INSTITUTO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS CONCLUI ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS EM SETEMBRO
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (INEEP) está apresentando um trabalho referente ao mês de setembro, analisando a trajetória mensal dos preços dos principais combustíveis no Brasil (gasolina C, diesel S10, GLP e etanol hidratado), com base nos dados publicados mensalmente pela ANP. Ele traz também um comparativo entre as trajetórias dos preços dos derivados no Brasil com os preços internacionais e os preços de paridade de importação (PPI) calculados pela ANP. O acompanhamento da trajetória dos preços reforçou a expectativa de pressão inflacionária do mercado internacional sobre o nacional. A elevação mensal de 8,8% no preço do barril de petróleo (Brent) provocou aumentos nos preços do diesel e da gasolina nos mercados americano e brasileiro, no entanto, com efeitos assimétricos nos dois países e sobre cada um dos derivados. No Brasil, a maior alta foi observada nos preços do diesel, cerca de 12,5% na média nacional. Com isso, o diesel fechou setembro com preço médio de R$ 6,20 por litro. Essa trajetória de alta é explicada tanto pelo aumento dos preços internacionais (segundo a ANP, em média, a referência do PPI do diesel saiu de R$ 4,13 por litro, em agosto, para R$ 4,47 por litro em setembro), quanto pela suspensão temporária nas exportações de diesel de origem russa, desvalorização cambial do real frente ao dólar e recuperação do nível de atividade econômica acima do esperado ao longo de 2023. Isso resultou em uma elevação dos preços praticados por produtores e uma redução da margem de distribuidores e na revenda.
Na comparação com a referência do PPI, o trabalho revela uma estabilidade dos preços nas refinarias da Petrobrás, que fecharam o mês R$ 0,72 por litro abaixo do PPI. A refinaria privada Acelen (BA) acompanhou pari passu a trajetória do PPI, mas ainda está abaixo dessa referência. A Ream (AM) foi a única refinaria que finalizou o mês com preços acima do PPI, R$ 0,23 por litro. O parque de refino da Petrobrás contribuiu decisivamente para a redução da volatilidade dos preços no mercado interno. No caso da gasolina, o aumento no mercado interno foi de 2,1% em setembro e o derivado alcançou preço médio de R$ 5,83 por litro. Este é o segundo mês consecutivo que a gasolina fica acima do preço médio observado no mesmo mês em 2022. O preço de paridade de importação (PPI), calculado pela ANP, fechou o mês a R$ 3,10 por litro. A Petrobrás foi a única produtora a praticar preços inferiores à referência do PPI (R$ 0,14 inferior por litro). As outras três refinarias privadas encerram setembro com preços no mínimo R$ 0,17 por litro acima da referência. Assim como no caso do diesel, houve uma elevação no preço dos produtores e queda na margem das distribuidoras e revenda no preço final da gasolina.
- O preço do petróleo Brent subiu cerca de 8,8% em Nos EUA, os preços do diesel e da gasolina apresentaram um comportamento similar, registrando quedas de, respectivamente, 1,7% e 5,5% na região do Golfo do México nas duas últimas semanas do mesmo mês.
- No mercado brasileiro, o preço da gasolina nos postos de revenda aumentou 2,1% em setembro, quando comparado com o mês anterior, e atingiu o preço de R$ 5,83 por litro. O maior preço médio seguiu sendo apurado na região Norte (R$ 6,23), enquanto o menor, na região Sudeste (R$ 5,65). Entre os estados, as maiores médias mensais foram observadas no Acre (R$ 6,75) e no Amazonas (R$ 6,60) e as menores, em Mato Grosso do Sul (R$ 5,58) e em São Paulo (R$ 5,62).
- O preço do diesel S10 registrou novamente forte aumento, de 12,5% na média nacional, com preço médio de R$ 6,20 por litro na bomba. Esse aumento incorporou também a retomada do valor referente ao tributo federal (PIS/COFINS) de R$ 0,11 por litro previsto em medida provisória (MP 1159/2023). A região Norte continua se destacando pelo maior preço médio regional (R$ 6,45) e a Sul, pelo menor valor, R$ 6,11 por litro. Entre os estados, as maiores médias foram observadas no Acre (R$ 7,06) e no Amapá (R$ 6,66) e as menores em Alagoas (R$ 6,04) e no Rio de Janeiro (R$ 6,03).
- O preço médio nacional do GLP aumentou 1,1% no comparativo mensal, registrando preço de R$ 101,41 por botijão de 13kg. Entre os estados, as maiores médias observadas foram novamente em Roraima (R$ 124,57) e em Mato Grosso (R$ 120,98) e as menores, em Alagoas (R$ 92,46) e em Pernambuco (R$ 88,06).
- O preço médio do etanol hidratado se manteve estável na comparação entre agosto e setembro de 2023 e fechou o mês com preço médio de R$ 3,64 por litro no âmbito nacional, valor superior à média mensal registrada em setembro de 2022. O preço do biocombustível se manteve 62,4% abaixo do preço da gasolina. A região Norte apresentou o maior preço médio (R$ 4,67) e a região Centro-Oeste, o menor (R$ 3,57). Entre os estados, as maiores médias foram observadas no Amapá (R$ 5,59), em Roraima e em Rondônia (R$ 4,95), e as menores, novamente, em São Paulo (R$ 3,47) e em Mato Grosso (R$ 3,41).
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS PREÇOS DE PARIDADE DE IMPORTAÇÃO (PPI) E OS PREÇOS PRATICADOS PELAS OPERADORAS
- Ao final de setembro, o preço de paridade de importação (PPI) calculado pela ANP para a gasolina ficou em R$ 3,10 por litro, crescimento 3,5% em relação à última semana do mês anterior. As refinarias da Petrobrás foram as únicas a venderem gasolina às distribuidoras com preços inferiores ao PPI, cerca de R$ 0,14 por litro abaixo da referência, o equivalente a uma diferença de 4,5% por litro. Todas as refinarias privadas operando no Brasil (Acelen-BA, Ream-AM e Refinaria Clara Camarão – RN) praticavam preços acima da referência do PPI. No caso da Acelen-BA essa diferença foi de 8,1% e nos casos da Ream e RCC foi de, respectivamente, 8,4% e 5,5%.
- No caso do Diesel, foi de R$ 4,57 por litro, o que corresponde a um crescimento de 8% em relação ao final do mês anterior. O preço praticado pela Ream (AM) era o único acima da referência do PPI ao final de setembro (R$ 4,80), com diferença de R$ 0,23 por litro ou cerca de 5% superior ao PPI. A Acelen (BA), outra refinaria privada, registrou preço de R$4,43 por litro, R$ 0,14 inferior ao PPI no fim do mês. No parque de refino da Petrobrás, o preço médio de revenda do diesel às distribuidoras era R$3,85 por litro, ou seja, R$ 0,72 por litro ou 15,8% inferior à referência do PPI.
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