NOMES DE PESO DA INDÚSTRIA DESTACARÃO A IMPORTÂNCIA DA NUCLEAR PARA O SISTEMA ELÉTRICO DURANTE EVENTO DA ABDAN

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

NT2E

Luiz Carlos Ciocchi, Reive Barros e Thiago Barral participarão de painel sobre o papel da energia nuclear no Brasil

Mesmo ainda respondendo por uma fatia pequena da matriz elétrica nacional, as usinas nucleares brasileiras desempenham, historicamente, um importante papel na segurança energética do país. Em 2001, na Crise do Apagão, o início da operação de Angra 2 naquela altura foi fundamental para a gestão da crise. Passados 20 anos, o país vive um novo momento desafiador na geração de energia, evidenciando mais uma vez que o investimento na geração nuclear é necessário. Esse será um dos principais debates da conferência internacional Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E), organizado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan) e agendado entre os dias 27 e 29 de julho. Além de presenças de figuras internacionais, o evento também já confirmou a participação de nomes de peso da indústria nacional, como o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, e do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral. As inscrições para a NT2E podem ser realizadas nesse link.

Figuras centrais no planejamento e na gestão do setor elétrico brasileiro, Ciocchi e Barral participarão do painel “O Papel das Nucleares no Mercado de Energia”, no segundo dia da programação da NT2E (28 de julho). O diretor-geral da ONS falará do papel das nucleares no sistema elétrico brasileiro. Já o presidente da EPE abordará a função dessas usinas na matriz energética brasileira. O moderador técnico desse debate será outra personalidade de destaque do segmento: o diretor de engenharia da Chesf, Reive Barros dos Santos. Até setembro do ano passado, Barros era o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético e teve protagonismo na elaboração do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050.

Ilustração da Central Nuclear da Eletronuclear já com Angra 3 finalizada

Ilustração da Central Nuclear da Eletronuclear já com Angra 3 finalizada

Ao Petronotícias, Barros lembrou que o Brasil tem um potencial nuclear importante e ressaltou que essa é uma fonte de geração de base, o que traz maior segurança elétrica para o sistema. “Em primeiro lugar, temos disponibilidade do combustível nuclear. Em segundo, o país tem o domínio do enriquecimento do urânio. Por fim, em terceiro, o Brasil possui experiência consagrada na manutenção e operação de instalações nucleares”, analisou.

Como já é de conhecimento do mercado, o PNE 2050 apontou que o país poderia construir de 8 GW a 10 GW de novas centrais nucleares no horizonte de 30 anos. Para o diretor de engenharia da Chesf, essa indicação é importante não apenas em termos de geração, mas impacta ainda outros segmentos relacionados à tecnologia nuclear. “Estamos sinalizando para o Brasil e para o mundo a retomada do Programa Nuclear Brasileiro. Isso enseja a necessidade de voltar a desenvolver pesquisas. A usina nuclear é uma ancoragem dos demais programas que serão desenvolvidos – medicina, agricultura, pesquisa, etc.”, declarou.

Até 2030, a capacidade instalada no Brasil é estimada em 236 GW. Para Reive Barros, 10 GW de nova geração nuclear é um número até tímido, tendo em vista que a fonte corresponderia a menos de 5% do total. Mesmo assim, a retomada da construção desse tipo de empreendimento, mesmo em números mais conservadores, será importante para estimular o setor. “Uma vez consolidando esses 10 GW, tendo em vista as questões de mudanças climáticas e a necessidade de descarbonização da economia, eu vislumbro uma oportunidade maior para implantação de um potencial acima desses 10 GW”, analisou.

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Alexandre Viana e Ney Zanella também participarão do painel do dia 28 na NT2E

Barros concluiu dizendo que a geração nuclear, por ser de base, pode ajudar a recuperar os reservatórios, que hoje estão em situação crítica: “Nós observamos o comportamento da hidrologia. Devido às mudanças climáticas, estamos com um menor nível de armazenamento de reservatório. Portanto, as fontes de geração na base são importantes”.

O painel terá ainda a participação do diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana, que falará do novo mercado do setor de energia no Brasil sob a ótica do impacto das nucleares. Fecha a lista de participantes o Assessor Especial de Gestão Estratégica do Ministério de Minas e Energia, Ney Zanella. Ele abordará a construção de caminhos para o país erguer suas novas centrais nucleares. O painel contará com a participação do jornalista Rodrigo Polito, da MegaWhat.

O presidente da Abdan, Celso Cunha, também falou ao Petronotícias sobre a importância do tema que será debatido nesse painel. É preciso discutir os critérios das fontes que serão escolhidas dentro da nossa matriz no futuro. O PNE 2050 já aponta uma quantidade de energia para as centrais nucleares. Mas o PNE é algo mutante. Ninguém contava, por exemplo, com a aprovação da privatização da Eletrobrás e a contratação de [8 GW de] térmicas a gás. Houve uma mudança enorme em todo o planejamento”, destacou.

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O presidente da Abdan, Celso Cunha

O presidente da Abdan também ressaltou um segundo painel que fará parte da programação da NT2E, no dia 29 de julho, abordando a questão da escolha de novos sítios nucleares no Brasil. “O próprio PNE 2050 aponta para 8 GW a 10 GW de novas usinas nucleares. Mas onde vamos instalar essas unidades? Quais serão os critérios para escolher esses locais? Não estamos falando só de critérios físicos, mas também de logística e rede. São muitos pontos que precisam ser analisados até chegarmos ao melhor local para instalar novas centrais”, concluiu.

Como já mencionado, além de nomes do Brasil, a NT2E terá participações de membros da indústria internacional de energia. Do exterior, estão confirmadas as presenças do diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi; e do vice-diretor geral da entidade, Mikhail Chudakov. Outro nome estrangeiro importante será o da diretora geral da World Nuclear Association (WNA), Sama Bilbao y León, que também estará na NT2E.

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