MORRE RICARDO RODRIGUES, RESPONSÁVEL PELOS ACELERADORES DE PARTÍCULAS NO BRASIL

Ricardo_Rodrigues-1-scaledO Brasil perdeu um dos seus grandes cientistas. Morreu na última semana o engenheiro Antonio Ricardo Droher Rodrigues. Ele era líder da equipe de engenharia que desenvolveu e está finalizando a construção dos aceleradores do Sirius, a segunda fonte de luz síncrotron do Brasil, atualmente em fase de testes no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

Natural de Curitiba, se formou inicialmente em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, em 1974. Entre 1976 e 1979, fez o Doutorado em Física no King´s College University of London. Depois, se tornou professor no curso de Física da UFPR, e ali iniciou atividades no Grupo de Óptica de Raios-X e Instrumentação (GORXI), depois renomeado para Laboratório de Óptica de Raios-X e Instrumentação (LORXI), ainda em funcionamento naquela universidade. O passo seguinte em sua trajetória acadêmica foi a transferência para o Instituto de Física e Química da USP, em São Carlos. Ele havia sido convidado para o grupo de óptica daquele instituto.

Ricardo se envolveu desde o início com o Projeto Radiação Síncrotron, iniciado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Foi desse projeto que projeto resultaria a criação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), implantado em Campinas a partir de 1987. Sob a sua liderança, uma equipe formada por jovens recrutados em universidades projetou, construiu e passou a operar uma fonte de luz síncrotron, equipamento até então existente apenas em países desenvolvidos. A tecnologia é usada para impulsionar pesquisas científicas em áreas da física, química, biologia, engenharia de materiais e outras.

Foram dez anos de trabalho e, finalmente, em 1997, o Brasil se juntou ao seleto de países com uma fonte de luz síncrotron. O equipamento, batizado de o UVX, foi o primeiro do hemisfério Sul e operou até 2019.

Em 2001, Ricardo Rodrigues afastou-se do LNLS, mas retornou em agosto de 2009 com a missão de iniciar o projeto de construção de um novo síncrotron – o Sirius. Em dezembro desse ano, já com um câncer diagnosticado em meados do ano, Ricardo Rodrigues viu a Fonte de Luz Sirius em fase de testes bem-sucedidos de funcionamento, inclusive com um experimento-teste para obtenção de uma imagem tomográfica, comprovando o sucesso do projeto, que coordenou até poucos dias antes do seu falecimento.

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