MURILO FERREIRA RENUNCIA À PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DA PETROBRÁS, ENQUANTO BENDINE SE OCUPA COM CONSELHO DA BRF

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, deixou definitivamente o conselho de administração da Petrobrás, onde ocupava a presidência, mas já estava licenciado desde setembro. A decisão já era esperada pelo mercado e o acidente da Samarco em Minas agilizou sua saída, já que a Vale é uma das controladoras da mineradora e a situação demanda mais atividade da empresa.

Apesar disso, deve estar faltando trabalho na Petrobrás, já que o presidente da estatal, Aldemir Bendine (foto), assumiu em setembro uma vaga de conselheiro observador no conselho de administração da BRF, do setor de alimentos. Curiosa é a informação, publicada pelo jornal Valor Econômico, de que Bendine foi parar lá quando convidou o presidente da BRF, Abílio Diniz, para ocupar uma vaga no conselho da Petrobrás. Ao invés de sair com um nome para uma vaga, saiu com uma vaga para seu nome. Diniz alegou falta de tempo e, ao tratarem da cadeira na BRF em representação ao Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás que detém ações da BRF, convidou Bendine para a vaga. Este, por sua vez, apesar da situação complicadíssima por que passa a Petrobrás, não usou o mesmo argumento de Abílio Diniz e aceitou ocupar a cadeira.

Enquanto isso, o conselho da Petrobrás continua sendo presidido pelo conselheiro Luiz Nelson Guedes de Carvalho, que assumiu interinamente após o pedido de licença de Murilo Ferreira, em 14 de setembro de 2015, e permanecerá na ocupação até a próxima reunião do colegiado, quando o Conselho pretende avaliar a situação.

Bendine assumiu a presidência da Petrobrás no início do ano, após a saída de Graça Foster, e fez poucas aparições públicas de lá para cá. Nos últimos dias, teve o nome citado na gravação que levou o senador Delcídio Amaral à prisão, mas sem ser alvo de acusações. No áudio, o advogado Edson Ribeiro, que defendia o ex-diretor Nestor Cerveró e agora também está preso, diz que Bendine é “a Rainha da Inglaterra” na empresa, enquanto Delcídio afirma que é a presidente Dilma Rousseff quem despacha na Petrobrás.