NOVA TECNOLOGIA DE GERAÇÃO SOLAR SERÁ APLICADA EM PROJETO PILOTO NO RIO

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Um novo projeto de geração de energia térmica a partir da luz solar será instalado em breve no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ). Será a primeira utilização da tecnologia da empresa suíça TVP Solar no Brasil, onde o sistema atuará de forma híbrida, complementado por gás natural, em um laboratório de 140 metros quadrados, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.

O ex-diretor internacional da Petrobrás, Jorge Zelada (foto à esquerda), que faz parte do conselho de administração da companhia estrangeira, é o responsável pela vinda da empresa ao Brasil, onde planeja construir uma fábrica de painéis solares da nova tecnologia. De acordo com Zelada, o projeto piloto na Coppe pretende ser uma espécie de vitrine da tecnologia para investidores e para a indústria no país, aliando a apresentação da estrutura física à capacidade de análise e de produção de conhecimento da instituição de pesquisa.

O sistema será utilizado para resfriar um laboratório do Instituto Virtual de Mudanças Globais (IVIG), que faz parte da Coppe, onde atuam 30 pesquisadores. Os painéis, do tipo MT Power, com capacidade para atingir até 200°C, vão gerar calor e um chiller de dupla absorção resfriará o ambiente a partir da energia térmica recebida. O sistema contará ainda com o fornecimento de gás natural, que só será utilizado nos momentos em que a geração solar não der conta de atingir a temperatura necessária para o processo de resfriamento.

Serão 50 painéis instalados na parte superior do laboratório, sendo que eles já estão sendo fabricados em Avellino, na Itália, onde fica a fábrica da empresa, e devem começar a chegar ao Brasil em fevereiro, mas o financiamento do projeto, orçado em 130 mil euros (cerca de R$ 417 mil na cotação atual), ainda não está totalmente definido.

O custo dos painéis, avaliado em 30 mil euros pelo gerente de desenvolvimento de negócios da TVP Solar no Brasil, Marcelo Leite (foto à direita), ficará a cargo da própria empresa, mas o objetivo deles é conseguir novos parceiros para o projeto. Para isso, duas negociações já se encontram em estágio avançado e uma terceira deve começar em breve.

A primeira delas se refere a um programa do governo do estado, chamado Fundo Verde, que destina o valor que a UFRJ pagaria de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da energia elétrica para investimentos no próprio campus, em projetos de sustentabilidade. A segunda é relativa a uma empresa de fornecimento de gás natural, que também deve entrar na parceria, e a terceira ainda está em processo de busca de um potencial parceiro, com o objetivo de atrair uma empresa de engenharia, para desenvolver o projeto detalhado.

“Já compramos o chiller na Índia, os painéis estão em fabricação e estamos fazendo uma nova cotação de alguns componentes que podem ser adquiridos no Brasil com preços mais competitivos, porque a cotação total do projeto foi feita na Itália, mas a ideia é que ele entre em operação até o final desse semestre”, afirmou Leite.

A empresa está formalizando a sua criação no Brasil atualmente, onde se chamará TVP Solar Brasil, e Zelada acredita que o mercado nacional, assim como o resto da América do Sul, deverá apresentar muitas oportunidades de negócios para a nova tecnologia. De acordo com o executivo, o painel pode ser utilizado em diversas indústrias onde é necessária energia térmica em processos, como nos setores têxtil, de bebidas, de laticínios, de papel e celulose, entre outros.

“A ideia é fornecer um sistema hibrido ao mercado, a partir de solar e gás natural, por que é o que se mostra mais eficiente. Eu posso até ter um sistema totalmente solar, mas o que queremos é eficiência e, para isso, é preciso que o sistema seja hibrido, já que a luz solar é intermitente”, afirmou.

Em função disso, a parceria com um potencial fornecedor de gás natural no projeto piloto pode vir a se estender para o circuito comercial, caso as indústrias demonstrem interesse pelo novo sistema.

O próximo passo da empresa no país, além da sua criação formal, é conseguir financiamento para a construção da fábrica local de painéis, que deve ficar em um distrito industrial do Rio de Janeiro, e está orçada em cerca de R$ 50 milhões. A expectativa de Zelada e Leite é que as obras comecem ainda no segundo semestre deste ano.