MINISTRA DAS FORÇAS ARMADAS FRANCESAS LANÇA PROGRAMA DOS SUBMARINOS DE GERAÇÃO 3 QUE VAI CRIAR MILHARES DE EMPREGOS

A ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, anunciou o lançamento da fase de desenvolvimento em grande escala do programa SNLE 3G, que prevê a construção de submarinos de mísseis balísticos de terceira geração da França (SSBNs). O evento de lançamento foi no Centro de Testes Hidrodinâmicos da Direção-Geral de Armamentos (DGA) da França, localizado em Val-de-Reuil, na Normandia. A Lei do Plano Militar 2019-2025 prevê a substituição dos quatro submarinos da classe Le Triomphant por quatro unidades de terceira geração (SNLE 3G) a partir de 2035. Isso é para garantir a continuidade da capacidade de dissuasão marítima francesa com um mínimo de um submarino nuclear em patrulha no mar o tempo todo. Os submarinos brasileiros que estão em construção no Rio, são da Classe Scorpène, inclusive o Nuclear que iniciará a sua montagem em poucos anos.

O programa SNLE 3G está sendo conduzido pelas forças armadas francesas e pela DGA, que é responsável pelo gerenciamento geral do projeto. É o assunto de um acordo-quadro com a indústria para o desenvolvimento, industrialização, logística e produção dos quatro SSBNs. O Grupo Naval é o principal contratante para a fabricação geral dos submarinos, em joint venture com a TechnicAtome, que é responsável pela construção das caldeiras nucleares. O primeiro contrato contempla os estudos de desenvolvimento até ao final de 2025, a realização dos primeiros elementos do casco e da sala da caldeira do primeiro SNLE 3G, bem como a adaptação dos meios de produção industrial do Grupo Naval para este programa.

“Tenho o prazer de anunciar  o lançamento do programa de submarinos de mísseis balísticos de 3ª geração. Esses quatro submarinos, cujo desempenho notável garantirá a longo prazo a credibilidade operacional do componente oceânico de nosso dissuasor. Eles substituirão os atuais em sua missão, sem interrupção. Hoje, o que estamos lançando em termos concretos são os estudos de design e industrialização geral, aquisição e fabricação das peças mais críticas, bem como o dimensionamento consistente de nossas instalações industriais”, disse a ministra.

Durante seu discurso, Florence Parly declarou também que “o submarino de terceira geração será um pouco mais longo e pesado em comparação ao da classe Le Triomphant. Ouvirá melhor e se defenderá melhor, será mais silencioso.  Não será mais ruidoso que um cardume de camarões, o que é absolutamente excepcional. Será capaz de se harmonizar perfeitamente com os sons ambientais do mar, o que é uma garantia de superioridade operacional.  O programa  representa o trabalho de muitas vidas. Depois do Le Redoutable dos anos 1965 a 1980, depois do Le Triomphant dos anos 1995, que ainda navegará até 2050, é um programa que incorpora plenamente o longo tempo  da nossa defesa.  O primeiro submarino de terceira geração irá ser entregue em 2035, seguido por um submarino a cada 5 anos. E estes vão navegar até 2090. Ou seja, os últimos marinheiros que vão patrulhar a bordo dos submarinos de terceira geração ainda não nasceram.”

Mais de 200 empresas da base tecnológica e industrial de defesa francesa trabalharão com o Grupo Naval para fornecer serviços de design ou construção de equipamentos e sistemas. Ao final, nos próximos 30 anos, esse programa representará até 100 milhões de horas de trabalho, incluindo 15 milhões de horas de projeto e mais de 80 milhões de horas de construção. No estaleiro submarino do Grupo Naval em Cherbourg, mais de 300 funcionários trabalham em atividades de design, e a construção representa mais de 2.000 funcionários. As equipes de Cherbourg irão construir a plataforma (casco, estrutura, parte dos módulos internos), integrar os equipamentos e sistemas na plataforma e efetuar o comissionamento e teste das instalações do submarino.

Como parte do programa SNLE 3G, a agência de compras de defesa francesa (DGA) assinou um Memorando de Intenções  com a Thales para o desenvolvimento de um conjunto de sonar completo, incluindo uma ampla gama de matrizes de sonar e sistemas de processamento associados. A Thales fornecerá matrizes de flanco de nova geração e sonares montados na proa, uma matriz linear rebocada com base em tecnologia ótica (ALRO) e todos os outros equipamentos que compõem a suíte de sonar (matrizes de interceptação, eco-sondas, telefones subaquáticos).  O sistema de processamento de dados do sensor ALICIA ( Análise, Localização, Identificação e Alerta) com uma interface de usuário projetada para lidar com a diversidade e o volume de dados disponíveis, otimizará a carga de trabalho do operador e fornecerá suporte à decisão.

Alexis Morel, vice-presidente de sistemas subaquáticos da  Thales, disse que  “As equipes da Thales têm se concentrado especialmente no projeto SNLE 3G para garantir que ele se beneficie de nossas melhores inovações de sonar, que vêm tomando forma nos últimos cinco anos como parte de quase 50 anos de investimentos consistentes em P&D soberano para garantir a invulnerabilidade dos Submarinos da França. As novas tecnologias de matriz de sonar soberano, processamento e Big Data oferecerão desempenho incomparável para os submarinos de terceira geração e também serão benéficas para os de segunda geração da classe Triomphant modernizados. Agradecemos ao Ministério das Forças Armadas pela confiança que depositaram em nós e estamos felizes por trabalharmos lado a lado com o Grupo Naval neste importante projeto nacional”.

A TechnicAtome é responsável pelo projeto, construção e comissionamento do reator de propulsão nuclear, em parceria com o Grupo Naval, que tem a responsabilidade geral pelas embarcações. De acordo com a empresa, o projeto do reator para o submarino  de terceira geração beneficia em mais de 50 anos de know-how em reatores compactos com a integração permanente de inovações para aumentar o desempenho militar do reator, sua disponibilidade,  capacidade energética de seu núcleo e garantias de segurança nuclear. Nesse sentido, o reator de propulsão nuclear do programa SNLE 3G é um elo entre o reator de baixa potência do programa Barracuda e o reator do futuro porta-aviões PANG. Conhecido como K22, este reator fornecerá uma potência significativamente maior.