O QUE ESPERAR DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2015?
O Brasil ainda está impactado com a série de problemas que estão ocorrendo na maior empresa brasileira, motor principal da nossa economia: a Petrobrás. Se ela adoece, o gigantesco mercado de fornecedores em seu entorno sofre com o mal estar. E é o que está acontecendo no mercado de petróleo e gás do país. Uma crise sem precedentes que parece estar longe de terminar e que promete momentos ainda mais dramáticos do que estamos vivendo.
O Petronotícias quis ouvir o mercado. Dar voz a ele para saber como as empresas, instituições e jornalistas estão vendo este momento. Não só na área de petróleo e gás, mas também na área de geração de energia elétrica. Fizemos apenas duas perguntas aos nossos convidados:
1- Como você está vendo as perspectivas para 2015?
2- Qual a sua sugestão para que tenhamos um ano produtivo na economia brasileira?
A partir de hoje, durante os próximos dias, o Petronotícias vai reproduzir aqui as respostas de empresários, e importantes jornalistas formadores de opinião:
George Vidor, experiente jornalista de economia, editorialista e colunista do jornal O Globo, que também atua nos noticiários da Globonews, tem a seguinte opinião:
1 – “Não vai ser um ano fácil, porque enfrentaremos um quadro internacional meio adverso (preços dos principais produtos que o país exporta caíram muito) e há necessidade de vários ajustes internos. Um dos setores que poderiam puxar o investimento, o petróleo, terá mais um desafio pela frente, que é a recuperação das finanças e da imagem da Petrobras, carro-chefe da indústria. No entanto, a sensação dos agentes econômicos será de algum alívio, pois a economia crescerá duas ou três vezes mais que em 2014, embora isso possa significar apenas 1% a 1,5%. Vamos colher também alguns frutos de investimentos em infraestrutura que vêm sendo realizados. Infelizmente será um ano com taxas de juros bem salgadas, porém o desempenho geral da economia em 2015 será melhor que o de 2014, que guardaremos na memória como um ano marcado por más notícias, entre as quais o inesquecível 7×1 da vitória da Alemanha contra a seleção brasileira.”
2 – “Em termos macroeconômicos, ajuste nas contas públicas, o que certamente ocorrerá com a equipe que será conduzida pelo futuro ministro Joaquim Levy. Nesse sentido, deveríamos atrair mais investimentos privados para concessões de serviços públicos, como é o caso do saneamento básico, dos transportes, da infraestrutura em geral. Para evitar o risco de desemprego, seria importante manter o programa Minha Casa, Minha vida nas faixas de renda mais baixa, de um a cinco salários mínimos.”
Malu Gaspar, com grande experiência na Revista Exame, hoje ocupa a função de repórter especial e editora na Revista Veja. Autora de reportagens marcantes, recentemente lançou o livro falando sobre a ascensão e queda do empresário Eike Batista: Tudo ou Nada. A verdadeira história do Grupo X. Veja a opinião dela:
1 – “2015 deve ser um ano de ajuste, não só para a economia brasileira, mas também para o setor de petróleo. A chegada de Joaquim Levy ao comando da Fazenda vai levar a um corte de gastos, ao mesmo tempo em que a Petrobras tem de redimensionar seus negócios em razão das quedas no preço do petróleo e dos abalos causados pelo petrolão. Acho, aliás, que esse escândalo ainda terá vida longa, uma vez que suas ramificações e extensão só começam a ser conhecidos agora. Não vai ser um ano fácil, mas é melhor que seja assim do que se o país continuasse inerte.”
2 – “Em ano de aperto, só há uma saída: buscar mais eficiência. Há espaço para isso na gestão pública e nas empresas. Mas é necessário cortar com inteligência, sem cortes burros, privilegiando soluções criativas que ajudem a manter e quiçá ampliar mercados. Não é fácil, mas é possível.”
Aziz Ahmed, outro grande jornalista, experiente, com passagens pelos mais importantes jornais do país no setor de economia, mostrou-se mais pessimista. Aziz é um ícone do jornalismo do Brasil. Veja a opinião dele:
1 – “Perdi toda a esperança de o Brasil melhorar com essa quadrilha que está aí, mantendo a presidente Dilma como refém. A roubalheira conseguiu destruir a maior empresa do país.”
2 – “Quanto à gente ter um ano produtivo, só colocando os ladrões na cadeia, e criando condições para que os empresários sérios e produtivos possam ajudar o Brasil a crescer.”
Sergio Motta, jornalista e colunista do jornal especializado Monitor Mercantil, é também um especialista na indústria naval. Motta já está mirando em 2016:
1 – “Estou muito preocupado com 2015. A presidente Dilma ganhou a eleição com base no receituário de economia heterodoxa, com muito investimento público e inflação mais ou menos alta e, três dias depois, eleva os juros – e já uma segunda vez. Vem aí um ministro cortador de gastos que nada, nada tem a ver com o PT e com Dilma. Em casos que conheço bem, como as MPs de portos e energia, o governo criou um enorme problema, ao aprovar normas bizarras. Não dá para ser otimista, infelizmente.”
2 – “Não vejo como se ter algo de bom com o PT, Comissão da Verdade que só ouve um lado e corrupção. Se Joaquim Levy puder trabalhar com carta branca, poderemos ter um bom 2016, pois 2015 já está condenado a ser um ano problemático.”
Sônia Araripe fecha esta rodada. Acaba de ser eleita como uma das jornalistas mais admiradas do Brasil, tem passagens pelas mais importantes redações de economia dos principais órgãos de imprensa do País. Hoje dirige a Revista Plurale, talvez a melhor publicação sobre as preocupações com o meio ambiente. Uma criação dela com Carlos Franco, outro grande jornalista. Veja o que ela pensa:
1 – “Apesar de ser sempre otimista, o ano de 2015 não promete ser fácil para a economia brasileira. Os economistas e analistas do mercado financeiro com quem conversamos sempre advertem que será preciso fazer o urgente ajuste fiscal e que as pressões serão cada vez maiores. O cenário externo também terá forte impacto. Sem falar que serão feitas as mudanças na equipe de ministros e em todos os cargos federais e estaduais. Por trás deste cenário há ainda um conjunto de denúncias envolvendo grandes empresas e fundações, com desdobramentos fortes em toda a economia. Assim, o crescimento parece que será novamente baixo. Será importante também avançar nas conquistas sociais e manter o foco na boa distribuição de renda para todos de forma justa e equânime.”
2 – “O bom é que, com nova equipe ministerial e também novos quadros nos Estados, um novo Congresso e diante da forte pressão da sociedade contra a corrupção, será possível solidificar e fortalecer as bases da democracia. O Brasil precisa urgentemente virar esta página da história de práticas lesivas e valorizar a boa política e o correto gerenciamento empresarial expurgando todo tipo de corrupção. Que os bons ventos nos tragam um 2015, senão próspero em crescimento econômico e justiça, ao menos fortalecido institucionalmente com estas boas práticas. Esperamos ainda que a tão sonhada migração para a chamada economia de baixo carbono avance.”
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