LAVA JATO PRENDE DELCÍDIO AMARAL, LÍDER DO GOVERNO NO SENADO, E ANDRÉ ESTEVES, DONO DO BANCO BTG PACTUAL

Quem pensou que a Polícia Federal daria uma trégua até a próxima fase da Operação Lava Jato, após a prisão de José Carlos Bumlai na terça-feira (24), enganou-se. Os investigadores fizeram mais prisões nesta quarta-feira (25), incluindo o Senador Delcídio Amaral (PT), líder do governo no Senado, e o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, além do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. O advogado Édson Ribeiro, que defendeu o ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, também teve a prisão autorizada, mas ele está atualmente nos Estados Unidos.

Delcídio foi preso por acusações de ter tentado atrapalhar as investigações, chegando inclusive a oferecer uma alternativa de fuga a Cerveró, para que ele não fechasse acordo de delação premiada. Já Esteves foi preso por conta de informações contidas nos inquéritos da Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal, responsável por autorizar as prisões.

O senador do PT já tinha sido acusado de receber propina de US$ 1,5 milhão por conta da negociação da compra da refinaria de Pasadena, em versão dada pelo lobista Fernando Baiano, atualmente colaborando em regime de delação premiada. Delcídio negou as acusações na época, mas os investigadores alegam agora que ele atuou em seguida para dificultar o trabalho de apuração das irregularidades.

A oferta de fuga feita por Delcídio a Cerveró foi gravada por um dos filhos do ex-diretor internacional da Petrobrás, segundo os investigadores. A prisão dele ocorreu no hotel em que ele mora em Brasília, o Golden Tulip, o mesmo em que José Carlos Bumlai foi preso na terça (24). Também foram realizadas buscas e apreensões no gabinete de Delcídio, no Congresso, e na casa dele, em Campo Grande (MS).

O senador também foi citado em outro contrato da Petrobrás que teria sido alvo de irregularidades. O negócio trata do aluguel de navios-sonda para a estatal, e, segundo Baiano, houve um acordo entre Delcídio, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Silas Rondeau, também filiado ao PMDB, para dividir entre si uma soma de US$ 6 milhões. Na época, todos negaram a participação no esquema.

O pedido que levou às prisões foi feito pela Procuradoria-Geral da República, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), sendo que as prisões de Delcídio e do advogado que defendeu Cerveró são preventivas, enquanto as do banqueiro e do chefe de gabinete do senador são temporárias.

A prisão de André Esteves deve ter modificado a agenda de muitos economistas nesta quarta, já que ele seria o anfitrião do evento “Perspectivas Econômicas 2016”, promovido pelo BTG Pactual a partir das 17h no Hotel Sofitel, em Copacabana (RJ). Além dele, que faria a abertura do encontro, também iriam palestrar os economistas Persio Arida, Eduardo Loyo, ambos sócios do banco, e Guilhermo Ortiz, diretor do BTG no México.