NIPLAN VÊ OPORTUNIDADE DE EXPANSÃO NA AMÉRICA LATINA EM CONJUNTO COM A ESSENTIUM

A Niplan tem grandes ambições com o mercado brasileiro, mas também projeta expandir suas atividades para o exterior. Recentemente foi anunciada a associação com o grupo espanhol Essentium, cujo interesse é entrar no Brasil com força e atuar bastante na área de infraestrutura. É a partir dessa troca de interesses e possibilidades que a companhia brasileira deve ampliar seus serviços para países como Venezuela, Cuba, México, entre outros da América Latina. O presidente da empresa, Paulo Nishimura, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou um pouco sobre o surgimento da associação e os planos daqui para frente.

Como começaram as conversas que geraram a associação entre a Essentium e a Niplan?

As conversas começaram há um ano e pouco atrás, fomos evoluindo e os interesses foram se aproximando, quando vimos que tínhamos muita sinergia. Eles são um grupo que tem uma empresa chamada Assignia, focada na área de construções e infraestrutura, estradas, pontes, trens, aeroportos, etc. Enquanto nós somos uma empresa focada no segmento industrial e com um projeto de crescimento. Então houve o interesse dos dois lados, já que eles estavam buscando investir aqui no Brasil e na América Latina, com uma base operacional para a área industrial, e nós queremos crescer e internacionalizar nossas atividades.

Quais serão os focos de atuação daqui para frente?

Daqui para frente os objetivos continuam sendo óleo e gás, offshore, energia, mineração, siderurgia, enfim, grandes projetos industriais, abrindo agora uma possibilidade de atuar na área de infraestrutura. Além disso, um novo foco é a internacionalização na América Latina, onde eles já têm negócios, principalmente em países de língua hispânica.

Quais são os projetos em óleo e gás que a empresa tem em vista?

No Brasil, as áreas em que a Petrobrás atua, como as unidades de refino, tratando-se de onshore, e os projetos crescentes de offshore. Também estamos com projetos voltados para o mercado energético, e devemos fazer parcerias com alguns epecistas. Pretendemos atuar também na Venezuela, de olho na demanda gerada pela faixa de Orinoco, onde poderemos aproveitar a presença da Essentium, que já tem projetos para a PDVSA. Também devem surgir algumas coisas em Cuba e no México.

Como está o projeto do estaleiro de Aratu, na Bahia?

Na fase final da licença ambiental provisória. A expectativa é que nos próximos 60 dias ela esteja pronta, para então começarmos a construção. A ideia é fabricarmos módulos para FPSOs, além de barcos de apoio e manutenção.

Houve algum passo da Petrobrás para falar dos módulos que ainda faltam para os replicantes? Ainda há expectativa?

Não. Acho que já devem estar definidos pela Petrobrás os replicantes que ainda faltam.

Tem planos de fabricar módulos para outras empresas além da Petrobrás? Há algum contato do tipo em andamento?

Temos planos, mas no momento estamos concentrados na construção do estaleiro, que deve demandar cerca de R$ 100 milhões em investimentos. Enquanto não tivermos toda a documentação legalizada, fica um pouco complicado. Prefiro ter essa documentação firme para tocar o projeto para frente. A expectativa é que ele fique pronto em um ano, um ano e meio, a partir do início das obras, pois será um estaleiro de porte médio.

A Essentium demonstrou muito interesse no setor de construção naval?

Eles têm bastante interesse em expandir a atuação nessa área e talvez partir para algum outro projeto aqui no Brasil, quem sabe de outro estaleiro de porte maior. Não posso afirmar se por aquisição ou montagem de um novo, ainda não tem nada, são especulações.

O que acharam do Plano de Negócios da Petrobrás para 2012-1016?

Um pouco preocupante, porque posterga alguns projetos onshore, como as Premium I e II. Acho que essa postergação é preocupante para nós que temos uma dependência de negócios com os clientes.

Como estão vendo o ano de 2012 para a construção e montagem no Brasil?

É um momento preocupante, de modo geral, tanto no mercado privado, quanto no estatal, pois está havendo uma retração nos investimentos para o ano que vem. Estamos preocupados porque a situação mundial está chegando ao Brasil. O nível de crescimento do país está caindo.

Quais foram os setores que demandaram mais projetos este ano?

Nosso back log hoje é 80% do mercado privado, e 20% da Petrobrás. O maior foco hoje é mineração e siderurgia. Os grandes projetos que estamos executando este ano são para Vale, Arcelor Mittal e Samarco. Cresceu muito o back log em termos de mercado privado. Voltamos um pouco à nossa origem, já que nosso crescimento maior sempre foi no mercado privado.

A Niplan tem interesse em atuar também no projeto básico de obras do setor de óleo e gás?

Não somos uma empresa de projeto básico. O que fazemos, quando tem algum pacote EPC, é um projeto de detalhamento. Mas queremos expandir isso. Já temos uma equipe de engenharia para atender às necessidades internas de projetos em que só há construção, e também quando os projetos exigem fornecimento e detalhamento. Temos interesse e estamos crescendo aos poucos internamente com essa equipe.

Como a área de projetos pode ser reforçada no Brasil?

O projeto básico depende de tecnologia. Acho que o Brasil, com as companhias de engenharia e projeto, tem uma tendência a se unir a grupos estrangeiros para isso.

A Petrobrás poderia incentivar mais o desenvolvimento do projeto básico no país?

Acredito que pode. Isso é um negócio que a Niplan tem interesse em entrar e fazer. Para isso, teríamos que nos unir a empresas detentoras de tecnologia. Ainda é um projeto, que pode se fazer nas áreas de óleo e gás, energia etc, por meio de parcerias específicas.

Vocês têm interesse em atuar no mercado de energias renováveis?

A Essentium é operadora de plantas de geração na Europa e nós pensamos em investir em energias renováveis. São investimentos de porte menor, mas, pela natureza do Brasil, os investimentos nesse segmento são propícios. É um projeto que temos para o futuro.

A busca por mão de obra qualificada tem sido mais fácil de um ano para cá, ou continua complicada?

Houve uma mudança. Agora temos mais disponibilidade de mão de obra qualificada, exatamente em função dessa caída nos investimentos. Hoje tem um pouco mais de mão de obra disponível do que há um ano e pouco atrás.

Quais são as expectativas para o fechamento do ano?

Esperamos fechar o ano com algo em torno de R$ 600 milhões de faturamento. A área de óleo e gás deve representar 20% do faturamento, sendo os outros 80% em mineração, siderurgia, química, automobilística etc.

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