ICV BRASIL USA FERRAMENTAS DIGITAIS PARA FAZER INSPEÇÕES REMOTAS MESMO DIANTE DA PANDEMIA

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Atuante no mercado desde 2014 realizando atividades de inspeção, certificação, vistorias e treinamentos, a ICV Brasil lançou mão da tecnologia para continuar desempenhando seus trabalhos em meio à pandemia do coronavírus. A Covid-19, como se sabe, colocou muitas restrições no ambiente de fábricas e empresas, o que dificultou a entrada de inspetores e auditores nesses ambientes. Contudo, as ferramentas digitais possibilitaram que a companhia fizesse seu trabalho mesmo à distância, em tempos onde se fala muito de um “novo normal”. “Eu acredito que a inspeção remota veio para ficar. Nós estamos quebrando alguns paradigmas do passado”, afirmou a diretora da ICV Brasil, Suzete Schipa Suzuki. “Nós provamos para o cliente que a inspeção remota é totalmente mais palpável do que a inspeção presencial”, acrescentou. Além de abordar algumas vantagens da inspeção remota, como redução de custos e economia de tempo, Suzete também comentou sobre suas projeções para o futuro do setor de óleo e gás: “Nossa expectativa em relação a óleo e gás é que este setor tende a ter uma retomada grande. Estamos entrando no mercado por todas as áreas de óleo e gás para garantir que os serviços serão realmente atendidos”, afirmou.

Como tem sido a atuação da empresa no setor de óleo e gás?

A ICV Brasil está atuando no mercado desde 2014. Ela foi construída por executivos de outras empresas. Viemos de multinacionais e resolvemos criar uma empresa nacional, com o diferencial de qualidade e atendimento. Com toda nossa expertise e competência técnica, montamos uma empresa nacional para um atendimento de qualidade melhor.

Iniciamos os trabalhos em inspeção no setor de óleo e gás. Começamos bastante animados em 2014 e atuamos em fornecedores da Petrobrás, inicialmente. Tínhamos que ter um ano de atividade, ao menos, para conseguir um cadastro dentro da Petrobrás. O que nos ajudou bastante nesse processo foi o trabalho internacional para os nossos fornecedores aqui no Brasil. Com os desdobramentos da Lava Jato, em 2014/2015, aconteceu uma queda muito grande de inspeção. Nossa atividade era totalmente voltada à Petrobrás e percebemos uma diminuição de inspeção no mercado.

Conseguimos nos manter através de inspeções de clientes internacionais. Atuamos no México, na Alemanha, na China, na Itália e nos Estados Unidos. Apesar de sermos uma empresa nacional, mas tivemos muito mais atendimento internacional nessa época. Conquistamos os clientes e aí começou o mercado no Brasil.

No ano passado, a Petrobrás mudou sua forma de atendimento. Eles estão passando para o Inmetro a responsabilidade de acreditação dos organismos de inspeção. Isso para nós é muito bom, porque já somos um organismo de inspeção acreditado (OIA) para infraestrutura.

E vão buscar também essa acreditação para óleo e gás?

Já estamos prontos para nos tornamos também em óleo e gás. Estamos esperando o Inmetro começar o processo de acreditação. A nossa empresa já está preparada para isso. Estamos atuando como OIA em segmento de infraestrutura. E também preparamos a parte de inspeção de fabricação para ser acreditada. Mas, por causa da pandemia, o Inmetro não está fazendo a auditoria das certificadoras. Ao mesmo tempo, a Petrobrás liberou as empresas de inspeção com CRC e ISO 9001 certificado. Conseguimos absorver uma quantidade de clientes que a Petrobrás liberou. Então, hoje nós fazemos inspeção remota.

Desde que abri a empresa, em 2014, eu sempre acreditei que a tecnologia seria um diferencial para a empresa de inspeção. Em 2015, eu fiz uma parceria com uma empresa de Portugal para ter uma ferramenta para isso. Só que nós temos uma resistência muito grande dos próprios clientes em relação à inspeção remota.

Por quê?

Porque eles tinham um certo receio de que inspeção remota não seria uma coisa boa. Mas com a pandemia, nós tivemos uma grata surpresa: foram os clientes que pediram a inspeção remota. Tivemos muitas fábricas que tiveram a capacidade de produção reduzida e foram impedidas de receber terceirizados por conta da pandemia.

