COM DÍVIDAS DE R$ 4 BILHÕES, INEPAR DIVULGA PLANO DE RECUPERAÇÃO PARA TENTAR SAIR DA CRISE
O buraco é muito fundo e as circunstâncias não estão ajudando, mas mesmo assim o grupo Inepar, que controla a Iesa, finalizou seu plano de recuperação judicial e acaba de divulgá-lo. O objetivo será quitar dívidas totais somadas em mais de R$ 4 bilhões, num momento em que alguns de seus principais executivos foram presos pela Operação Lava Jato. Outro problema que entra na conta é a rescisão do contrato para a fabricação de módulos que vinha fazendo em Charqueadas, no Rio Grande do Sul, para os FPSOs replicantes da Petrobrás. Entre as ações do plano de recuperação, destacam-se a venda parcial de ativos, a emissão de valores mobiliários, além de alterações nos quadros societários, entre outras medidas. Em outubro, o grupo divulgou a lista de credores, em que constava um total de dívidas avaliado em R$ 4.052.405.219,78.
A companhia busca estabelecer novos meios de arrecadação como a emissão de títulos representativos de dívidas internacionalmente, alienação de ativos, de ações representativas do capital de sociedades do grupo Inepar ou de debêntures e de bonds. Uma vez homologado o plano, o grupo acredita que terá à sua disposição recursos para recompor seu capital de giro, realizar seu plano de negócios, pagar despesas da recuperação judicial e dos credores. No entanto, no mercado poucos acreditam que o grupo conseguirá superar os enormes desafios que tem pela frente.
Os créditos trabalhistas serão separados em dois tipos. Primeiro, os líquidos, certos e incontroversos, que são valores de até cinco salários mínimos, de origem unicamente salarial. Estes serão pagos em até um mês depois do plano ser homologado, desde que a dívida tenha vencido até 3 meses antes do pedido. O valor que restar será pago em quatro parcelas, tendo a primeira delas um prazo de 90 dias. Segundo, os créditos trabalhistas controvertidos, objeto de disputa ou ação judicial, serão pagos pelo método estabelecido por cada sentença de condenação ou conciliação, dependendo do caso. Os prazos para qualquer um desses casos começarão a contar depois de julgadas as sentenças.
O grupo ressaltou que prestará seus “melhores esforços para buscar, no menor prazo possível, a obtenção de acordos razoáveis com os credores trabalhistas no âmbito de tais ações judiciais”. Enquanto isso, a Justiça do Rio Grande do Sul bloqueou contas da Iesa, da Petrobrás e do consórcio Tupi BV por falta de pagamentos das rescisões trabalhistas de operários demitidos em Charqueadas, e os valores devem subir bastante, já que com a rescisão do contrato o número de demissões da Iesa deve chegar a mil pessoas no município. Mesmo com a divulgação do plano de recuperação pelo Inepar, a resolução para o caso dos desligamentos dos empregados pode sair antes da implementação das medidas estipuladas pelo grupo. Isso porque o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Bernardo Mata Schuch, quer que o pagamento a essas famílias seja realizado o quanto antes, sem precisar esperar pelo plano de recuperação.
Nesta quarta-feira (26), às 15h, acontecerá uma audiência na Vara do Trabalho de São Jerônimo (RS) a fim de uma conciliação entre empregados e a empresa. O total bloqueado pela ordem judicial foi de R$ 30 milhões da Iesa, da Petrobrás e Tupi BV, estas duas últimas relacionadas por responsabilidade solidária. Houve também uma determinação de sequestro de bens da Inepar no local, avaliados em R$ 73,4 milhões.
tudo pra dar merda…