PETROBRÁS NÃO CONVIDOU SÓ 40 EMPRESAS PARA CONSTRUIR GASODUTO EM SÃO PAULO, MAS 62. MUITAS DELAS SEM EXPERIÊNCIA

Na semana passada, o Petronotícias trouxe uma informação sobre o convite que a Petrobrás fez para que empresas brasileiras e estrangeiras participassem de uma licitação para construção de um gasoduto em São Paulo. A informação que recebemos era de 40 empresas convidadas para apresentar propostas. O número foi considerado exagerado, inclusive porque uma boa parte dessa lista não tinha qualquer experiência na construção de gasodutos, um trabalho extremamente técnico e de muito risco. Qualquer erro num projeto desses pode ter consequências bastante perigosas no futuro.  Mas o Petronotícias conseguiu apurar que não foram só 40 as empresas convidadas, mas sim 62 empresas. Outras vinte e duas completam a segunda parte da lista. E igualmente como a primeira, algumas delas não reúnem expertise específica para construir gasodutos. Não tivemos acesso a lista completa, mas uma de nossas fontes aponta o exemplo da empresa italiana Saldimpianti, especializada em construir  especialmente tanques de armazenamento.  Segundo as informações da nossa fonte,  a maioria delas não pode comprovar se já construíram gasodutos e muito menos ter o CRCC da Petrobrás, condições primordiais para participar do certame. A falta de experiência dessas empresas está provocando um fenômeno no mercado. Há muitas companhias estrangeiras buscando empresas brasileiras que já possuem os atestados requeridos  para se associarem. Algumas, inclusive,  estão propondo financiar empresas brasileiras para executarem as obras e se responsabilizarem no relacionamento com os gerentes e fiscais da Petrobrás, uma tarefa que consideram um desafio. As propostas deverão ser entregues em maio.

O gasoduto vai ligar São Bernardo à Refinaria de Capuava (RECAP). Há também as obras de  interligações dentro da refinaria. Os critérios utilizados para estes convites ainda não foram bem compreendidos. No edital, a Petrobrás exige que a empresa convidada disponha do CRCC de qualificação técnica (já aprovada em seu cadastro) para EPC e obras de dutos terrestres. Ou seja, é obrigatório que a empresa tenha sido avaliada anteriormente e que tenha tido aprovação desta experiência. A pergunta continua a mesma: se a própria Petrobrás sabe disso, que grande parte delas não possui esta pré-qualificação,  por que convidar essas empresas?

Algumas delas são tradicionais e atuantes. Outras não se sabe com segurança se reúnem a experiência necessária em construção de dutos com o grau de qualificação que a obra exige. Além de tudo isso, cada companhia precisa ter um capital mínimo de 30 milhões de reais, o que também elimina uma boa parte da lista. Não é nada lógico que se inclua no mesmo pacote empresas sem experiências para concorrer com gigantes internacionais.

Uma coisa é bem explícita quanto à experiência de quem pretende confirmar a participação no processo licitatório. Como pré-condição, ele exige “comprovante de cadastro na Petrobrás com os requisitos de  avaliação “A” ou “Q“, até a data de apresentação de admissibilidade da proposta, em ambas as famílias: EPC/C&M de Unidades de Processo e EPC/C&M de Dutos Terrestres”. Vai ser curioso receber as propostas em maio e saber as razões daquelas que serão classificadas.