Nós provamos para o cliente que a inspeção remota é totalmente mais palpável do que a inspeção presencial. Primeiro porque os gestores da certificadora podem entrar na sala [virtual] a qualquer momento. Os nossos gestores podem acompanhar a inspeção de onde estiverem.

Em segundo lugar, os ensaios principais são gravados. Então, nós temos um respaldo técnico da gravação. Algo que não temos quando a inspeção é presencial. Nós sentimos que com a inspeção remota temos um respaldo técnico maior do que a presencial.

Vocês enfrentaram dificuldades durante o uso das tecnologias para inspeção remota?

Algumas. Primeiro, tivemos que ensinar o cliente a usar a tecnologia. Antes de marcar a inspeção, fazemos um teste tecnológico para verificar se a empresa tem condições de nos atender naquela tecnologia. Do contrário, a inspeção fica comprometida com o tempo de adaptação da tecnologia. Fazemos o teste para saber se tem condição de atender com aquela ferramenta ou se teremos que mudar, já que às vezes o cliente está mais adaptado a outra ferramenta.

O segundo ponto foi que algumas fábricas têm blindagem de internet. Nestas unidades, você não consegue fazer este tipo de acompanhamento dentro da fábrica. Então, tem que ser filmado e enviado até nós. Na parte de painéis elétricos, existem algumas fábricas que possuem blindagem por causa dos segredos industriais. Então, nós nos asseguramos de outras formas. Nós fazemos a inspeção seguindo o padrão normal. Durante o processo de inspeção, tem muita coisa que pode ser feita à distância.

Existem inspeções que são basicamente documentais para, por exemplo, checar o final do databook. Então, tínhamos um inspetor que ficava a semana inteira na fábrica checando isso. Hoje, eles estão fazendo tudo no home office, com a mesma qualidade. Assim, o cliente economizou com logística, pagamento de hotel e refeição.

A pandemia teve um lado assustador, com um momento de paralisação. Mas por outro lado, ela veio com uma mudança de paradigma que foi muito benéfica.

A inspeção remota será o novo normal?

Eu acredito que a inspeção remota veio para ficar. Nós estamos quebrando alguns paradigmas do passado. Eu trabalho há mais de 20 anos para a área de óleo e gás. Esse setor tem alguns paradigmas. Por exemplo, os relatórios precisam ter três assinaturas. Hoje, existe a assinatura digital que é muito mais precisa e autêntica do que um carimbo. O processo de assinatura convencional, com uso de correios e motoboys demorava entre sete e dez dias. Com a assinatura digital, o processo dura menos de uma hora.

Quando eu construi a certificadora, eu determinei que não teríamos mais arquivos de papel e sim arquivos digitais. Só que os clientes não permitiam que fizéssemos isso. Com a pandemia, conseguimos fazer com que eles entendessem que essa era a solução. Dessa forma, eles conseguem diminuição de custo. E o fator mais relevante é o tempo que se leva para fazer isso, que é muito mais rápido. Essa nova era veio para ficar, porque não tem forma mais rápida de trabalhar do que acessar uma nuvem.

Qual a expectiva da empresa dentro do mercado de óleo e gás?

Nossa expectativa em relação a óleo e gás é que este setor tende a ter uma retomada grande. Nós não vamos deixar de fazer o atendimento de inspeção para garantir a qualidade dos projetos. Também somos uma certificadora de conteúdo local. Estamos entrando em todas as áreas de óleo e gás para garantir que os serviços serão realmente atendidos. Nossa missão é fazer isso agregando valor para todas as partes – não só para o cliente, mas também para o fornecedor. A missão de uma inspeção é agregar valor. A formação da nossa empresa é oferecer um diferencial de mercado no atendimento, atendendo de forma bastante técnica e comprometida. Estamos vendo que o mercado teve essa parada, mas está retomando aos poucos.

Com a inspeção remota, nós tivemos uma participação maior dos gestores no processo. O gestor do cliente, normalmente, só recebia o relatório ao final do processo de inspeção. Mas com a modalidade remota, esse gestor também pode entrar na sala durante a inspeção para checar o andamento do trabalho. É um diferencial.

Estamos bastante apreensivos, mas também com uma expectativa bastante grande em relação ao futuro.