LÍDERES DO SETOR DE ÓLEO E GÁS VEEM MUDANÇAS EM CURSO COMO CHANCE DE MELHORAR CENÁRIO EM 2017

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

lincoln-guardado-qgepAs consequências da crise nacional afetaram diversas camadas do setor de óleo e gás em 2016, mas as mudanças que estão em curso atualmente têm sido vistas como boas oportunidades para melhorar o panorama geral do País e fomentar novos investimentos a partir de 2017.

Com algumas diferenças de olhar, os três entrevistados desta edição da série Perspectivas 2017 traçam suas visões para o próximo ano e suas análises sobre o que se deu em 2016.

O presidente da Queiroz Galvão Exploração e Produção, Lincoln Guardado, foca suas atenções nos novos leilões, na extensão do Repetro, no fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal e nas mudanças do conteúdo local. Já o diretor da Frigstad Offshore no Brasil, José Almeida, fala sobre a baixa do mercado de sondas e comenta a importância de a situação da Sete Brasil ser resolvida para que sejam tiradas as incertezas sobre o segmento. O Country Manager da Modex Energy no Brasil, Carlo Vollmer Cervo, lamenta as perdas geradas para a indústria com a corrupção, mas ressalta que o fim de 2016 marcou o início de um novo movimento positivo, e se diz otimista em relação a 2017.

Veja a seguir as opiniões dos três executivos ouvidos pelo Petronotícias.

Lincoln Guardado, presidente da QGEP

1 – Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?

A indústria deu passos importantes durante o ano de 2016. Na Rio Oil & Gas, ocorrida aqui no Rio, foi feito o anúncio de um calendário fixo de leilões e a ANP já confirmou a  4ª rodada de licitações de campos marginais e bacias maduras para março de 2017. Tivemos também avanços em torno da renovação do Repetro e das mudanças da Política Nacional de Conteúdo local, em avaliação pelo Congresso, além da aprovação do fim da obrigatoriedade do operador único no pré-sal.

2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

O Governo precisa apoiar o crescimento e desenvolvimento da indústria com medidas concretas como a extensão do Repetro, a mudança das regras do Conteúdo local que beneficiem tanto operadores quanto fornecedores, além de um calendário fixo de leilões para águas profundas.

3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?

Otimista. Todas as mudanças já mencionadas anteriormente começam a atrair novos players para o Brasil e levar as grandes companhias presentes no país a ampliar sua atuação no setor, gerando mais empregos, renda e fortalecendo a economia brasileira e o setor de óleo e gás como um todo.

José Almeida, diretor da Frigstad Offshore no Brasil.José Almeida, diretor da Frigstad Offshore no Brasil

1- Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?

O ano de 2016 foi extremamente negativo para o setor de perfuração em geral, que acabou afetando o setor de sondas de águas profundas e ultra profundas no mundo todo.

No caso do Brasil e da Petrobrás em particular, houve uma acomodação das unidades que a empresa precisa para o futuro próximo.

Parece que está havendo também uma decisão final do que vai ser da SeteBrasil. Com esses ajustes e com avanço do preço do petróleo, poderá haver uma retomada para o tipo de sonda da Frigstad – águas profundas e ultra profundas.

Além da conjuntura de preço de petróleo, redução da atividade econômica em geral, houve uma tempestade na área política, como jamais vista nos últimos anos.

Particularmente, acho que o direcionamento que está sendo dado ao setor econômico pode ajudar o Brasil a sair da crise com mais solidez e segurança.

O dado bastante positivo é que as reservas do Pré-sal estão sendo confirmadas e parecem ser de grandes proporções, o que certamente vai demandar muita atividade de perfuração para desenvolver todo esse óleo. Já houve  uma redução grande nos custos de investimentos e custos operacionais, o que permite produzir o pré-sal com preço do óleo na faixa atual em torno de US$ 50/barril.

2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

  1. a) Aprovação de todas as reformas que o executivo já enviou ou deve enviar para o parlamento.
  2. b) Flexibilização do conteúdo Local para permitir redução de custos e maior eficiência do setor.
  3. c) Venda de ativos pela Petrobrás, mais campos de valor reduzido, de sorte que haja uma participação mais efetiva do setor privado no produção e busca de mais óleo.
  4. d) Preço do óleo um pouco maior do que o atual ajudaria todo setor, inclusive na área de arrecadação de impostos.
  5. e) Redução do tamanho do Estado na economia e consequentemente da Petrobrás também.
  6. f) Acordo para acertar situação da Sete Brasil de uma vez por todas, ajudando a tirar as incertezas da área de sondas.
  7. g) Mais leilões de blocos do pré-sal para atrair mais empresas grandes ao Brasil. Dar plenas garantias jurídicas a todo investidor.

Na minha visão, isso sendo feito já vai ajudar bastante.

3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?

Continuamos com esperanças em 2017 de que a atividade possa ser retomada e aos poucos acabem sobrando os melhores equipamentos em termos de desempenho e empresas comprometidas com a boa governança.

A Petrobrás já está indo numa direção muito positiva, esperamos que continue assim.

carlo-cervo-modexCarlo Vollmer Cervo – Country Manager da Modex Energy no Brasil

1- Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?

Desde 1993, acompanho a área de Exploração & Produção no Brasil, e, após ver anos de crescimento e confiança (+- nesta primeira década), presenciei a destruição do setor e da Petrobrás, patrocinada pelos governos recentes e empresas amigas. Pois sempre é bom lembrar; os corruptos existem porque há corruptores, e vice-versa. Os acontecimentos macros que marcaram o final de 2016, porém, foram extremamente positivos para o setor de Óleo e Gás, e pavimentam um melhor futuro para o setor no Brasil. A agenda mínima demandada pelo IBP, a ABESPetro e as demais entidades vem sendo implementada com celeridade e velocidade… Antes tarde do que nunca.

2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?

A estabilidade política seria importante neste momento. O Brasil vem sendo muito maltratado nestes últimos anos, com isso estamos perdendo tempo. A agenda política e de poder não permite que o país volte aos trilhos. E, claro, necessitamos de renovação política, que outras importantes reformas macro sejam implementadas, e que os governos gastem menos – e principalmente – melhor. E também investir em educação, vislumbrar as próximas gerações ao invés de governar para seus quatro anos…

3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?

Por natureza, sou otimista e penso positivo, mas este ano está difícil… Mas será que pode ficar pior? Creio que não, está melhorando, mas os efeitos positivos levam tempo para afetar nossos negócios. De maneira geral, o ano para a Modex foi muito positivo, e creio que 2017 trará boas surpresas, com acomodações no mercado e possíveis fusões ou aquisições. Ao final, os sobreviventes sairão fortalecidos da crise…

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