IRÃ PODE ESTAR CONSTRUINDO NOVA BASE DE CENTRIFUGAS PARA ENRIQUECER URÂNIO SOB UMA CADEIA DE MONTANHAS

O jornal norte-americano The New York Times publica uma reportagem reveladora sobre o programa nuclear iraniano que está deixando os Estados Unidos, Israel, Reino Unido, Alemanha e França de cabelo em pé. A luz amarela já passou de fase. Agora é vermelha. A misteriosa explosão em julho deste ano que destruiu uma sala de montagem de centrífugas na principal instalação de enriquecimento de combustível nuclear do Irã, em Natanz (primeira foto à direita), foi considerada pelas autoridades iranianas como sabotagem inimiga e provocou uma resposta desafiadora: o prédio destruído seria reconstruído no coração das montanhas, segundo disse o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã. O progresso protege a instalação de um ataque aéreo ou outras ameaças. Mas novas imagens de satélite agora estão lançando luz sobre os planos iranianos.

Uma equipe de Investigações Visuais do jornal rastreou a construção no local usando as novas imagens. Pela primeira vez, novas entradas de túneis para construção subterrânea são visíveis no sopé da montanha ao sul da instalação de Natanz, cerca de 210 quilômetros ao sul de Teerã. O  especialista  em controle de armas do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, em Monterey, na Califórnia, Jeffrey Lewis (foto), foi ouvido sobre as novas imagens e disse que  “A nova instalação provavelmente será um local muito mais seguro para a montagem da centrífuga. Está localizada longe de uma estrada e o cume oferece uma cobertura significativa que protegeria a instalação de ataques aéreos.”

A explosão de julho não foi o único incidente recente que pareceu ter exposto grandes lacunas na segurança do Irã em seu programa nuclear, que o país insiste ser limitado a fins pacíficos. No final de novembro, um atentado a luz do dia matou o principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh. O Irã culpou Israel e os Estados Unidos pela explosão de Natanz e pelo assassinato de Fakhrizadeh, que foram considerados retrocessos graves para o programa nuclear iraniano. Jeffrey Lewis descreveu as pistas de que a construção subterrânea estava em andamento no local em Natanz: “Existem o que parecem ser duas entradas de túnel em cada lado de uma grande crista, com uma pilha de entulho de escavações próximas.  O espaço entre as duas entradas é grande o suficiente para acomodar uma instalação do mesmo tamanho que o prédio de montagem da centrífuga que foi destruído neste verão e que o Irã indicou que estava reconstruindo nas montanhas.”

 Olhar para imagens de satélite tiradas ao longo de vários meses permite rastrear mudanças. Mesmo algo tão simples e imperceptível como uma pilha de sujeira é uma pista: “A principal pista é a pilha de entulho da escavação que não estava presente em julho. O Irã também reagrupou um par de estradas em cada lado do cume levando ao que parecem ser entradas de túneis.” Várias atividades em Natanz foram capturada por satélites nos últimos meses e  inclui a construção de novas estradas e escavações adicionais, que começaram após a explosão. Alguns analistas dizem que túneis adicionais   estão sendo construídos, sugerindo que o trabalho em um complexo subterrâneo está em andamento.

Para Lembrar, o prédio destruído foi construído em 2012 e tinha sido usado para montar centrífugas, as máquinas que enriquecem o urânio necessárias para fins pacíficos – e quando enriquecido a níveis mais elevados, são para uso militar. O acordo nuclear de 2015 entre o Irã e as potências mundiais suspendeu o enriquecimento de alto nível, mas o Irã começou a acumular urânio enriquecido novamente depois que o presidente Trump deixou o acordo, dois anos atrás.