ODEBRECHT TEM PREJUÍZO EM 2015, MAS VÊ SEU FATURAMENTO CRESCER PARA R$ 124 BILHÕES MESMO COM A LAVA JATO

A ressaca da Lava Jato parece não ter vindo de vez ainda nas finanças do Grupo Odebrecht, apesar de os sinais já estarem bem claros no horizonte da empresa, que teve um prejuízo de R$ 297,7 milhões em 2015, mas conseguiu fazer sua receita crescer de R$ 95 bilhões em 2014 para R$ 124 bilhões no ano seguinte

O lucro operacional da companhia ficou em R$ 13,65 bilhões, alta de 35% frente ao ano anterior, mas o saldo final negativo se deveu principalmente à oscilação do dólar, fator bem distante das implicações geradas pela força-tarefa de Curitiba, que mantém o ex-presidente e acionista Marcelo Odebrecht (foto) preso há mais de um ano.

Agora, no entanto, as previsões são mais nebulosas, pois a preparação de um acordo de leniência e as futuras consequências nas dívidas do grupo, atualmente somadas em R$ 110 bilhões – sendo boa parte em dólar –, ainda não estão bem definidas e devem impactar significativamente os resultados financeiros das empresas controladas pelos Odebrecht.

Alguns dos problemas em vista são as maiores dificuldades para receber valores devidos por clientes – dentre eles diversas esferas governamentais, que respondem por mais de R$ 22 bilhões dos valores a pagar ao grupo –, a possibilidade de pedidos de antecipação de quitação de dívidas por parte de credores internacionais e de fundos, caso a empresa assuma participação em atos de corrupção – como é esperado no acordo de leniência –, e pelos altos valores que deverá ser obrigada a pagar por conta das descobertas da Lava Jato. O próprio Ministério Público abriu uma ação civil contra a Odebrecht no início deste ano, pedindo o ressarcimento de R$ 7,3 bilhões. Outra ação, proposta pela Advocacia Geral da União, pede mais R$ 12 bilhões das principais empreiteiras envolvidas nos escândalos, incluindo a Odebrecht.

Ainda assim, ao que tudo indica, a companhia acredita que poderá seguir firme pelo maremoto, após a venda de ativos, estimados em cerca de R$ 12 bilhões até meados de 2017, e o equacionamento de suas dívidas.