transtornos.