NEOCHARGE ANUNCIA NOVO CEO, PLANEJA AUMENTAR RECEITA EM 10 VEZES E AMPLIA PRESENÇA EM MOBILIDADE ELÉTRICA

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

De olho no futuro potencial do setor de mobilidade elétrica no Brasil, a empresa NeoCharge – que faz parte do grupo NeoSolar – está fazendo novos movimentos para garantir um lugar de destaque nesse mercado. Um dos passos nesse sentido foi a contratação do executivo Diogo Seixas para assumir o posto de CEO da empresa. A meta do novo líder da companhia é liderar o processo de spin-off da NeoCharge dentro da NeoSolar. Além disso, outro objetivo é o ambicioso plano de multiplicar por dez a receita da empresa nos próximos três anos. Anteriormente, a companhia tinha um foco exclusivo na distribuição e revenda de equipamentos de recarga. Seixas explica que a ideia agora é expandir os negócios para as atividades de serviços de recarga. “Além de revender equipamentos para outras empresas ou clientes, vamos passar a ter uma rede própria de infraestrutura de recarga”, explicou. “Vamos trazer essa ideia de que podemos ter tanto a nossa infraestrutura de recarga própria, com a marca NeoCharge, como também construir uma infraestrutura de recarga para os nossos próprios clientes”, acrescentou o executivo. A empresa já fez um projeto nessa linha de negócios para a gigante do comércio eletrônico Mercado Livre e já trabalha em novos contratos com outros clientes. Seixas falou ainda sobre o atual momento do mercado de veículos elétricos no Brasil e projetou o futuro desse setor no país.

Quais serão as suas principais metas no cargo de liderança da empresa?

A empresa NeoCharge, do grupo NeoSolar, não tem por hábito divulgar seus números internos. Não somos uma empresa de capital aberto. O que de fato a companhia pode divulgar para o mercado são as questões de metas de crescimento e de conquista de mercado. Nesse sentido, nosso plano de crescimento é multiplicar a receita da empresa em dez vezes nos próximos três anos. É um objetivo bastante arrojado. Contudo, com a nova estrutura, a nova equipe e com esse foco que estamos trazendo para a empresa, acreditamos que vamos conquistar esse objetivo. Nesses poucos meses desde que cheguei à empresa, já estamos conquistando alguns degraus bem importantes para essa trajetória. 

Como será o planejamento da empresa para conquistar esses resultados?

Eu entrei na empresa em janeiro de 2022, quando decidimos fazer um processo de spin-off. A NeoCharge passará a ter uma vida própria, um corpo independente da NeoSolar. Antes de janeiro de 2022, a empresa tinha um foco exclusivo na distribuição e na revenda de equipamentos de recarga. Obviamente, vamos continuar com essa atividade.

A grande novidade para a NeoCharge será justamente entrar em uma nova área de negócio: serviços de recarga. Ou seja, além de revender equipamentos para outras empresas ou clientes, vamos passar a ter uma rede própria de infraestrutura de recarga. É um modelo que se inspira muito na história da ChargePoint, da Califórnia, que é uma das grandes referências globais. 

O que pretendemos fazer é uma tropicalização desse modelo. Vamos adaptá-lo para a nossa realidade local aqui no Brasil. Estamos com a ideia de que podemos ter tanto a nossa infraestrutura de recarga própria, com a marca NeoCharge, como também construir uma infraestrutura de recarga para os nossos próprios clientes.

Gostaria que comentasse também como está a prospecção de novos projetos dentro dessa linha de negócio.

Já temos um caso de bastante sucesso. A NeoCharge fez a primeira infraestrutura de recarga para o Mercado Livre, que comprou uma frota de furgões e vans elétricas. Entregamos tanto o equipamento quanto o serviço de instalação e gestão. A plataforma que o Mercado Livre utiliza para gerir esse processo de recarga também é da NeoCharge.

O que pretendemos a partir deste ano é crescer ainda mais nessa atuação. Nós já temos outros clientes com projetos do tipo em implantação, mas infelizmente ainda não posso divulgar os nomes dessas empresas. O que eu posso antecipar é que temos muitos clientes grandes dentro dessa área de serviço de recarga.

Poderia falar sobre o momento atual do mercado de veículos elétricos no Brasil?

Antes de falar do mercado, é importante diferenciar veículos elétricos de veículos eletrificados. O veículo eletrificado tem um motor elétrico e uma bateria de pequeno porte. Contudo, ele não permite a recarga dessa bateria com uma fonte externa. Esse tipo de veículo fica de fora das estatísticas, porque não oferece os grandes diferenciais dos veículos elétricos em termos de independência energética e ganhos para o meio ambiente.

