INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA ELEVA A PREVISÃO DO PIB BRASILEIRO PARA 1,8%
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quinta-feira (30), a Visão Geral da Conjuntura, análise trimestral da economia brasileira, com previsão de crescimento de 1,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. O destaque vai para o setor de serviços, com estimativa de previsão de alta de 2,8%, enquanto os setores de agropecuária e industrial devem mostrar relativa estabilidade. Do lado da demanda, a projeção de crescimento do consumo das famílias ficou em 1,6% para este ano. Depois da alta de 1% do PIB registrada no primeiro trimestre de 2022, a maioria dos setores produtivos apresentou desempenho positivo também em abril. As previsões do Ipea mostram que, em maio, o nível de atividade deve avançar na comparação com o mês anterior e com ajuste sazonal: 1,2% na indústria, 0,6% no comércio e 0,3% nos serviços. A evolução dos indicadores de atividade está em linha com o desempenho do mercado de trabalho, cujos dados recentes mostram que o ritmo de recuperação se intensificou ao longo dos últimos três meses, combinando forte expansão da população ocupada e redução significativa da taxa de desocupação, mesmo com o aumento da taxa de participação. Esse conjunto de indicadores sugere boas perspectivas para o PIB no segundo trimestre de 2022, com projeção de crescimento de 0,6% no período, em termos dessazonalizados, em relação ao trimestre anterior, e de 2,3% sobre o mesmo trimestre do ano passado.
Para o segundo semestre deste ano, há expectativa de desaceleração da atividade econômica, em função de fatores externos e internos. Os aspectos externos apontam para menor crescimento e maior incerteza, dada a elevação das taxas observadas e esperadas de inflação na maioria dos países, e a persistência da guerra entre Rússia e Ucrânia, que deve prolongar os atuais problemas nas cadeias produtivas. Do ponto de vista dos fatores internos, a persistência de taxas de inflação elevadas, além de inibir o consumo por meio da redução da renda real das famílias, tem levado ao aperto da política monetária no país, cujos efeitos atingem o mercado de crédito e tendem a se intensificar nos próximos meses.
Para 2023, a projeção de crescimento do PIB é de 1,3%. Em termos de atividade econômica, o próximo ano deve ser tímido, no início, mas caracterizado por aceleração ao longo do ano. O cenário tem como base duas hipóteses. Primeiro, com o fim da guerra na Ucrânia, a atenuação dos problemas pelo lado da oferta reduzirá grande parte da pressão inflacionária do exterior, possibilitando que a política monetária possa cumprir seu papel de reduzir gradualmente a inflação sem a necessidade de uma queda mais profunda dos níveis de atividade. Além disso, no início do ano que vem, parcela importante do impacto adverso do aperto monetário interno sobre a atividade econômica já terá ocorrido.
Há expectativa de crescimento para todos os setores da economia no próximo ano: agropecuária (2,5%), indústria (1%) e serviços (1,4%). Do lado da demanda, os destaques são o consumo das famílias e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com altas de 1% e 3%, respectivamente. Em relação à inflação, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 é de 6,6%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve ficar em 6,3%. A alta maior dos preços livres é compensada pela desaceleração dos preços administrados, por conta da Lei Complementar 194/2022. Para 2023, a alta de ambos os índices é projetada em 4,7%.
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