NORTE FLUMINENSE SEGUE VOCAÇÃO AGROPECUÁRIA, AUMENTA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL E AGORA JÁ PRODUZ UVAS E VINHOS ESPECIAIS
A série especial de entrevistas Perspectivas 2023 inicia o noticiário desta terça-feira (3) falando de um setor que é a locomotiva do Brasil. O nosso convidado de hoje é o presidente da MPE Participações em Agronegócios, Renato Abreu. Atualmente, a empresa atua na pecuária, na produção de grãos e no setor sucroalcooleiro. Além disso, a companhia também está entrando em um novo segmento: o plantio de uvas para produção de vinhos, em São Fidélis, no Norte do estado do Rio de Janeiro. “Queremos desenvolver a região com essa nova atividade. A primeira safra foi em julho de 2022 e foi muito boa. É algo bem promissor”, afirmou. Para o futuro, Abreu acredita que o agronegócio continuará sendo um grande carro-chefe da economia brasileira, ao gerar empregos e favorecer nossa balança comercial. O entrevistado destaca ainda o potencial positivo que o setor pode trazer para o meio ambiente. A cana-de-açúcar, por exemplo, além de ser matéria-prima para produção de biocombustível, ajuda também a fixar carbono no solo.
– O senhor poderia fazer um balanço das atividades da empresa no agronegócio?
– O agronegócio é uma atividade que sustenta o Brasil há muitos anos. Hoje, o nosso país é o maior exportador de soja e seus derivados, suco de laranja, café, carne bovina e frango. Sem dúvida, o Brasil é o grande alimentador do planeta, produzindo alimentos para 25% da população mundial. Ainda temos potencial para alcançar patamares maiores, principalmente em grãos.
A MPE Participações em Agronegócios atua nos segmentos de grãos (soja, algodão e milho) e pecuária. Além disso, aqui no estado do Rio de Janeiro, estamos atuando também no setor sucroalcooleiro. Somos donos da usina Sapucaia e arrendamos a usina Paraíso – ambas localizadas no município de Campos dos Goytacazes. Especificamente sobre a usina Paraíso, investimos mais de R$ 40 milhões em reformas. O início de operação dessa usina acontecerá neste ano de 2023.
Os nossos investimentos fizeram ressurgir a indústria sucroalcooleira no estado do Rio de Janeiro. A produção de cana na safra de 2015 terminou com cerca de 1,1 milhão de tonelada em toda a região. Em 2022, esse número já passou de 2 milhões de toneladas. O nosso grupo, junto com os parceiros, plantou 18 mil hectares de cana. Nós estamos produzindo açúcar e álcool através de uma parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro).
Além da cana-de-açúcar, também atuamos na produção de camarão. Nos últimos anos, os produtores em todo o mundo enfrentaram a doença da mancha branca, que afeta camarões e outros crustáceos. Mas, agora, estamos convivendo melhor com essa situação. Estamos produzindo camarão e dando resultado, ainda que um pouco abaixo do que poderíamos alcançar. Mesmo assim, já estamos produzindo bem. E, além disso, temos um projeto pioneiro, com mais de mil hectares de lagoas de água salgada, para criação de camarão em cativeiro. Essa é uma atividade na qual estamos acreditando.
– Além dessas atividades, a MPE Agro também está entrando na produção de vinhos. Poderia falar mais a respeito?
– A produção de vinho é uma atividade que, para mim, é uma mistura de hobby com prazer. A nossa vinícola teve a primeira safra em 2022 e conseguimos produzir um vinho de alta qualidade. Os vinhedos plantados nas serras de São Fidélis (RJ), em uma altitude variando de 800 a 1.600 metros, já estão produzindo uvas Cabernet Sauvignon, Shirah e Sauvingon Blanc.
É uma indústria bem moderna, numa antiga região de plantação de café, entre Campos e São Fidélis, num local chamado Bela Joana. A nossa ideia é desenvolver um complexo – além do vinho, pretendemos plantar café e oliva e criar uma queijaria de porte médio/pequeno. Também pretendemos comprar os leites na própria região para beneficiamento em nossa queijaria.
Queremos desenvolver a região com essa nova atividade. Como disse, a primeira safra foi em julho de 2022 e foi muito boa. É algo bem promissor. Conseguimos vinho branco com 14,7% de teor alcoólico e vinho tinto com 14,6%. Nossa intenção é incentivar a região a criar um polo turístico, por meio de novos produtores de vinho. Queremos ser uma vitrine para outros produtores, incentivando e financiando os pequenos produtores da região.
– Qual a importância do agro para o Brasil? E quais são as suas perspectivas para o futuro desse setor?
– Desde que entrei nesse segmento, em 1993, o agronegócio vem segurando o saldo da balança comercial do Brasil. Temos uma perspectiva muito grande em relação a esse setor. O agro vai continuar sendo o carro-chefe do país. Cada vez mais, o mundo vai depender da produção agrícola brasileira. Nós podemos mais que dobrar a produção do país, sem que seja derrubada uma única árvore. Para isso, basta apenas recuperar terras degradadas, assim como estamos fazendo com as uvas em São Fidélis.
O agro não é uma atividade simples, pois demanda muita tecnologia. Hoje, os tratores são monitorados por satélite. A quantidade de adubo é calculada à medida que o solo é analisado automaticamente. Estamos falando de uma atividade altamente tecnológica.
O agro também é um aliado do clima. Plantações de soja, cana e milho, por exemplo, fixam carbono no solo. O agronegócio brasileiro é uma fonte de captação de carbono. Falando especificamente da cana-de-açúcar, ela sequestra carbono durante seu crescimento. Após a sua colheita, é possível fabricar biocombustível (etanol). Enquanto isso, o bagaço da cana serve para cogeração de energia. Muitos produtores rurais já têm um ciclo fechado e são autossuficientes em produção de energia. Com resíduos, como a vinhaça, é possível fazer fertirrigação na lavoura. É um ciclo completo de economia circular, com captação de carbono e produção de biocombustível.
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