INDÚSTRIA CELEBRA O LEILÃO DA CESSÃO ONEROSA, ENQUANTO ASSOCIAÇÃO DE ACIONISTAS CONTESTA RESULTADO

Os números alcançados no segundo leilão dos excedentes da Cessão Onerosa foram vistos de maneira positiva por entidades que representam o setor industrial. Para a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), presidida por Eduardo Gouveia,  os resultados reforçam a importância do petróleo e do gás natural na estratégia das empresas. A entidade vê potencial de geração de negócios principalmente para o estado do Rio de Janeiro, já que as duas áreas leiloadas – Sépia e Atapu – se encontram em águas fluminenses.

“Os resultados e as expectativas contribuem com a retomada da atividade pós pandemia, por meio da inserção de novos agentes no mercado, do crescimento da indústria, com incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias e, consequentemente, oportunidades de geração de renda e empregos para sociedade”, avaliou a federação.

Já o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP) destacou que o leilão representou a última oportunidade de acesso a grandes volumes já descobertos do pré-sal. “Como consequência dos esforços do governo, em articulação com a indústria, para melhorar as condições de competitividade, o certame atraiu a participação de grandes empresas globais”, declarou o instituto. “Com esse resultado, o IBP antevê a execução e contratação de volumosos investimentos para o aumento da produção e, consequentemente, geração de emprego, renda, divisas e receitas para o país”, completou a entidade liderada por Eberaldo de Almeida Neto (foto à direita).

Mas nem todos estão satisfeitos com a realização do leilão. A Associação de Petroleiros Acionistas da Petrobrás (ANAPETRO) protocolou uma denúncia contra o certame [que pode ser lida neste link]. Segundo a entidade, a licitação teve uma modelagem na qual o preço do barril de petróleo pago à Petrobrás será de US$ 40,00. Entretanto, segundo uma portaria do Ministério de Minas e Energia, o barril deveria ser negociado a US$ 72,00.

“Esta medida ataca as finanças da Petrobrás, e, em última análise, o patrimônio público. Por isso, a ANAPETRO decidiu denunciar mais um assalto aos cofres da estatal. Em que pese o leilão ocorrer na data de hoje, sabe-se que o contrato será analisado em diversas instâncias, havendo tempo hábil para reverter o modelo adotado”, disse a ANAPETRO em nota.

Durante a realização do leilão, nessa manhã, ambientalistas da 350. org e pescadores artesanais de oito associações da Região Metropolitana do Rio de Janeiro fizeram um protesto em frente ao Windsor Barra Hotel, na capital fluminense, exigindo o fim dos projetos de petróleo e gás na costa do Brasil. “Os lances das empresas no leilão de hoje serão, amanhã, os impactos que nos atingem, como os vazamentos de óleo e a contaminação dos recursos pesqueiros”, afirmou Alexandre Anderson, liderança nacional dos pescadores artesanais e presidente da Associação dos Homens e Mulheres da Baía de Guanabara (Ahomar).