INDÚSTRIA COMEÇA A TRAÇAR PERFIL IDEAL DO PRÓXIMO PRESIDENTE DA PETROBRÁS E PETROLEIROS MANTÉM CALENDÁRIO DE GREVE
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Com a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobrás nesta sexta-feira (1º), o setor de óleo e gás começou a desenhar os desdobramentos e o perfil ideal do próximo executivo a comandar a estatal. No fim da tarde, ficou decido que Ivan Monteiro assumiria interinamente o cargo e a expectativa agora é pelo anúncio do nome definitivo. O dia também foi de críticas à gestão Parente, que durante seu período à frente da petroleira tomou decisões que prejudicaram a cadeia nacional de fornecedores, como sua predileção por contratar estaleiros chineses. Uma das vozes do mercado que sempre se opôs à postura do executivo foi o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). O presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, foi enfático ao resumir a gestão Parente: “O nosso segmento sofre consequências negativas com a política de importação que foi implementada na gestão do Pedro Parente na Petrobrás”.
Agora, o Sinaval está na expectativa para saber quem será o próximo a sentar na cadeira da presidência da companhia, torcendo para que o próximo presidente tenha olhos e ouvidos mais sensíveis aos pleitos das empresas brasileiras. “O Sinaval espera que quem assumir a posição de presidente da empresa não veja o mercado nacional como inimigo e que esteja aberto ao diálogo”, concluiu. Vale lembrar que Ariovaldo e Parente tinham posições bem diferentes quando o assunto era conteúdo local, em virtude da Petrobrás continuar querendo mandar suas encomendas para o exterior, para a China principalmente.
Uma parte do mercado, no entanto, considerou positiva a era de Pedro Parente na Petrobrás, destacando os resultados financeiros alcançados por ele durante seu período no comando da companhia. “[Parente] Foi o responsável por colocar as contas em dia e, com pulso firme, foi obrigado a tomar atitudes muitas vezes impopulares, mas sempre tendo como objetivo a recuperação da Petrobras”, afirmou o presidente do Sistema Firjan, Eugênio Gouvêa Vieira. “Espero que o próximo gestor tenha integridade e comprometimento para dar continuidade à retomada de recuperação da Petrobras, para o bem da estatal, da indústria e pelo crescimento do país”, acrescentou.
Por parte dos trabalhadores, a saída de Parente também foi comemorada. O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, falou ao Petronotícias que Parente tem uma ligação com mercado financeiro e que, neste contexto, passou a administrar a Petrobrás como se fosse uma empresa privada. Para o sindicalista, não basta apenas a saída do executivo para que a estatal retorne ao rumo certo. “Na nossa concepção, [é preciso] uma mudança de política, não só na questão de derivados, mas também nesse processo de venda de ativos importantes da companhia”, explicou.
Como se sabe, a FUP estava planejando um calendário de greve nacional e uma das reivindicações era justamente a saída de Pedro Parente da presidência da petroleira. Agora, mesmo após o pedido de demissão do executivo, a entidade afirma que o planejamento de paralisação continua de pé. “Nosso calendário continua de pé, até porque não sabemos quem vai ser indicado e qual linha política ele seguirá”.
Sobre a paralisação dos petroleiros, a Petrobrás informou na tarde desta sexta-feira que todas as suas unidades estão operando. Segundo a empresa, a greve já foi encerrada em mais de 95 por cento das suas unidades. “Onde ainda é necessário, equipes de contingência atuam e a situação caminha para a normalidade e para o encerramento do movimento. Não há impacto na produção nem risco de desabastecimento”, detalhou a companhia.
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