IRÃ ENRIQUECE URÂNIO EM NÍVEIS MILITARES E ORGANIZA EXERCÍCIOS NAVAIS COM A RÚSSIA E A CHINA NO OCEANO ÍNDICO
Ao mesmo tempo em que o a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denuncia que o Irã acelera a produção de urânio enriquecido a 20% para uso militar, a Rússia, a China e o próprio Irã anunciam que devem realizar exercícios navais conjuntos no Oceano Índico. O Irã começou a produzir urânio metálico, um material banido pelo acordo nuclear firmado pelo país em 2015 e que pode ser usado como componente para fabricação de armas nucleares. A informação consta em um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Trata-se de uma pequena quantidade de urânio metálico natural, que não foi enriquecido. Segundo a agência, para usar urânio metálico no núcleo de uma arma nuclear, o Irã precisaria de cerca de meio quilo de urânio metálico altamente enriquecido. Após o anúncio, as autoridades russas pediram “moderação e responsabilidade” ao Irã. Desde que os Estados Unidos saíram do acordo nuclear, o Irã cometeu uma série de violações, como aumento da produção de combustível nuclear e enriquecimento de urânio a 20%, a maior pureza do material que o país produziu desde 2013.
Por usa vez, o chefe do Comando Central dos Estados Unido reconheceu que os americanos enfrentam competição no Oriente Médio e organizam exercícios conjuntos com a Austrália e o Japão, em Guam. O embaixador da Rússia no Irã, Levan Dzhagaryan, anunciou na que os exercícios navais trilaterais serão realizados no norte do Oceano Índico, em meados de fevereiro. Disse que os exercícios navais conjuntos incluirão o ensaio de operações de busca e resgate e a garantia da segurança do transporte marítimo.
Exercícios semelhantes foram realizados entre os três países no Oceano Índico, no Golfo de Omã, na costa do Irã, em dezembro de 2019, em um movimento que pareceu conter a atividade dos Estados Unidos na região. O Golfo de Omã é uma via navegável que conecta o Mar da Arábia com o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quinto do petróleo mundial. Para lembrar, na época, as tensões estavam aumentando entre o Irã e os Estados Unidos desde que Washington desistiu do acordo nuclear com o Irã em 2018 e impôs sanções a Teerã. O Irã advertiu repetidamente que bloquearia o estratégico Estreito de Ormuz se não pudesse vender seu petróleo devido às sanções americanas. Os Estados Unidos na época acusaram o Irã de estar por trás de vários ataques a petroleiros no Estreito de Ormuz em maio e junho de 2019, alegações estas que o Irã negou.
O presidente Joe Biden disse que os Estados Unidos se juntarão ao acordo nuclear com o Irã “se o Irã retomar o cumprimento estrito”. Mais recentemente, Biden que não suspenderia suas sanções econômicas para levar o Irã de volta às negociações sobre como reativar o acordo nuclear. Logo depois, o líder iraniano aiatolá Ali Khamenei disse que “Se os Estados Unidos quiserem que o Irã retorne aos seus compromissos, eles devem suspender todas as sanções na prática, então faremos a verificação.” O anúncio dos próximos exercícios militares ocorre depois que Biden, no início de fevereiro, ordenou que o USS Nimitz, então o único porta-aviões da Marinha dos americana no Oriente Médio, deixasse sua área de responsabilidade e retornasse ao seu porto de origem no estado de Washington.
O chefe do Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), general Kenneth McKenzie (foto à direita), disse que as ações do Irã representam o “fator mais desafiador de instabilidade” na área de responsabilidade do CENTCOM dos Estados Unidos no Oriente Médio: “Enfrentamos uma concorrência cada vez maior na região da Rússia e da China, ambas disputando poder e influência por meio de uma combinação de meios diplomáticos, militares e econômicos. Isso adiciona outra camada de tensão e instabilidade a uma região já complexa e desafiadora.”
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