INDÚSTRIA NAVAL DE NITERÓI JÁ SOMA 3.500 DEMISSÕES NESTE ANO
A crise na indústria naval parece não ter fim e continua a se desdobrar por todo o país. Em Niterói, o setor já demitiu aproximadamente 3.500 trabalhadores este ano, de acordo com dados do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói. O segmento naval é um dos principais responsáveis pela arrecadação de impostos no município fluminense, que deverá ter sua receita afetada ao longo do período de retração vivido pela indústria. O índice de desemprego, que no ano passado se limita a 3,4%, atingiu em maio deste ano os 5% na Região Metropolitana.
O Sindicato das Indústrias da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) afirma que a indústria de Niterói sofre das mesmas dificuldades que o restante do país. Apesar de indicar que não deve ocorrer uma melhora significativa a curto prazo no mercado, a instituição acredita que essas demissões se devem a “ajustes de pessoal”. Em comunicado, o Sinaval diz que os estaleiros “sempre apresentam movimento de ajustes de pessoal, em função de entregas realizadas e na adequação das equipes para as novas etapas de construção”.
Apenas na última semana, o estaleiro Eisa Petro-Um dispensou cerca de mil funcionários. A empresa, em carta distribuída aos empregados, culpa os desdobramentos da Operação Lava-Jato pela crise. O documento afirma que as indústrias de construção naval e offshore se encontram “praticamente paradas” por conta das investigações na Petrobrás. Os trabalhadores afirmam que a companhia não emitiu comunicado prévio.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Rocha (foto), a redução dos postos de trabalho atinge também outros estaleiros, como o UTC, Brasa, Vard e Enaval.
Um dos fatores locais que influenciam para a crise é o assoreamento do Canal de São Lourenço, de acordo com o secretário municipal de Indústria Naval, Luis Paulino. O processo impede a entrada de navios de grande porte na região. O projeto de dragagem do canal já está pronto desde 2011 e já conta com recursos garantidos, mas ainda não obteve licenciamento ambiental por parte do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Segundo Paulino, a prefeitura do município entrou recentemente nas discussões para tentar agilizar a emissão dessa autorização.
Embora não haja estimativa exata do valor de contribuição da indústria naval para a prefeitura de Niterói, a menor demanda no setor deve levar a um desempenho aquém do esperado na cidade. O secretário municipal de Fazenda, Cesar Barbieiro, afirma que a prefeitura não deve conseguir cumprir a atual meta de crescimento de 15% na arrecadação em 2015. “Para nos prevenir, fizemos um contingenciamento de R$ 95 milhões”, afirma Barbieiro.
O secretário acredita que, apesar da crise, a produção crescente do campo de Lula, no pré-sal, deve ajudar a indústria naval no momento. “Ao contrário das outras cidades, que têm campos mais antigos, o nosso campo é novo e está aumentando sua produção. Parte da nossa indústria naval é voltada para reparos. E a gente percebe que há uma demanda crescente na área de transporte marítimo”, explica ele.
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