IMPASSE ENTRE GOVERNO E ELETROBRAS PODE PROVOCAR DESLIGAMENTO DE ANGRA 1 EM DEZEMBRO

ivanUm novo imbróglio no setor de energia pode colocar em risco a continuidade das operações da usina nuclear Angra 1. A licença da planta perde validade no dia 24 de dezembro, após 40 anos de operação. A Eletronuclear, operadora da usina, já trabalha desde 2019 na extensão da vida útil do empreendimento por mais 20 anos. Acontece que um impasse com a Eletrobrás, antiga holding da Eletronuclear, pode comprometer o aspecto financeiro da extensão da vida de Angra 1, que pode deixar de operar em dezembro caso a licença não seja renovada.

O investimento necessário para ampliar a vida útil da usina nuclear pode chegar a US$ 2,5 bilhões. A ideia do governo é que o custo seja dividido entre a Eletrobras e a estatal ENBPar (nova holding da Eletronuclear). Acontece que a Eletrobras não está disposta a desembolsar o dinheiro. Segundo uma reportagem da “IstoÉ Dinheiro”, o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro (foto), enviou uma carta ao presidente do Conselho de Administração da Eletronuclear, Thiago Guilherme Ferreira Prado, dizendo com todas as letras que não tem qualquer obrigação de realizar aportes na extensão de Angra 1.

angra 1É aí que começa a confusão. Segundo uma fonte do setor nuclear ouvida pelo Petronotícias, o Projeto de Extensão da Vida Útil de Angra 1 foi aprovado pela própria Eletrobras em 2019, muito antes de sua privatização (que foi concretizada em junho de 2022). Ou seja, o investimento consta do Planejamento Estratégico do antigo grupo Eletrobras. O problema é que acordo de investimentos assinado na época da privatização da Eletrobras cita apenas “novos investimentos e Angra 3”, sem mencionar claramente os recursos para a extensão de Angra 1.

No setor nuclear, todo esse cenário dúbio desenha um futuro muito incerto e preocupante. Angra 1 possui  640MW de potência instalada e é peça fundamental no sistema elétrico brasileiro, por fornecer energia firme e de base perto da região Sudeste. Depois de sua privatização, a companhia elétrica ficou com 35,9% das ações ordinárias da Eletronuclear. Já a ENBPar ficou com 64,1% das ações. A ideia da Eletronuclear é que cada um dos acionistas faça um investimento em Angra 1 que seja proporcional as suas cotas acionárias na empresa.

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