INCERTEZAS ATRASAM INVESTIMENTOS EM GÁS NÃO CONVENCIONAL NO BRASIL
Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –
A exploração de gás não convencional ainda traz muitas incertezas. Além do impacto ambiental ainda não dimensionado, teme-se no mercado a possibilidade de formação de uma bolha de investimentos em reservas com vida útil pequena. Para o gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde e Operações do IBP, Carlos Henrique Abreu Mendes (foto à esquerda), a imprecisão do volume das reservas e o risco de formação de uma bolha de investimentos não podem impedir o avanço das discussões sobre a atividade. O chefe de gabinete da ANP, Silvio Jablonski (foto à direita), afirmou que a exigência de uma Avaliação Ambiental Estratégica para a realização do fraturamento é uma “ignorância” que surgiu no Ministério Público e foi absorvida pelo Ibama.
Carlos Henrique afirmou ser, no momento, difícil dizer se existe risco de formação de bolha, já que ainda não há um processo em regime normal de oferta desses recursos. “O fato de existir uso imediato do gás é uma novidade que pode gerar riqueza em uma determinada bacia e, por isso, o planejamento governamental deve incluir novas ofertas, para que a resposta do mercado seja positiva. Há uma série de posições a favor e contra, com essas histórias que estão surgindo de bolha nos Estados Unidos, mas não podemos impedir uma atividade exploratória porque existe essa possibilidade”, disse. Ele acrescentou que a questões de licenciamento estão gerando insegurança ao processo.
O gerente do IBP disse que, mesmo sem poder quantificar, as leituras geológicas já dão indícios de que as atuais tecnologias possibilitam a produção de gás natural em áreas rasas e mais profundas. “Existe um dimensionamento conjunto dos órgãos que atuam no planejamento, mas seria ainda muito precipitado fazer qualquer alusão. Usa-se muito o modelo americano como referência, mas eles já têm uma quantidade de bacias perfuradas e conhecimento geológico adquirido ao longo de 40 anos, o que está completamente longe da nossa realidade”, comparou. Ele ainda afirmou que, até dezembro, deverá ser divulgado o primeiro cenário das possibilidades de produção de gás não convencional. “Talvez não seja o suficiente, mas no primeiro semestre do ano que vem, com certeza, teremos informações preciosas para prestar à sociedade”, concluiu.
Silvio Jablonski disse que a discussão sobre impactos ambientais está sendo feita entre ANP, Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e energia, Agência Nacional de Águas, Ibama, Petrobrás e IBP. “Vamos produzir documento de síntese até o fim do ano para levar para a sociedade. Dizer que a Avaliação Ambiental Estratégica é condição Sine Qua Non para a realização do fraturamento é, no meu ver, uma ignorância. Essa ideia surgiu no Ministério Público e foi absorvida pelo Ibama. Vamos nivelar esse conhecimento e chegar a uma conclusão. Se vai prosperar eu não sei, mas já é uma maneira de começar”, disse. Ele afirmou que é necessário discutir desde já as possibilidades e os riscos da exploração de gás não convencional. “Você tem que começar fazendo para aprender. Se o Ministério Público inviabiliza isso, mesmo cumprindo seu papel legal, temos que, de alguma forma, romper essa barreira e mostrar que vamos obedecer aos regramentos de avaliação do uso da água”, explicou.
O chefe de gabinete da ANP acredita que o gás convencional tem suas vantagens e desvantagens. Segundo ele, a preocupação com a vida útil dos poços é de responsabilidade do operador, que terá que administrar essa depressão ao longo do tempo, assim como acontece nos Estados Unidos. “Vamos conseguir um gás muito barato mesmo com essa depressão, desde que se utilizem técnicas de pequena ocupação espacial”, concluiu.
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