MUDANÇAS NA GESTÃO DA PETROBRÁS AFETAM TRABALHADORES E PODEM LEVAR A GREVE GERAL NOS PRÓXIMOS MESES

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) – 

Deyvid BacelarAs mudanças na gestão da Petrobrás mostram uma empresa mais enxuta e que cada vez mais direciona seus esforços ao mercado financeiro e à obtenção de capital. A Assembleia Geral Extraordinária realizada no início deste mês demonstrou os novos caminhos que deverão ser traçados pela companhia ao longo dos próximos anos, com uma maior participação do conselho na tomada de decisões internas e um cuidado acentuado em termos de governança. A nova direção da empresa vem buscando novas perspectivas de lucro e não tem poupado, sob uma ótica de mercado, os postos de trabalho de milhares de profissionais que já perderam seus empregos devido aos recentes cortes de investimentos, que tendem a se intensificar. Uma visão meramente econômica da estatal pode acarretar mudanças no papel social da empresa, afirma o conselheiro da Petrobrás e representante dos trabalhadores, Deyvid Bacelar, que enxerga as novas mudanças internas de maneira negativa. “Isso se entende como um retrocesso, porque vemos uma empresa de petróleo ser administrada como se fosse uma empresa financeira”, diz Bacelar, que aponta para a possibilidade de uma greve geral dos funcionários da empresa nos próximos meses.

Qual a mudança mais relevante feita pela Assembleia?

A mais relevante é a questão dos suplentes, que vão fazer parte do conselho administrativo. Fora isso, a maior mudança foi no nível de atuação do conselho e da diretoria. Foi realizada uma mudança no poder de decisão da diretoria, passando algumas capacidades para o conselho.

Como funcionaria essa mudança em relação à representação da companhia não poder mais ser feita apenas pelo presidente?

A mudança, na verdade, coloca apenas que a empresa precisa ser representada com dois diretores, no mínimo. Essa é uma questão mais política, não modificará nada em termos práticos.

Como ficou acordada a participação dos comitês nas decisões e o que haverá de novo neste sentido?

Foram criados dois novos comitês, o estratégico e o financeiro. Os comitês são órgãos de apoio ao conselho. Quando são avaliados temas de grande importância, eles passam primeiro pelos comitês e depois vão para o conselho, que decidirá em cima disso. Então continua na mesma, eles não podem fazer deliberações. Mas houve reformulação na composição deles, com a chegada de novos conselheiros.

Quais competências da diretoria executiva foram suprimidas e por quê?

As mudanças reduziram a alçada da diretoria e passaram algumas funções para o conselho. Isso pode ser ruim, porque acaba amarrando demais o processo de tomar decisões, tornando elas mais lentas. Pode haver uma maior letargia. Por outro lado, dá uma maior segurança, porque o processo acaba sendo muito avaliado antes de se deliberar algo. Essa mudança aconteceu devido aos problemas anteriores, quando se dava um poder de decisão muito grande para o diretor.

Como avalia as mudanças realizadas em termos de governança e qual sua expectativa em relação ao trabalho que está sendo feito neste sentido?

Esse exemplo que falamos deixa claro que estão tendo um cuidado maior com a questão da governança. Com essa mudança, dando maiores funções para o conselho, fica claro que haverá um maior controle. E somente pelas três primeiras reuniões já dá pra entender que a empresa vai encolher, com o próprio Bendine tendo declarado que as áreas além do setor de petróleo serão complementares. Isso se entende como um retrocesso, porque vemos uma empresa de petróleo ser administrada como se fosse uma empresa financeira. Eles deixam de lembrar do papel social que a companhia tem, gerando emprego, renda, desenvolvendo a economia brasileira. A empresa passa a viver apenas para dar resposta ao mercado de capital e gerar lucro para os investidores.

Os trabalhadores estão se movimentando de alguma maneira contra esse processo?

Justamente por causa do novo plano de negócios, reduzindo a empresa apenas à área de petróleo, estamos construindo um movimento grevista para o final de agosto ou início de setembro. Esse é um período em que muitas categorias devem culminar em greve, muitas categorias vêm dando essa sinalização.

Veja a atual composição do Conselho de Administração da Petrobrás: Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, Aldemir Bendine, Luciano Galvão Coutinho, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, Luiz Augusto Fraga Navarro de Britto Filho, Roberto da Cunha Castello Branco, Segen Farid Estefen, Guilherme Affonso Ferreira, Walter Mendes de Oliveira Filho e Deyvid Souza Bacelar da Silva. Os suplentes eleitos são Clóvis Torres Júnior, Ivan Monteiro, Dan Antonio Marinho Conrado, Jerônimo Antunes, João Victor Issler, Júlio Cesar Maciel Ramundo, Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis e Gustavo Gattass.

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Ary Bastos
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FIEB DEFENDE INICIATIVA PRIVADA NA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO O coordenador do Comitê de Petróleo, Gás e Naval (CPGN) da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Humberto Rangel, divulgou nota nesta sexta-feira, 24, informando que, embora “legítima”, a preocupação revelada pelo geólogo Antônio Rivas, membro do comitê, sobre o futuro da gestão dos campos maduros de petróleo na Bahia, não representa a posição oficial do órgão e da entidade sobre o tema. Trata-se dos campos que já passaram do pico de produção e que não estariam mais priorizados nos planos estratégicos da Petrobras, agora mais focada na exploração da… Read more »

Ary Bastos
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ELE RECONHECE O CAOS NA EMPRESA E ACUSA O GOVERNO FHC DOS DESMANDOS. O CARA É LOUCO OU COME MERDA!!
https://www.facebook.com/OileGas/photos/a.370747892965110.83991.367832486589984/976545759051984/?type=1&theater
QUANTO CUSTOU?
IMBECILIDADE, INCONSEQUÊNCIA, IDEOLOGIA BARATA E VULGAR!!
https://www.facebook.com/PetrobrasedoBrasil/videos/871731576242941/

abelardo bulhões
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abelardo bulhões

A Empresa tem que se reorganizar. Acredito na lucidez de todos que formam a PETROBRAS. Os interesses políticos já fizeram os seus estragos, agora deixem os técnicos trabalharem. Teremos uma PETROBRAS mais rentável e com uma melhor imagem.

Marco Jusevicius
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Marco Jusevicius

Com todo o respeito ao conselheiro representante dos funcionários, se a empresa der resposta ao mercado e gerar lucro aos investidores, estará fazendo o que deve sempre perseguir e realizar. Empresas de capital aberto são feitas para isso. A conseqüência do resultado e do lucro positivo é o crescimento sustentado do negócio, que vai levar fatalmente a geração de emprego, de renda e desenvolver toda a cadeia de petróleo e gás. Ele não deve esquecer que o principal investidor da Petrobras é o governo federal (que possui o controle acionário da empresa) e, em última instância, todos nós. O lucro… Read more »

Ricardo Maçol
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Ricardo Maçol

Ainda tem gente que perde tempo com essa turma da FUP. Perguntem a ele quantos sindicalistas foram nomeados para cargos gerenciais na empresa, em todas as esferas, sem a menor capacitação para tal.