Falando agora especificamente dos veículos elétricos, existe uma subdivisão. Existe o carro elétrico puro, que só dispõe da bateria e não oferece a opção de ser abastecido com combustível. E também existe o elétrico híbrido plug-in, que possui um motor a gasolina e outro elétrico, com a opção de recarregar a bateria na tomada.

Vemos um crescimento muito acelerado nas vendas desses veículos aqui no Brasil. Essa alta acontece tanto nas vendas do elétrico puro quanto no elétrico plug-in. Sendo que a venda dos veículos elétricos puros está crescendo em um ritmo maior. Em números absolutos, o híbrido plug-in ainda é mais vendido do que o elétrico. Mas rapidamente isso vai mudar, porque o veículo totalmente elétrico tem crescido em uma taxa muito maior e mais rápida. Isso é uma tendência verificada no Brasil e no mundo como um todo.

A substituição da frota de veículos movidos por combustível por automóveis elétricos gera sempre um debate sobre uma possível necessidade de aumentar a geração de energia. Quais são suas considerações sobre esse ponto?

Esse é um assunto bastante polêmico, que gera muitas dúvidas. Esse era um receio que alguns mercados possuíam décadas atrás, quando se começou a falar de veículos elétricos para uso urbano. Com o próprio tempo, o crescimento do mercado e os estudos acadêmicos mostraram que isso é um grande mito. 

É importante lembrar que o carro elétrico é três vezes mais eficiente do que um carro movido a combustão. Em um veículo movido a combustão, apenas 30% do combustível vira energia cinética. Todo o resto é perdido na forma de energia térmica. No carro elétrico, por sua vez, 95% da energia é transformada em movimento.

Outro ponto que precisamos entender é que o combustível fóssil é extremamente intensivo em energia. A produção desses combustíveis envolve extração de petróleo, refino, transporte, estocagem, transferência para postos… todo esse processo usa muita energia elétrica, que vai sendo desperdiçada em toda a cadeia. A partir do momento que alguns usuários começam a migrar para os veículos elétricos, isso significa que a demanda por combustíveis vai ser reduzida. Consequentemente, o consumo energético será reduzido.

Mesmo em uma situação hipotética, na qual todos os consumidores comprassem carros elétricos, não faltaria energia. Alguns estudos mostram que se 100% da frota fosse convertida, de uma hora para outra, a demanda energética extra seria de 3% a 5%. Isso não é nada, porque nosso sistema elétrico cresce mais do que isso de forma orgânica – já que indústrias, residências e comércios investem na expansão de energia elétrica todos os anos. O que eu posso falar, com toda a certeza acadêmica, é que não vai faltar energia por causa da eletrificação da frota. Pelo contrário. A minha expectativa é que a demanda por energia elétrica deve cair, justamente por conta da eficiência energética dos veículos elétricos.

Por fim, qual a visão de futuro da NeoCharge em relação ao mercado brasileiro?

Felizmente, estamos bem posicionados no mercado brasileiro. Já somos os maiores revendedores e distribuidores de carregadores para veículos elétricos no Brasil. Dentro desse mercado específico, temos uma atuação muito forte tanto na pessoa física quanto na pessoa jurídica. Olhando para o comportamento global, de 80% a 95% das recargas de veículos elétricos são feitas nas residências. O segmento de pessoa física é um grande filão de consumidores que vão comprar carregadores para as suas residências. Com certeza, vamos manter essa liderança.

Na parte de pessoas jurídicas, também somos referência na instalação de infraestrutura de recarga para empresas e pretendemos continuar em primeiro lugar. Conquistamos a maior parte desses contratos pela reputação da nossa marca, pela força da NeoSolar e pelo fato de o grupo existir há mais de 10 anos. Isso dá mais segurança para os clientes.

Por fim, na nova área de serviços de recarga, temos um número maior de competidores e uma diluição maior do mercado. É um mercado mais difícil e regionalizado. Quando você fala de serviço de instalação e atendimento de manutenção, é comum que clientes procurem por soluções em seus arredores. A NeoCharge pretende capturar esse mercado e alcançar o primeiro lugar do setor. Por isso, queremos ter presença em todas as capitais de todos os estados – e, a partir daí, atender também cidades do interior.

Já começamos com um plano estratégico voltado às regiões Sudeste e Sul, porque já estamos geograficamente posicionados nessas áreas. Além disso, a maior parte dos veículos elétricos é vendida nesses mercados. Queremos começar por essas regiões e depois alcançar outras direções do país. Apesar de o Brasil ter uma dimensão continental, queremos abraçar todo o país, mirando sempre o primeiro lugar do mercado.