NORD OIL&GAS PLANEJA NOVAS PERFURAÇÕES ONSHORE EM SERGIPE

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –

Marcos LopesO mercado de exploração e produção onshore no Brasil vem passando por uma fase complicada, na avaliação do diretor da Nord Oil & Gas, Marcos Lopes, que deixou a presidência da ETX Drilling em novembro do ano passado. Quando saiu da empresa, ela contava com cerca de 100 funcionários, tendo chegado a mais de 600 empregados há poucos anos, vitimada pela baixa demanda de sondas terrestres atual. Lopes agora, em nova aposta, está retomando a produção de quatro poços da Nord em Sergipe, onde a empresa possui dois campos. A previsão é que a partir de 2015 sejam iniciadas novas perfurações nas áreas, com investimento estimado em US$ 12 milhões, para chegar a uma produção média de 1,5 mil barris por dia. O executivo diz ter interesse em participar em novas rodadas de licitações da ANP, mas critica a forma como elas têm sido feitas: “Não dá para ter na mesma competição empresas pequenas, independentes e a Petrobrás”, diz.

Como foi sua saída da ETX?

Eu era o CEO até novembro do ano passado e me desliguei da empresa, para me focar em outras operações de exploração e produção. Minha saída se deu basicamente pela falência do mercado de sondagem terrestre. É um mercado que está em absoluta e franca decadência. As produções, principalmente da Petrobrás, caem a cada dia em terra e isso vai diminuindo a demanda por sondas de perfuração e de manutenção (work-over). Obviamente, com esse problema e todos os problemas em geral da Petrobrás, ela começou a aplicar uma política de arrocho em cima das empresas de sondagem terrestre, haja vista que inúmeras estrangeiras foram embora do Brasil, como Saipem, BCH e Calmena, e algumas brasileiras acabaram. A Petrobrás cancelou diversos contratos, inclusive com a ETX, numa nítida diminuição na demanda de sondas.

O que levou a esse cenário no mercado onshore?

Primeiro os leilões, que ficaram cinco anos parados, então não tinham novos blocos a serem explorados. E mesmo o programa de desenvolvimento de blocos de rodadas de antigas tiveram os programas exploratórios diminuídos sensivelmente pela Petrobrás. Sem contar as outras empresas de exploração que também tiveram problemas, como a HRT, que enfrenta dificuldades na Amazônia, e a Petra, que parou de perfurar em Minas.

Não há novas oportunidades surgindo com os resultados da 12ª rodada?

A rodada nova não gerou quase nada. Uma sondinha aqui, outra ali. As bacias existentes são maduras, no Espírito Santo, Sergipe, Rio Grande do Norte, e os programas de desenvolvimento nessas bacias foram praticamente abandonados. A ETX tinha três sondas de perfuração contratadas pela Petrobrás, ela cancelou os três contratos e não colocou nenhuma outra para substituir. A ETX tinha uma grande equipe, chegou a ter mais de 600 empregados e agora tem menos de 100. É uma situação que tem acontecido com a maioria das empresas de sondagem terrestre.

Qual seu novo projeto?

Estou na Nord Oil & Gas, que tem dois campos produtores em Sergipe. Temos quatro poços perfurados, dois em cada campo, e devemos retomá-los a partir de agosto, para fazer o programa de desenvolvimento. No momento eles não estão produzindo e precisam passar por intervenções, mas são procedimentos simples, sendo que os dois já tiveram comercialidade declarada.

Além destes poços, há planos de novas perfurações?

Sim, vamos furar outros poços lá em breve. Pelo menos mais quatro poços em cada campo, para produção. Como são poços de desenvolvimento, as chances de acerto são maiores. De 60 a 90 dias é o período de intervenções para a retomada dos quatro poços. Nesses quatro devemos chegar a uma produção de 300 barris por dia. Com o desenvolvimento todo, com seis poços em cada campo, estimamos que a produção chegue a 1,5 mil barris por dia.

Qual o investimento previsto nessa nova fase?

Algo na ordem de US$ 12 milhões. Os novos poços devem ser perfurados a partir de 2015, com previsão de conclusão até o final de 2016.

Como foi a criação da Nord?

Foi em 2005, para a sétima rodada. Temos ambição de participar nas próximas rodadas. Se o desenvolvimento da empresa for realizado com sucesso, queremos levar adiante isso, mas ainda estamos numa fase inicial da empresa. Além disso, a Nord precisa analisar como esse mercado funciona em relação à Petrobrás. É uma coisa inédita a Petrobrás ter poços que produzem dois barris por dia. A produção diminui, mas ela não vende essas áreas. Ela continua querendo ser uma produtora onshore de poucos barris. Amanhã você tem um leilão de áreas onshore, de bacias maduras, como aconteceu em 2013, na 12ª rodada, em que a Nord, uma empresa pequena, independente, vai disputar com a Petrobrás.

Acha que deveria haver alguma mudança na legislação?

Na legislação não sei, mas na visão da Petrobrás. Não dá para ter na mesma competição empresas pequenas, independentes e a Petrobrás. Aonde ela quer chegar?

Não é uma posição política?

Totalmente política. Assim você explica, porque tecnicamente você não consegue explicar uma empresa do porte da Petrobrás ter poços produzindo, 3, 4, 5 barris. Dentro da estrutura gigante dela, aquilo é um prejuízo.

O que você acha que poderia ser feito para melhorar o cenário para as independentes?

Tinha que haver a saída da Petrobrás de pequenas produções terrestres e deixar o mercado independente se desenvolver como deve. Como existe em outros lugares, como nos EUA, no Canadá, na Rússia, enfim, em inúmeros lugares. Porque, quando ela aplica o poder econômico dela, acontece uma puxada de preços para cima e muitas vezes são negócios que podem não valer a pena. Para ela não faz diferença, porque a conta não é feita da mesma maneira que para as independentes, onde cada pequeno poço faz diferença. Então ela pode se dar ao luxo de arrematar poços que para ela não sejam rentáveis, mas que para mim seriam, em função da diferença de custos. Quanto custa para a Petrobrás furar um poço num campo maduro em Sergipe? O triplo do que custa para as independentes. Por causa do tamanho da estrutura dela.

Quais são as perspectivas de negócios daqui para frente?

Depende da política do governo para exploração onshore. Se houver mais leilões e o mercado se aquecer, a gente pretende expandir as áreas exploratórias. Mas como é uma política de governo, não sabemos. Teve um leilão ano passado e ninguém tem nenhuma informação sobre quando será o próximo. Então é difícil falar sobre as expectativas. Esperamos as futuras definições.

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Quais são as expectatativas das empresas para o ano que vem para perfuração e completação de poços ?